Curto, médio, longo: qual o prazo ideal para resgatar o dinheiro investido?
Por conta do avanço da inflação --que nos 12 meses até dezembro chegou a 10,06% e, no mesmo período até março, a 11,30%--, o Banco Central iniciou um movimento de reajuste dos juros. Assim, a taxa básica de juros, a Selic, saiu de 2% para os atuais 11,75% ao ano, entre março do ano passado e o mesmo mês deste ano.
O cenário de juros em alta é algo que o brasileiro conhece bem. Historicamente, o país convive com juros acima dos dois dígitos ao ano. No entanto, em momentos assim, é comum que investidores saquem o dinheiro investido para encontrar opções mais rentáveis, que condizem com aquele momento do mercado.
Mas especialistas ouvidos pelo UOL dizem que retirar o dinheiro antes do prazo de vencimento nem sempre é uma boa ideia. Entenda logo abaixo por quê.
Prazo ideal mínimo é de 3 a 5 anos
Normalmente, investidores tomam a decisão de realizar aportes em determinado investimento no médio e longo prazo com bastante convicção. Entretanto, em alguns casos há uma mudança de mentalidade no meio do caminho após algum sobe e desce no mercado.
Ao analisar o desempenho de fundos multimercado nos últimos cinco anos, os analistas Rodrigo Sgavioli, Clara Sodré e Carolina Oliveira, da XP Investimentos, orientam a manutenção dos investimentos por um prazo de pelo menos três a cinco anos.
"Via de regra, entendemos que investimento é um jogo de longo prazo. Entretanto, quando muitos investidores resolvem realizar sua decisão de resgate e alocação analisando janelas muito curtas de tempo, excelentes gestores de fundos também são penalizados em detrimento da performance de curtíssimo prazo, pois os resgates acabam acontecendo de forma generalizada", afirma o trio em relatório.
O resultado? O gestor não é o único prejudicado. O investidor perde tanto na saída do investimento em um momento ruim, vendendo por um preço abaixo do que foi pago, quanto na sua recuperação.
Por que o longo prazo é importante?
Em ano de aumento dos juros, fundos como os multimercados passam a ser mais interessantes. Isso porque o seu retorno, baseado no CDI, é afetado conforme o movimento da Selic.
Mas, caso o investidor não possua na carteira opções atreladas ao CDI já do crescimento dos juros, ele pode perder o momento mais interessante para rentabilizar o ativo. O melhor cenário é manter um percentual da carteira neste tipo de opção.
No caso do resgate prematuro de investimentos de fundos, Sgavioli, Sodré e Oliveira dizem, ainda, que isso pode significar o pagamento de impostos maior do que o rendimento em um curto espaço de tempo.
"Muitos investidores resgatam de fundos multimercados mesmo quando eles estão com retornos positivos em janelas curtas [menos de 2 anos], porém abaixo ou muito próximo do CDI. Nessas ocasiões, em caso de resgate, haverá incidência de Imposto de Renda e, quanto menor o prazo investido, maior a alíquota de IR utilizada", declaram.
Pelas regras da Receita Federal, a alíquota do Imposto de Renda pode variar entre 22,5% a 15%, dependendo do tempo de permanência daquele investimento.
Os analistas destacam que investimentos feitos nas classes corretas e de forma diversificada podem garantir até 80% de retorno para a carteira no longo prazo —o que, por si só, já seria um bom rendimento.
Por fim, o trio diz que cada investidor deve dedicar mais tempo para analisar qual será a participação ideal dos multimercados no portfólio. "Gaste mais tempo entendendo qual percentual deverá ter de multimercados na sua carteira e também entendendo quais os gestores e fundos que trarão maior conforto para você, sabendo que eles vão chacoalhar de vez em quando", declararam.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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