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ANÁLISE

Crise ficou pra trás? Veja quais fundos mais renderam no último mês

Research do Pagbank

08/09/2022 04h00

Em um mês marcado por otimismo no Brasil, o Ibovespa experimentou em agosto uma alta que não era vista desde janeiro. O índice saiu no mês de 103.164 pontos para 109.522 pontos, resultando em uma alta de 6,16%, alta apenas 0,82% abaixo da ocorrida em janeiro, a maior registrada no ano.

Na continuidade dos dados do Ibovespa em agosto, vimos entre o dia 2 e o dia 10 a maior sequência positiva de pregões desde março, o que permitiu com que a bolsa ultrapassasse os 110 mil pontos, posição que não era vista desde junho.

Ainda no cenário nacional, o mercado espera a segunda deflação do ano ainda resultado em parte dos cortes de impostos de combustíveis. Caso isso ocorra, seria a segunda deflação consecutiva, reduzindo o IPCA de 12m de aproximadamente 10% para o redor de 9%.

Veja abaixo os melhores fundos multimercado e de ações em agosto. Saiba também o que esperar para o resto do ano.

O dólar fechou em leve baixa em agosto em relação ao real, cotado a aproximadamente R$ 5,18 no fechamento do mês. Já para bolsa americana, diferente do otimismo visto no Brasil, o S&P 500 teve resultado negativo recuando aproximadamente 4,2%.

Ainda no cenário exterior, a crise energética na Europa continua a se agravar devido, entre outros motivos, ao fluxo do principal gasoduto entre a Rússia e a Europa (Nord Stream I) ter sido severamente reduzido, forçando assim que os governos europeus atuem na proteção das empresas e consumidores, no mesmo momento em que a região caminha para uma recessão.

Neste cenário, se destacaram fundos com maiores posições no mercado brasileiro, atuações em juros internacionais e com posições reduzidas ou não direcionais nos mercados de ações globais.

Melhores fundos multimercado

Confira a seguir os dez fundos multimercados com as maiores altas em agosto.

O gestor do Meraki Long Biased que rendeu 6,1% no mês, comenta:

"O fundo Meraki Long Biased tem como objetivo maximizar ganhos a longo prazo e segurar as oscilações do mercado. Este fundo opera majoritariamente comprado em bolsa brasileira, mas também acompanha oportunidades nos mercados externos.

O time utiliza de uma análise fundamentalista para encontrar as melhores empresas setoriais e uma análise macroeconômica para posicionar o portfólio conforme os ciclos de mercado.

Dessa forma, o fundo também procura os melhores mecanismos de proteção que visam garantir a consistência dos retornos e volatilidade controlada. Nesse universo, são levados em consideração principalmente instrumentos como câmbio, derivativos e juros.

Em nossa visão para Brasil, com a dinâmica benigna de inflação e a intenção do Banco Central de parar o ciclo de aperto monetário, a barra para um ajuste residual de 25 bps em setembro parece ser muito alta e acreditamos que o próximo movimento relevante deve ser de queda da Selic no primeiro semestre de 2023.

Dito isso, o fundo está apostando em posições no setor de consumo discricionário, como imobiliário, infraestrutura e varejo principalmente.

Além disso, estamos constantemente procurando por assimetrias entre risco e retorno e acreditamos que nos patamares de preços atuais existem boas oportunidades em diversos segmentos do Ibovespa, o que justifica a nossa carteira mais pulverizada, com 26 empresas.

Surfando na boa performance da bolsa em agosto, o fundo Meraki Long Biased registra alta de 6.07% e, dentre nossas principais posições, HAPV3 esteve entre os destaques, com alta de 18.18%, graças a boa performance via combinação do bom cenário macroeconômico e do forte momento operacional.

Em outras palavras, a aceleração na adição de novas vidas e a diminuição dos impactos do Covid ajudaram na margem, enquanto a concorrência sofreu com pressão de MLR (Medical Loss Ratio). Podemos também acrescentar Cielo, com alta de 24.15% em agosto, entre as principais contribuições para a performance do mês, com forte volume e maior controle de gastos o papel foi uma posição tática para aproveitar o momento positivo e o forte resultado do 2T22.

