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ANÁLISE

Você pode estar dando um golpe financeiro em si mesmo sem perceber

Você sabe identificar o autogolpe financeiro? Veja como se livrar dele e mudar seus hábitos - Damir Khabirov/iStock
Você sabe identificar o autogolpe financeiro? Veja como se livrar dele e mudar seus hábitos Imagem: Damir Khabirov/iStock

Letícia Braga de Andrade

02/09/2022 04h00

Tenho encontrado e lido muitas matérias sobre golpes financeiros. A criatividade impera nessa seara! São pirâmides, perfis fake em redes sociais, boletos com código de barras, produtos recomendados sem necessidade, em excesso ou adulterados.

A forma com que tais golpes chegam até nós também varia muito. Usam desde tecnologias mais recentes como WhatsApp e mídias sociais até os mais tradicionais como os Correios. Em comum, todos contam com a sua boa-fé, esperando aquele momento em que você estará mais desatento ou emocionalmente sensível para dar o bote.

Mas o golpe financeiro que mais me dói é também o mais comum. Ele é sorrateiro, sabotador e cruelmente lento. É um crime que só o tempo denunciará e, por isso, ele acaba com a nossa autoestima. Eu o chamo de autogolpe.

A parte boa é que, uma vez detectado, ele é facilmente eliminado. E é com esse objetivo que explico como identificá-lo, travá-lo e, melhor, como se livrar definitivamente dele.

Você já disse ou ouviu a frase: "Nunca sobra dinheiro para guardar"? Essa frase indica o autogolpe. A pessoa sabe que precisa guardar dinheiro, ela já entendeu que seu futuro financeiro depende absolutamente dela. Contudo, suas necessidades de consumo do dia a dia comprometem muito dos seus recursos, e ela passa a acreditar que é impossível guardar algum dinheiro.

Isso faz com que a pessoa se sinta frustrada e comece a questionar sua competência tentando descobrir onde estaria o erro. Para compensar tal insatisfação e buscar algum alívio, é comum que essas pessoas realizem novas compras, aumentando seu endividamento, o que realimenta o processo.

O início da solução é a compreensão de que todos temos recursos finitos, porém necessidades ilimitadas. Então, não há nada de errado em ter essa sensação de insuficiência financeira, ela de fato existe, faz parte da condição humana e não depende de quanto se ganha. Trazer isso à consciência já é tranquilizador.

O próximo passo é travar o processo relatado antes. Para isso, a recomendação é incluir uma nova continha mensal ("inha" de pequeninha mesmo) para começar a guardar dinheiro.

Alguns podem estar pensando: "Mas que valor eu reservo?" ou "O meu valor é muito pequeno!". Bem, eu não me atreveria a indicar um valor, pois isso é absolutamente pessoal, depende exclusivamente das condições da própria pessoa.

Mas, por menor que seja esse valor, ele será o começo da mudança do hábito. Será o início do processo de reeducar-se e mudar o seu comportamento. Além disso, a recorrência mensal aliada ao tempo e aos famosos juros compostos, quando esse valor é investido, darão a sua contribuição.

Atribua um nome a essa nova conta, a intenção é dar uma "cara" para o seu esforço de começar a guardar dinheiro. A minha conta eu chamo de "Suspiro", pelos dois significados: seja o doce feito com açúcar e ovos, seja o ato de respirar aliviadamente.

A partir daí é organizar sua rotina financeira da seguinte forma:

  • Prioridade 1: Pagar as contas atuais
  • Prioridade 2: Guardar algum dinheiro para "suspiro"
  • Prioridade 3: Realizar novas compras e satisfazer outras necessidades

Depois que comento sobre isso, a próxima fala que ouço é: "Mas eu não sei nada de economia! Como vou escolher onde investir meu dinheiro?" Eu respondo: cola em quem sabe. Busque uma instituição financeira que não cobre taxas, que disponibilize materiais educacionais e de consulta gratuitamente, que tenham assessores de investimentos disponíveis para lhe atender. Atualmente existem investimentos a partir de R$ 1 em renda fixa!

Se você identificou alguma pessoa que esteja sofrendo o autogolpe, comente com ela esse texto. Não espere que a crise econômica passe, que o governo mude, nem que você receba um salário maior... Comece agora a mudar seus hábitos financeiros! A solução para o seu futuro só depende de você.

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