Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Vale investir em ações de gigantes globais para fugir do risco no Brasil?

Quer investir no exterior? Veja se é um bom momento e quais os riscos - Getty Images
Quer investir no exterior? Veja se é um bom momento e quais os riscos Imagem: Getty Images

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/09/2022 04h00

No mercado financeiro, é comum a recomendação de analista para que os investidores tenham uma parte da carteira alocada no exterior. O motivo? Fugir das constantes oscilações que afetam as empresas inseridas na economia brasileira. Mas será que é uma alternativa interessante?

Desde o final de 2020, uma maneira que ganhou impulso para quem olha para fora do país são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Basicamente, são espécies de recibos que representam as ações de companhias estrangeiras e podem ser comprados direto na B3, sem a necessidade de abrir conta em uma instituição estrangeira.

O sócio e analista da casa de análises Nord Research, Cesar Crivelli, diz que, independente do tamanho da carteira, todo investidor deveria ter uma parte dos ativos alocados no exterior. Para um investidor conservador, a fatia pode ser de 10% em ativos globais, 20% para quem é moderado e de 30% a 40% para os arrojados.

Uma forma de fazer isso são os BDRs, que simplificam a vida do investidor, permitindo que ele consiga diversificar sem ter que abrir conta no exterior ou passar pela burocracia do câmbio, afirma.

E vale a pena? É importante ponderar alguns aspectos quando o assunto são BDRs. O primeiro deles é o câmbio. Ao adotar como estratégia o investimento em outro país, as flutuações da moeda podem pesar contra ou a favor dos investimentos.

Assim, caso o investidor faça uma aplicação em um momento de forte valorização do dólar e venda em um período de desvalorização da moeda americana, ele pode perder dinheiro na conversão mesmo com a alta das ações estrangeiras.

Por isso, o sócio e diretor de relacionamento com investidores da gestora GeoCapital, Gustavo Aranha, diz que é importante pensar em como a pessoa enxerga aquele investimento —se "dolarizou" o capital ou se pretende obter o retorno em reais no futuro. "Na prática, muitos clientes estão com o dinheiro aqui e acabam medindo o retorno em reais. Então, o câmbio pode ser melhor ou pior", afirma.

Também é importante pensar na liquidez - para quando você vai precisar daquele dinheiro e quando poderá sacá-lo. É que a quantidade de papéis de BDRs negociados na B3 é bem menor do que as ações ofertadas na Bolsa de origem. Assim, as vendas de ativos podem demorar um pouco mais.

Caso deseje sair imediatamente do ativo, o investidor pode ter que negociá-lo a um preço menor do que o estipulado inicialmente, no lugar de esperar o preço chegar ao seu alvo.

Bolsa brasileira é destaque no mundo: Se historicamente a Bolsa brasileira costuma perder para as principais Bolsas do mundo, em 2022 a situação é justamente a oposta. De janeiro até o dia 13 de setembro, o Ibovespa registrou valorização de 5,70% em reais.

No mesmo período, indicadores americanos como o Dow Jones Index acumulou queda de 14,40%, o S&P 500 registrou retração de 14,40% e o Nasdaq observou recuo de 25,64%, de acordo levantamento elaborado pelo head comercial do hub financeiro Trademap, Einar Rivero.

Em dólar, a vantagem do Ibovespa é ainda maior: o avanço foi de 13,88% no ano até agora.

A rentabilidade das Bolsas em real nos últimos 5 anos em moeda local:

2018 / 2019 / 2020 / 2021 / 2022

  • Ibovespa: 15,03% / 31,58% / 2,92% / -11,93% / 5,70%
  • Dow Jones Index: -5,63% / 22,34% / 7,25% / 18,73% / -14,40%
  • S&P 500: -6,24%/ 28,88% / 16,26% / 26,89% / -17,49%
  • Nasdaq Composite: -3,88% / 35,23% / 43,64% / 21,39% / -25,64%

Em dólar (US$), o cenário é mais favorável às Bolsas estrangeiras

2018 / 2019 / 2020 / 2021 / 2022

  • Ibovespa: -1,79% / 26,49% / -20,18% / -17,98% / 13,88%
  • Dow Jones Index: -5,63% / 22,34% / 7,25% / 18,73% / -14,40%
  • S&P 500: -6,24% / 28,88% / 16,26% / 26,89% / -17,49%
  • Nasdaq Composite: -3,88% / 35,23% / 43,64% / 21,39% / -25,64%

Por isso, Gustavo Aranha, da GeoCapital, reforça um ponto bastante lembrado pelos analistas: é importante fazer uma boa diversificação do patrimônio com ativos tanto no Brasil, como no exterior. Ele explica que os dados do ano atual representam uma janela, e que é difícil prever os movimentos do mercado.

"O Brasil é só 1% do mercado global. Quando olha para uma forma pragmática, dá para entender por que a diversificação é importante. Vale sempre a pena o investidor ter aplicações no Brasil e no exterior. Uma coisa não exclui a outra", declara Aranha.

As BDRs que mais cresceram em 2022

Segundo o Trademap, as BDRs que mais se valorizaram entre 1 de janeiro e 8 de setembro são:

  1. Occidental Petroleum Corp: 109,36%
  2. Devon Energy: 49,93%
  3. Exxon Mobil: 49,21%
  4. First Solar: 45,28%
  5. Marathon Oil: 44,97%
  6. Valero Energy: 43,93%
  7. Marathon Petroleum Corp: 42,8%
  8. Conocophilips: 41,98%
  9. CF Industries: 36,3%
  10. Technipfmc Plc: 33,4%

Petróleo e energia Em comum, boa parte dessas empresas têm atuação nos setores de petróleo, gás e energia —a exceção é a CF Industries, fabricante e distribuidora americana de fertilizantes agrícolas. Para Cesar Crivelli, da Nord, as empresas de energia e petróleo representam teses que vêm perdendo força por conta da possibilidade de uma recessão global.

Esse movimento tem como um dos fatores o aumento dos juros, o que tende a diminuir a demanda por combustíveis e energia. O mercado não acredita que o preço do petróleo permanecerá em patamares elevados como nos últimos meses. O barril de petróleo do tipo brent, referência global cotado em Londres, saiu da casa dos US$ 75, em setembro do ano passado, para a casa dos US$ 120. Hoje, está em torno dos US$ 90. Isso afeta diretamente a rentabilidade das empresas.

A exceção seria a First Solar, uma das maiores companhias de energia solar dos Estados Unidos. Crivelli diz que os custos das placas solares caíram bastante ao longo da última década. Neste ano, a tendência ganhou força com a ideia da Europa em reduzir a dependência de combustíveis e energia da Rússia, em decorrência da guerra na Ucrânia.

Na GeoCapital, a filosofia é por empresas que são dominantes nos setores em que atuam, com a possibilidade de determinar os preços no mercado. Entre as preferidas, estão Visa, Berkshire Hathaway, CBOE (a Bolsa de Chicago), Disney, Alphabet (holding controladora do Google) e Microsoft. Neste sentido, as companhias de petróleo têm um poder menor para influenciar nos preços.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.