Para setembro, devemos continuar vendo um arrefecimento da inflação americana com a melhora na cadeia de suprimentos e o alívio nos preços das commodities. Na China a preocupação é em relação ao crescimento. Além da política de covid zero, os números do mercado imobiliário seguem fracos e o crescimento no ano pode ficar abaixo do consenso, atualmente em 3,5%.

Esperamos que mudanças na política de covid zero e estímulos mais significativos só ocorram depois do congresso do partido comunista em outubro. Neste contexto, mantemos apostas em nomes globais cíclicos nos setores de mineração e celulose, que na nossa opinião estão com um desconto acima do justo mesmo considerando os riscos do cenário atual.

Por fim, também se encontra em evidência na carteira da Meraki nomes do setor financeiro, que se beneficiam do atual cenário de juros e inflação, além de serem resilientes em períodos eleitorais. Em agosto fizemos também apostas táticas no setor, que deve ser um dos primeiros a capturar o maior otimismo do mercado passado a volatilidade eleitoral."

Já para o Asa Hedge, a gestora comenta o resultado de 5,1% no mês:

"O fundo multimercado ASA Hedge rendeu 5,10% em agosto com estratégias de alocação majoritariamente focadas no aperto das condições financeiras nos Estados Unidos. Na primeira metade do mês essa estratégia se traduziu em alocações diretamente no mercado de juros futuros.

Após dados surpreendentemente mais positivos do mercado de trabalho americano, as alocações em meados de agosto passaram para posições vendidas nas bolsas dos Estados Unidos, também pensando em um maior aperto monetário a caminho.

O payroll, relatório do mercado de trabalho americano, trouxe o dobro de vagas criadas em julho em relação às estimativas do mercado (528 mil empregos) e a oferta de emprego foi equivalente a duas vagas por desempregado, segundo o relatório Jolts.

A leitura desses dados pelo mercado financeiro em geral foi de uma economia mais saudável, contudo, a equipe de gestão do ASA Hedge interpretou o dado justamente como uma força da atividade econômica que deve chamar o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a trazer mais aperto ao ciclo monetário, o que justifica a alocação vendida em bolsa.

"Fomos superfelizes tanto na alocação do começo de agosto quanto na troca do risco no meio do mês e, como resultado, tivemos um resultado qualitativo muito bom onde quase todas as nossas 'caixinhas' ganharam dinheiro", afirma Filippe Santa Fé, gestor de juros do ASA Hedge.

Sobre as "caixinhas" de alocações, além de obter resultados positivos no mercado de juros e de ações, o ASA Hedge também colheu louros na posição vendida em dólar e comprada em iene, como proteção do fundo. "Foi uma posição tática, que não existe mais", explica Santa Fé.

Para os próximos meses, a visão de alta de juros nos Estados Unidos segue forte na estratégia do ASA Hedge. "O nosso 'case' de juros para cima continua bastante vivo, ainda temos bastante convicção nele. Uma questão mais de curto prazo é qual 'cavalo' utilizamos para essa operação. No momento estamos preferindo usar esse 'cavalo' que é vendido na bolsa americana", afirma Rodrigo Melo, estrategista-chefe do ASA Hedge.

"Daqui para a frente, de modo geral, o fundo está com risco baixo, talvez o menor risco desde o começo do ano. É uma mudança um pouco tática esperando entender o nível no qual a inflação dos Estados Unidos se estabilizará após fazer esse pico", afirma Santa Fé, explicando que essas informações cruciais para entender os próximos passos do Fed devem chegar nos próximos quatro meses."

Melhores fundos de ações

Confira abaixo os melhores fundos de ações no mês de agosto.

Em relação ao desempenho do Forpus Ações Fic Ações, fundo que rendeu 10,3% em agosto, o gestor comenta:

"A desaceleração econômica observada na Europa e China deve abrir espaço para a continuidade da queda de preços das commodities industriais. Acreditamos que isso pode trazer alívio para as margens das empresas de construção civil no mercado local, setor que aumentamos exposição recentemente.

Situação completamente oposta pode ser observada nas commodities agrícolas, onde ocorre recuperação de preço devido às expectativas de seca nos EUA e China.

Voltamos a aumentar exposição no setor de grãos e proteína animal.

