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Você pode investir no exterior, mas isso custa muito caro? Vale a pena?

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/12/2021 04h00

Investir em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) e ETFs (Exchange Traded Fund) é uma boa alternativa para aplicar seu dinheiro no exterior. Mas quais os custos e ganhos dessas operações? Como avaliar esses aspectos antes de entrar nisso?

Para explicar esses detalhes, Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, e Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, participaram do Guia do Investidor UOL, série de eventos quinzenais e gratuitos do UOL Investimentos para quem quer aprender a cuidar do próprio dinheiro de forma saudável. Leia tudo sobre o assunto a seguir:

De acordo com Felipe Vella, o imposto para quem investe em ETFs é similar àquele cobrado pelos fundos de ações.

Assim, o investidor deve prestar atenção na declaração do Imposto de Renda. "Dependendo do investimento no ETF, é necessário entender se a alocação de capital foi em renda variável ou renda fixa", disse.

Como funcionam dividendos para BDRs e ETFs?

Pietra Guerra diz que, enquanto o investidor brasileiro está mais preocupado com a distribuição de dividendo pelas companhias, esse ponto é diferente para os americanos. "A gente não vê no investidor [estrangeiro] essa preocupação tão grande em receber dividendos."

Ela diz que, ao ter disponível aquele montante para pagar dividendos, as empresas têm duas alternativas: distribuir para os acionistas ou investir em novos projetos.

"Lá há uma cultura muito mais focada em reinvestimento desse resultado, até para o crescimento da empresa, de fazer outras formas de distribuição para o seu acionista, como a recompra de ações", afirmou.

No caso dos BDRs, antes de voltar para a mão do investidor, as empresas estrangeiras pagam cerca de 4% de impostos.

Vella entende que essa diferença entre os dois mercados acontece também pelo fato de o Brasil não tributar os dividendos das pessoas físicas.

Quando o assunto são os ETFs, Vella diz que há grandes contrastes entre investir no mercados brasileiro e americano.

"Se o investidor faz um aporte no BOVA11 [um dos principais fundos que seguem o Ibovespa], que é um dos ETFs mais comuns por aqui, vários papéis que compõem o fundo pagam dividendos. Mas nesse investimento os ETFs não repassam dividendos aos acionistas, eles são reinvestidos nos papéis", explicou.

Há ETFs ou BDRs mais arriscados?

Para Pietra, o principal risco é o aspecto da liquidez —a disponibilidade imediata do dinheiro. "Não entre em um papel que terá dificuldades para sair no momento em que desejar. Acho que essa é a questão básica comparando com os fundos", afirmou.

Ela diz que a escolha de papéis e setores varia muito de acordo com o perfil do investidor. "Não existe risco exacerbado. Existe risco que não condiz com o seu nível de perfil. Existem inúmeras situações, você pode estar confortável ou não com elas", declarou.

No caso das BDRs, como os títulos estão atrelados a papéis no exterior, ela ressalta que existe tanto a variação da ação como a variação do câmbio.

"Ter exposição a dólar é uma questão positiva. Mas [o BDR] não é uma forma de operar câmbio, e sim uma mais uma maneira de diversificação dos ativos."

Neste sentido, Vella diz que os ETFs são uma saída para investidores iniciantes que não querem riscos. "Os ETFs podem ser mais interessantes por causa da diversificação também por número de papéis. A exposição vale para todo o mercado americano ou chinês", afirmou.

Quanto o investimento global deve ocupar na carteira do investidor?

A resposta a esse questionamento não é simples. Mais uma vez, os analistas dizem que isso varia caso a caso, como entre perfis moderado e arrojado.

No entanto, Vella afirma que, para o investidor "padrão", pode ser interessante ter entre 25% a 30% do portfólio globalizado. "Não só em investimentos americanos, mas internacionais como um todo. Dependendo da vontade de arriscar, eu aumentaria essa exposição, chegando até a superar a exposição ao Brasil", falou.

Para as BDRs, o fator câmbio tem um peso maior na tomada de decisão. Um percentual interessante pode ser entre 30% a 40%. "Eu não cravaria um percentual. Sou a favor de ir aumentando. No início do ano, vimos a retomada de países desenvolvidos, depois foram os mercados emergentes. É importante ter sempre esse olhar global", declarou Pietra.

Por outro lado, a especialista da Clear Corretora diz que é importante o investidor começar a fazer aportes no exterior.

"Pegando o investidor que está dando os primeiros passos, é importante experimentar. Se ele está só aqui no Brasil, faz os primeiros investimentos em ações internacionais, seja BDRs ou ETFs, que são os mais acessíveis pelo volume de entrada", disse.

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