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ANÁLISE

Itaúsa vai pausar investimentos e segurar dividendos para controlar dívida

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Imagem: Reprodução

Rafael Bevilacqua

18/08/2022 08h49

A holding Itaúsa (ITSA4) se tornou uma das queridinhas dos investidores brasileiros pelos dividendos generosos pagos nos anos que antecederam a pandemia. Contudo, os proventos distribuídos pela holding diminuíram significativamente nos últimos anos, o que despertou certa desconfiança em parte dos investidores.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

A verdade é que a Itaúsa continua tão lucrativa quanto antes, principalmente diante da retomada dos resultados do Itaú, responsável pela maior fatia do lucro da empresa. Contudo, a holding tem focado seus investimentos em companhias do setor não financeiro, buscando diversificar seu portfólio e reduzir a dependência dos resultados do banco. Esses investimentos não são baratos, e resultaram em um aumento do endividamento da companhia.

Soma-se a isso o fato de que, durante a pandemia, o Itaú teve que reduzir significativamente o seu payout, ou seja, a parcela do lucro que é distribuída aos acionistas na forma de dividendos. Isso afetou os resultados da Itaúsa ao longo dos últimos anos, mas a retomada dos bons resultados do Itaú tem viabilizado uma forte recuperação da holding.

Na terça-feira (16), na teleconferência de resultados da Itaúsa, o CEO e Diretor de Relações com Investidores Alfredo Setúbal dividiu com os presentes as perspectivas para o futuro da companhia.

O CEO informou que a companhia deverá interromper seus investimentos por um momento, afirmando que em um ano a postura poderá ser revista, mas que no momento a prioridade é dar tempo de maturação às companhias investidas. Além do Itaú, a empresa possui participação em XP Inc., Alpargatas, Dexco, Aegea, NTS, Copa Energia e agora CCR.

Setúbal afirmou ainda que a holding chegou a analisar recentemente uma eventual entrada na oferta de ações da Eletrobras, mas a necessidade de aporte de R$ 5 bilhões na recém-privatizada companhia elétrica presumia uma nova emissão de dívida, algo não atrativo na visão da companhia.

Além disso, Setúbal afirmou que as companhias investidas, principalmente as do setor não financeiro, estão em processo de redução do seu grau de endividamento. Dessa forma, a Itaúsa permanecerá, por um período três ou quatro anos, distribuindo apenas o mínimo estatutário exigido na forma de proventos, ou seja, 25% do lucro líquido. Após esse período, o CEO afirmou que a companhia deverá operar no patamar de 40% a 50% de payout, mais próximo da média histórica.

A Itaúsa sempre foi uma das primeiras opções do mercado em relação à alocação em companhias estáveis com bom pagamento de dividendos. Com isso, as atualizações de Setúbal, muito voltadas para este aspecto, dão um direcionamento mais concreto dos prazos de restabelecimento do payout histórico e estratégia de aquisições e consolidação de portfólio da companhia.

Com a recente aquisição da CCR, companhia de infraestrutura atuante em concessões públicas, a holding adiciona ao seu portfólio mais um player de extrema relevância no mercado em que atua. Assim sendo, acredito que a companhia está bem posicionada, com um portfólio diversificado e reduzindo cada vez mais sua volatilidade, à medida que gradativamente vem diminuindo a sua exposição ao Itaú.

As ações preferenciais da Itaúsa fecharam em alta de 0,11% na quarta-feira (17), cotadas a R$ 9,50.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.