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Dividendos de ações não pagam IR e são uma fonte de renda extra; conheça

Os dividendos vêm ganhando cada vez mais espaço entre os investidores - iStock
Os dividendos vêm ganhando cada vez mais espaço entre os investidores Imagem: iStock

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/01/2022 04h00

Além de acompanhar o vai e vem das ações, os investidores devem ficar atentos a uma outra fonte importante de recursos. Os dividendos são uma parte do lucro líquido das companhias que vão para as mãos dos acionistas como remuneração. Empresas conhecidas por serem boas pagadoras de dividendos costumam ser mais atraentes do ponto de vista do investidor.

De acordo com Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, as pessoas gostam de investir em empresas que pagam bons dividendos pela segurança de ter uma renda extra. "Outro atrativo, principalmente para o investidor iniciante, é que o Brasil é um dos poucos países que não tributa esses proventos", afirma.

Em entrevista ao UOL, especialistas dão detalhes sobre como funcionam os dividendos na prática e como o investidor pode recebê-los.

Lucro compartilhado

Nem todo lucro de uma empresa com ações listadas em Bolsa é compartilhado entre os acionistas. Parte dos recursos é reinvestida, por exemplo, em projetos de expansão. Há ainda situações em que os gestores da companhia decidem pelo pagamento de dividendos acima do lucro líquido —algo bom para o bolso do acionista agora, mas não no futuro, porque a estratégia pode colocar em risco a saúde financeira do negócio e gerar perda de valor da companhia.

As melhores pagadoras de dividendos costumam ser as empresas menos expostas a solavancos da economia, ou seja, que sofrem menos com situações imprevistas —como se viu na pandemia, por exemplo. No entanto, não necessariamente elas são as que apresentam as maiores variações positivas de seus papéis na Bolsa.

Outra característica, segundo Alexandre Brito, da Finacap, é o alinhamento de interesse das companhias com seus acionistas, principalmente com os minoritários.

"Um dos objetivos quando se investe numa ação é crescer com o desempenho econômico-financeiro da empresa e também receber seus proventos como acionista. Para quem compra ações de companhias com essa tradição, a oscilação do preço do papel interfere menos, porque elas seguem lucrando e distribuindo os dividendos", diz.

Para o analista-chefe da Valor Investimentos, Breno Bonani, boas pagadoras de dividendos são as empresas que estão em negócios mais sólidos, como bancos, elétricas, seguradoras, e que conseguem um fluxo de caixa mais previsível.

"São companhias atraentes porque combinam o perfil de atuação em atividades com uma previsibilidade maior dos resultados, o que reflete em menor volatilidade nas ações, e geram um fluxo de renda passivo, às vezes mensal, trimestral ou anual", fala Bonani.

Por que há tanta gente interessada em dividendos?

De acordo com Flávio de Oliveira, head de Renda Variável da Zahl Investimentos, dividendos são um sinal de que a empresa está saudável, com lucro e com uma gestão eficiente, já que consegue ter lucro consistentemente.

"Para o investidor, outro atrativo está no fato de as companhias que pagam dividendos deixam de ser unicamente um ativo para serem geradoras de renda para o investidor", afirma.

Mais um ponto favorável é que, mesmo que o valor da ação recue, o dividendo acaba fazendo uma compensação. Oliveira explica que se a empresa paga R$ 1 de dividendos e o seu papel, que valia R$ 10, caiu para R$ 9,50, por exemplo, ainda assim o acionista tem um ganho. Ele lembra que, da mesma forma, o lucro distribuído potencializa o resultado da ação que está em alta.

Quando são distribuídos

Cabe a cada empresa decidir sobre a frequência com que vai distribuir os dividendos. Por isso o investidor deve acompanhar essa agenda.

A decisão, no entanto, deve ser aprovada pelo conselho de administração na chamada data de declaração —que traz informações sobre quanto será pago por cada ação e em qual data. Os dados são protocolados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O investidor que recebe dividendos pode adotar diferentes estratégias.

É possível usar essa renda para aumentar o patrimônio ao reaplicar na mesma ação e esperar pelo pagamento de mais dividendos ou fazer o aporte em papéis de outras empresas. Quem quiser pode ainda usar esse lucro distribuído pela empresa para complementar a renda ou para custear gastos pessoais.
Valéria Vieira, head de Renda Variável da RB Investimentos

Pagamento de dividendos

Os dividendos são pagos por meio de ações, dinheiro, como Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) ou modalidade especial, conforme o critério da companhia, que credita o valor correspondente na conta do investidor na corretora.

Veja o que significa cada modalidade:

Ações: o investidor recebe os dividendos na forma de papéis adicionais da companhia.

Dinheiro: o valor definido para cada ação é destinado à conta do investidor na corretora.

Dividendo especial: também chamado de dividendo one-time, essa parte do lucro normalmente vem de uma operação excepcional, como a venda de uma subsidiária ou unidade industrial da companhia.

Juros sobre Capital Próprio (JCP): este provento é parecido com os dividendos, mas sobre ele há a incidência de tributação de 15% de Imposto de Renda (IR) retido na fonte. Já a empresa pagadora conta com isenção fiscal, o que viabiliza que ela distribua mais lucro deste tipo. No caso do dividendo, o acionista não paga IR porque a empresa que distribui o lucro já fez o acerto com a Receita antes de repassar o valor ao acionista.

Apostar em empresas boas pagadoras de dividendos não deve ser uma decisão para todos os perfis de investidores, como explica Vella, da Ativa Investimentos. A estratégia deve levar em consideração em qual momento da vida cada um se encontra.

"Se o momento é de acumulação de patrimônio, faz sentido escolher empresas em fase de crescimento, que não pagam dividendos porque reinvestem nos próprios projetos. Já as companhias que pagam esses proventos são as mais maduras. Portanto, se o investidor está em uma fase da vida de mais acomodação, procurando renda passiva, faz sentido procurar aquelas empresas que distribuem dividendos", afirma.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.