O Forpus Ações FIC FIA subiu 10,28% em agosto contra uma alta de 6,16% do Ibovespa no mesmo período. Os destaques positivos do mês foram posições compradas nos setores Financeiro (1,66%), Utilidade Pública (1,66%), Agrícola (1,47%) e logística (1,31%). Os destaques negativos foram posições compradas nos setores de Mineração e Siderurgia (-0,48%) e Educação (-0,10%).

Uma parte importante da estratégia do Forpus Ações são as proteções que o fundo carrega. Nesse sentido, seguimos comprados em opções de venda de dólar e de empresas de tecnologia dos EUA.

Acreditamos que a diminuição das incertezas políticas, uma vez passadas as eleições, deva favorecer os preços dos ativos brasileiros no curto prazo. Estamos bem confiantes no desempenho da bolsa local nos últimos meses do ano."

Já para a gestora Indie, cujo fundo rendeu 10,5% no mês, temos o seguinte comentário sobre o mês positivo de agosto:

"Em agosto a bolsa brasileira descolou dos mercados globais, principalmente dos desenvolvidos que tiveram performance negativa. Globalmente, o receio de novos aumentos de juros na economia americana para conter a inflação continua a trazer volatilidade e maior aversão ao risco. Localmente, os indicadores de inflação foram melhores que o esperado, trazendo alívio na curva de juros.

Além disso, melhores números de atividade econômica e uma boa safra de resultados das empresas no 2º trimestre trouxeram maior confiança para os investidores. No mês, o Ibovespa subiu 6.2%, enquanto o Indie FIC FIA subiu 10.5%. As maiores contribuições positivas para a performance do fundo no mês foram empresas relacionadas aos setores de consumo e serviços financeiros, enquanto as empresas dos setores de materiais e shoppings foram as maiores detratoras.

Ao longo do mês, fizemos alterações pontuais em nossa carteira à medida que a volatilidade do mercado nos permitiu aproveitar melhores assimetrias de retorno. Aumentamos exposição em shoppings e consumo e reduzimos o setor de saúde. Nossa carteira mantém-se bem diversificada e com alto retorno esperado em função de valuations muito abaixo da média histórica."

Para a Trígono Capital, gestora da estratégia Flagship SmallCaps que rendeu 10,5%, temos o seguinte posicionamento sobre o mês de agosto:

"O Fundo apresentou valorização de 10,47% em agosto, enquanto o índice referencial SMLL teve alta de 10,90% no mês. A volatilidade anual, de 25,74%, ficou abaixo do SMLL, de 28,59%. Os principais retornos positivos vieram dos setores de Indústria (4,28%), Tecnologia (2,48%) e Mineração/Metalurgia (2,31%). O retorno negativo veio do setor de Concessão e Energia (-0,09%).

Nosso fundo, com apenas 16 empresas e menor liquidez, deveria ter uma maior volatilidade. No entanto, menor volatilidade e maior retorno contrariam a tese dos acadêmicos e teóricos. Como a menor volatilidade de nosso fundo ocorre desde seu lançamento e sempre concentrada em poucas empresas e setores, evidencia que não é uma mera casualidade, e sim reflete o processo de seleção das empresas e gestão.

Posicionamento atual: O ambiente econômico internacional mostrou sinais de desaceleração na Europa, região fortemente impactada pelos aumentos dos custos de energia gerado pelo conflito Rússia-Ucrânia.

O Banco Central americano mostrou-se novamente firme com o objetivo da inflação, elevando os juros. A China lida com múltiplas dificuldades como a desaceleração do seu setor imobiliário, novos surtos de covid levando ao fechamento de regiões, eventos climáticos como as secas que podem impactar sua produção agrícola, e redução da produção de energia.

A Trígono posiciona-se em setores que se beneficiam deste cenário de restrição energética. A indústria de ferro ligas, eletro intensiva, teve restrição de produção na Europa, com aumento dos custos da energia, estes beneficiam os preços elevados das ligas".

Os fundos foram classificados utilizando dados de mercado fornecidos pela Quantum Finance e foram considerados fundos para investidores em geral de gestão ativa, disponíveis nos principais distribuidores, com mais de R$ 100 milhões de patrimônio líquido, investimento mínimo até R$10.000 e mais de 100 cotistas.

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