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ANÁLISE

Construtoras sofrem com custos, mas segmento popular oferece oportunidades

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Rafael Bevilacqua

23/08/2022 08h39

A redução na margem bruta de construtoras e incorporadoras foi um movimento comum nos resultados do segundo trimestre deste ano, mostrando que o setor tem sofrido com o aumento dos custos da construção. Em contrapartida, algumas companhias apresentaram resultados operacionais, como lançamentos e volume de vendas, em níveis superiores aos projetados pelo mercado. Tais lançamentos ocorreram em meio a um cenário de elevações persistentes nas taxas de juros e uma inflação substancialmente alta do Índice de Custos da Construção Civil (INCC).

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Todos os segmentos de construção e incorporação sentiram os choques negativos em suas margens, porém, as empresas com foco em empreendimentos de alto padrão foram afetadas de maneira diferente em relação às que investem em imóveis voltados aos públicos de média e baixa renda.

Enquanto as primeiras foram mais afetadas pelas taxas de juros do trimestre, as duas últimas sofreram com a dificuldade em repassar os custos mais altos. Entretanto, com as mudanças anunciadas pelo governo federal no programa Casa Verde Amarela (CVA), o segmento apresentou novas perspectivas, resultando na melhora das classes abrangidas pelo programa.

As decisões do governo para fomento ao setor reduziram a taxa de juros efetiva, de 8,6% para 7,6% ao ano, para imóveis com valor de até R$ 350 mil. Imóveis com valores que ultrapassem esse teto, mas que possuam valor de até R$ 1,5 milhão, contam, atualmente, com juros de 8,1% ao ano. Dessa forma, o CVA e os financiamentos de imóveis foram estimulados. Contudo, essas medidas fornecem poucos benefícios aos imóveis de alto padrão.

Pensando nos próximos trimestres, alguns elementos sinalizam que os custos da construção podem desacelerar, contribuindo para a estabilização ou até mesmo uma leve retomada das margens.

No primeiro semestre deste ano, os preços do aço apresentaram uma tendência de alta, em meio à guerra na Ucrânia e a perspectiva de retomada da demanda chinesa. Contudo, com os mercados globais tendo se adaptado à mudança de conjuntura promovida pelo conflito no leste europeu e com o setor imobiliário chinês em crise, temos observado quedas no preço do minério de ferro e do aço, elementos que representam uma fatia significativa dos custos da construção civil.

Com as novas dinâmicas no setor, ocorreu uma inversão no movimento das companhias. Enquanto no início do ano empresas de alta e média renda forneciam melhores perspectivas e as cobertas pelo Casa Verde e Amarela sofriam com o repasse de custos, agora, as empresas cobertas pelo programa sinalizam um futuro mais consistente, ao menos no curto prazo.

Tanto pelos resultados quanto pela conjuntura macroeconômica, algumas empresas mostraram dados robustos, com perspectiva de conquistar uma maior fatia de mercado e ampliar suas receitas nos próximos períodos.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.