Bitcoin ou ouro: O que é melhor para proteger seu dinheiro da inflação?
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No Brasil, a maior inflação desde 2017. Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor é o maior em quatro décadas. E, na Europa, o aumento dos custos é recorde em 25 anos. O temido fenômeno econômico que corrói o poder de compra das famílias voltou com força em meio à pandemia. Junto com esse medo, aumentou o interesse dos investidores por aplicações que funcionem como reserva de valor —ou seja, que protejam de alguma forma o patrimônio ao longo dos anos.
O ouro é apontado por economistas como um dos investimentos mais tradicionais para reserva de valor, seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa. Mais recentemente, alguns especialistas passaram a apontar o bitcoin como opção. Mas qual desses dois ativos é o melhor para proteger o seu dinheiro? Veja o que dizem os especialistas ouvidos pelo UOL.
O que é reserva de valor
Reserva de valor é um ativo —um bem ou uma aplicação— que funciona como proteção do patrimônio contra variações da economia, como a inflação, mantendo assim o poder de compra da pessoa ao longo dos anos.
Mesmo que aumentem os custos dos produtos e serviços com o passar do tempo, esses investimentos acompanham o aumento generalizado de preços. Assim, a pessoa que tem posse desses bens consegue preservar o valor de seu patrimônio.
Todo investidor deve levar em conta a necessidade de proteger o patrimônio da inflação quando está montando uma carteira de investimentos diversificada. E, com o aumento da inflação, essa atenção se tornou mais necessária.
Valter Police, planejador financeiro e sócio da Fiduc
Propriedades da reserva de valor
Para ser reserva de valor, um investimento precisa ter algumas propriedades. Além de acompanhar de alguma forma a inflação, esse ativo tem que permitir ao investidor a possibilidade de fazer negócio de acordo com regras aceitas em diferentes países.
Entres as propriedades de uma reserva de valor estão:
Preservação do valor: mesmo que passe por momentos de correção, no longo prazo o ativo não perde seu valor.
Ser escasso: se um ativo é facilmente encontrado, o valor dele será baixo. Então, uma reserva de valor não pode ser algo abundante na economia ou na natureza.
Liquidez: o ativo precisa ter mercado para negociação caso o dono queira fazer dinheiro, adquirir outros bens ou quitar dívidas.
Não se deteriorar: para funcionar como reserva de valor, um ativo não pode se deteriorar ou ir sumindo ao longo dos anos.
Ouro é opção mais tradicional
O ouro é a opção mais conservadora entre as alternativas de reserva de valor, segundo os especialistas. O metal serviu durante muitos anos como material para emissão de moedas em todo o mundo, e ainda hoje faz parte das reservas de bancos centrais.
Os entrevistados declaram que a procura pelo ouro aumenta durante períodos de crise justamente por ser um ativo que funciona como proteção. Desde o início da pandemia, por exemplo, o metal negociado na Bolsa se valorizou cerca de 50%.
Ouro (fonte B3 preço por gramas)
- Fev.2017: R$ 122
- Fev.2018: R$ 137
- Fev.2019: R$ 155
- Fev.2020: R$ 205
- Fev.2021: R$ 325
- Fev.2022: R$ 306
- Pico: R$ 350 (2 de novembro de 2020)
Bitcoin pode ser reserva de valor?
Roberto Troster, doutor em economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), está entre os especialistas que enxergam o bitcoin como uma nova forma de reserva de valor.
Para ele, a criptomoeda é um ativo escasso, pois há uma quantidade limitada que poderá ser garimpada. Também é atrativa por ter liquidez —ou seja, pode ser comprada em vendida a qualquer momento.
Além disso, sua natureza é aceita por todos os mercados independentemente do país e não apresenta o risco de se deteriorar com o passar dos anos.
Hoje o Bitcoin se coloca como uma possível reserva de valor. A favor do bitcoin como uma reserva de valor conta o fato de ele ser escasso, enquanto as moedas tradicionais estão sendo impressas aos trilhões.
André Franco, head de pesquisa do Mercado Bitcoin
Bitcoin (fonte Coinbase, Inc)
- Fev.2017: R$ 3.153
- Fev.2018: R$ 29.724
- Fev.2019: R$ 12.884
- Fev.2020: R$ 42.798
- Fev.2021: R$ 210.899
- Fev.2022: R$ 194.856
- Pico: R$ 374.718 (8 de novembro de 2021)
Então o que é melhor: ouro ou bitcoin?
Troster afirma que tanto o ouro como o bitcoin apresentam características que uma reserva de valor precisa ter. São elas:
- Estabilidade de valor;
- Potencial de valorização;
- Fungibilidade (pode ser substituído por outro item da mesma espécie mantendo o mesmo valor; por exemplo, todas as barras de ouro independentemente do local, origem ou ano de fundição, têm o mesmo valor);
- Durabilidade;
- Portabilidade e facilidade de armazenamento;
- Divisibilidade;
- Dificuldade de falsificar;
- Aferição da qualidade
O ideal é que o investidor consiga montar uma carteira diversificada, e isso vale também para a parte dos investimentos dedicada à reserva de valor, afirmam todos os profissionais de mercado ouvidos pelo UOL para essa matéria.
O ouro ou o bitcoin pode ser melhor ou não uma forma de reserva de valor dependendo do perfil do investidor, dos objetivos e dos prazos definidos por ele.
Valter Police, head da Fiduc
Pontos fortes do ouro
De acordo com os especialistas, o ouro tem um histórico muito mais longo e mais comprovado que o bitcoin. Além disso, apresenta um mercado de negociação maior que o bitcoin —cerca de US$ 10 trilhões do metal contra menos de US$ 1 trilhão da criptomoeda.
Por conta do histórico e do tamanho do mercado, o ouro tem ainda um comportamento de preços menos volátil (de oscilações) que o do bitcoin.
Pontos fortes do bitcoin
Os entrevistados destacam que o bitcoin tem maior potencial de valorização que o ouro por causa da escassez do ativo. E mais: o fato de não ser emitido nem controlado por governos torna a criptomoeda mais protegida de interferências de políticos ou de bancos centrais dos países.
Eles citam também a maior facilidade para armazenar e transportar bitcoins.
Variação em 5 anos
- Bitcoin: 6.079%
- Ouro: 151%
- IPCA: 28,5%
- IGPM: 67,4%
- CDI: 33%
- Poupança: 21,7%
É momento de investir agora?
Os especialistas ouvidos pelo UOL dizem que toda carteira de investimentos deve ter uma fatia voltada para reserva de valor, com objetivo de proteger o patrimônio da inflação.
Segundo eles, a construção dessa parcela dos investimentos deve ser feita ao longo do tempo, para que o aplicador possa pegar um valor médio das cotações. Mas a opção pelo ouro ou pelo bitcoin deve considerar o perfil do investidor.
Valter Police diz que os investidores mais conservadores, por exemplo, devem se atentar à decisão sobre a reserva de valor. Afinal, para ele, as fortes oscilações de preços do bitcoin, por exemplo, podem assustar e levá-los a se desfazerem dos ativos de maneira precipitada.
Como investir
Confira aqui como investir em bitcoins sem riscos de cair em golpes.
E descubra aqui as formas de se investir em ouro.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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