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Você investiria em água? Conheça 3 fundos do setor e veja se vale a pena

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/07/2021 04h00

Os recursos hídricos estão ficando escassos e as previsões apontam que 500 milhões de pessoas terão pouco ou nenhum acesso à água daqui a menos de 30 anos. Diversas empresas de tratamento, distribuição e de tecnologias ligadas ao setor podem amenizar essa tendência e por esse motivo despertaram interesse dos investidores estrangeiros e, mais recentemente, dos brasileiros.

Itaú, XP e a casa de investimentos Vitreo lançaram seus primeiros fundos temáticos focados em água. Nem todos foram estruturados pensando no pequeno investidor, porém exigem aportes iniciais pequenos. O do Itaú, por exemplo, pode ser acessado com apenas R$1. Veja abaixo como que fundos são esses, os riscos e se vale a pena investir, segundo analistas ouvidos pelo UOL.

Investimento em sustentabilidade é caminho sem volta

Os investimentos ESG, que financiam empresas comprometidas com questões sociais, ambientais e de governança, estão cada vez mais relevantes e disponíveis para diferentes classes de investidores.

"Mas aqui no Brasil você ainda tem poucas empresas que se enquadram nos aspectos sociais e ambientais da sigla. O investidor entra em fundo ESG achando que vai cuidar da Amazônia, mas na verdade o fundo só está comprando empresas que têm governança corporativa", afirma Alexandre Amorim, gestor de investimentos da ParMais.

Para Bruno Komura, estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, além do comprometimento com questões sustentáveis, o investidor precisa levar em conta se o negócio principal da empresa continua gerando valor.

"Aos olhos do investidor, é bastante importante o comprometimento com o ESG. Mas ele precisa avaliar se isso não vai tirar o foco da empresa na geração de valor do negócio pelo qual ela é conhecida", afirma Komura.

Fundos selecionam empresas diretamente ligadas ao setor hídrico

Segundo analistas, os riscos de investir em fundos temáticos são altos e esse tipo de aplicação pode não ser a mais indicada para o investidor pessoa física.

A vantagem, por outro lado, é justamente o foco em empresas cujos negócios são relacionados à água.

Os fundos de Itaú, XP e Vítreo investem em companhias estrangeiras do setor, aplicando os recursos dos cotistas em ETFs (fundos que replicam índices de ações) ou diretamente nas ações das empresas.

Segundo os números apontados pelas gestoras, esses investimentos têm gerado mais retornos do que as aplicações que são referência para o mercado, como o S&P 500, índice que reúne as 500 maiores empresas do mundo. Veja a seguir como cada um desses fundos funciona.

Itaú Index ESG Água

O fundo temático do Itaú foi lançado em dezembro do ano passado e desde então acumulou mais de 20% de retorno, superando o desempenho do Ibovespa (principal índice de ações da Bolsa brasileira), que apresentou alta de 6,7% no primeiro trimestre do ano.

A carteira do fundo é composta por mais de 50 empresas dos Estados Unidos, Europa e Ásia. São duas frentes de atuação: uma delas, de serviços de água e infraestrutura, a outra, de equipamentos e materiais de água.

É possível ter acesso ao fundo pagando a partir de R$ 1, mas, apesar do aporte inicial baixo, o Index ESG Água é voltado para investidores que têm mais de R$ 1 milhão aplicados no mercado financeiro.

Trend Água Tech

O fundo de água da XP replica um ETF Invesco Water Resources (PHO), negociado na Nasdaq, a Bolsa de tecnologia dos Estados Unidos. Na carteira, estão 36 empresas que oferecem produtos e soluções para o uso responsável da água. O investimento inicial é a partir de R$ 100 e o fundo é voltado ao público em geral.

No material de apresentação do fundo, a XP diz que, somente no setor de saneamento, o mercado norte-americano vale 3,8 vezes mais que o brasileiro e tem 2,8 vezes mais empresas listadas.

Fundo Vitreo Água

"Esqueça o Brasil quando o assunto é água. Aqui as pessoas ainda lavam a calçada com a mangueira", escreveu Jojo Wachsmann, sócio-fundador da casa de investimentos Vitreo, no texto de apresentação do fundo Vitreo Água.

Todas as ações da carteira são estrangeiras e algumas delas também são investidas pelos outros fundos.

O investimento inicial para o cotista começa em R$ 100 e o fundo, lançado poucos dias depois que o Trend Água, da XP, também é aberto para investidores em geral. Do total dos recursos captados, 80% são investidos em ETFs e 20% diretamente em ações das empresas.

O pequeno investidor deve investir?

Segundo Luzia Hirata, diretora de investimentos ESG da consultoria Resultante, ainda que seja possível acessar esses fundos com pouco dinheiro, eles podem não ser tão adequados ao pequeno investidor.

"Quando falamos em ESG, nem todas as regras ainda estão claras. A classificação para esse tipo de fundo está em construção, inclusive na Europa. A fiscalização desse tipo de fundo também está sendo construída", afirma Luzia.

Ela explica que, com a maior relevância do ESG, muitos fundos do tipo foram lançados ou adaptados para o perfil de investidor pessoa física.

"Esse investidor ficou mais propenso a entrar em fundos porque mudou a taxa de juros. Mas eu ainda acho que eles precisam ter mais transparência para o investidor pessoa física, quanto mais informação, melhor", diz a analista.

Alexandre Amorim, da ParMais, lembra que o propósito desse tipo de investimento não é apenas ganhar dinheiro.

"Não são fundos para qualquer pessoa colocar em sua carteira, o que também não tira a atratividade deles. Se você acha que esse setor vai desempenhar acima dos outros, coloca 1% ou 2% da sua carteira, porque estamos falando de um tema muito específico", diz o gestor.

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