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OPINIÃO

Leilão de Congonhas mostra que caiu interesse por bens de infraestrutura

Infraero/Divulgação
Imagem: Infraero/Divulgação

Rafael Bevilacqua

22/08/2022 08h59

Após um certame pouco competitivo observado no leilão da última quinta-feira (18), na sétima rodada de concessão de aeroportos, a perspectiva é que tal cenário de baixa demanda por ativos de infraestrutura se mantenha para os próximos leilões até o final do ano. A baixa concorrência pelo aeroporto de Congonhas, ativo de grande porte que acabou atraindo apenas a espanhola Aena, reforça a visão de que a esperança de persistência de um cenário macroeconômico mais adverso deverá afetar a extensa programação de projetos de infraestrutura previstos em 2022-23.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Tal quadro começou a ser delineado ao final do ano passado, com a dificuldade de atração de investidores para o leilão da rodovia Dutra. Na ocasião, apenas o grupo CCR (CCRO3) teve interesse no ativo.

Desde então, a falta de interesse e a aversão ao risco têm se aprofundado, com uma série de leilões precisando ser cancelados às vésperas da data agendada, como o caso do leilão do Rodoanel, previsto inicialmente para abril deste ano. Além destes, demais certames também precisaram ser reformulados, de modo a se adequar a uma nova realidade de maiores custos operacionais previstos.

Por outro lado, há ainda alguns ativos que atraem a atenção de investidores. Como empreendimentos que vêm surpreendendo as expectativas, merece destaque a atração de novos entrantes para os leilões rodoviários do governo de Minas Gerais, apesar da competição ainda contida.

É importante mencionar também o arremate do Rodoanel de Belo Horizonte pela italiana INC, sendo uma surpresa positiva o fato de uma companhia estrangeira entrar no mercado brasileiro em ano de eleição. Além desta, o consórcio Equipav-Perfin, que ficou com as outras duas concessões mineiras, já sinalizou a intenção de se consolidar como nova plataforma para o setor.

A análise é de um momento mais desafiador para o setor de infraestrutura para o curto prazo, o que poderá afetar os preços das ações de empresas como CCR e Ecorodovias (ECOR3). De fato, além de enfrentarmos um quadro de alta inflação e consequente elevação da taxa de juros em todo o mundo, a situação mostra-se agravada no Brasil por se tratar de um ano eleitoral, onde não há perspectivas de andamento de projetos estruturantes, como reformas necessárias, além de observarmos a intensificação de atos populistas no período.

Apesar de cada projeto em particular possuir seus próprios desafios específicos, a percepção geral é que o cenário político-macroeconômico vem sendo o principal responsável pelo adiamento e cancelamento de certames, além de disputas menos competitivas.

Além da dificuldade de entrada de novos investidores em projetos, é importante ressaltar também o impacto que a atual conjuntura macroeconômica exerce nos contratos vigentes, com muitos deles tendo sido firmados em um momento de inflação bem menor, porém com investimentos sendo realizados apenas agora.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.