Após fala de Lula sobre Fies, ações de educação sobem hoje; vale a pena?

Dias depois de o candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falar sobre educação em um discurso em Curitiba, as ações do setor estão disparando no pregão de hoje na Bolsa de Valores de São Paulo.

Penalizadas com a inflação - que não deixar sobrar dinheiro para o pagamento das mensalidades - as ações do Ibovespa que mais sobem são as de empresas de educação: YDUQS (YDUQ3) e Cogna (COGN3). A dona da Estácio tinha alta de 10,2% por volta das 13h, para R$ 11,88, e os papéis da detentora das marcas Kroton e Somos Educação valorizava 7,42%, para R$ 2,75.

Fora do índice, a Anima (ANIM3) sobe, no mesmo horário, 12,30%, para R$ 5,66. A Ser Educacional (SEER3) avança 8,63% chegando a R$ 6,17. Cruzeiro do Sul Educacional (CSED3), tem alta de 7,86% para R$ 4,53.

Veja abaixo o que está movimentando as ações e saiba se vale a pena comprar as ações.

Por que as ações estão subindo? É a primeira vez este ano que o mercado responde diretamente a um ato de campanha. O candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre a aplicação do Ensino Integral para conseguir avançar a educação do País, principalmente após dois anos de ensino remoto durante a pandemia. A fala ocorreu durante comício realizado no sábado, 17, em Curitiba.

A declaração animou os investidores do setor de educação. "Esse é um setor que está carente de investimento. E quando o candidato que está mais bem colocado nas pesquisas diz que vai investir, o mercado reage bem", diz Marcio Loréga, analista-chefe do PagBank.

No sábado passado, em Curitiba, Lula também falou sobre investir mais em programas de financiamento da educação, como o ProUni e do Fies. No mesmo dia, em sua conta no Twitter, ele publicou:

"O ProUni vai voltar com força, o FIES vai voltar com força, e as universidades vão ter força. Porque nenhum país se desenvolve sem antes investir na educação."

O Programa Universidade para Todos (Prouni) facilita o acesso de alunos de baixa renda ao ensino superior e foi criado em 2004, oferecendo bolsas de estudos parciais (50%) e integrais em faculdades privadas. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) concede financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores presenciais não gratuitos, para o pagamento das mensalidades após da formatura.

E vale a pena comprar ações? Por enquanto, a maior parte das recomendações para todo o setor de educação é neutra por conta da inflação, que atingiu muito esse segmento. Depois de anos de ensino remoto, a alta do custo de vida e das mensalidades afastou muitos alunos das escolas. Por isso, bancos como o BTG e a corretora XP aconselham não comprar, nem vender.

Mas se o cenário mudar, com reais incentivos à educação, as ações poderão, sim, reagir. Mas os analistas aconselham esperar por medidas concretas. Isso porque a queda recente que esses papéis sofreram foi muito grande. YDUQ3, por exemplo, está no seu pior preço dos últimos cinco anos, com queda de 60%. Cogna caiu mais ainda: 85%.