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Magazine Luiza cai quase 25% na Bolsa: é oportunidade ou devo fugir?

Loja do Magazine Luiza no Shopping West Plaza, em São Paulo - Lilian Cunha/UOL
Loja do Magazine Luiza no Shopping West Plaza, em São Paulo Imagem: Lilian Cunha/UOL

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/10/2022 15h27

Depois de valorizar 152% de 4 de julho até o início deste mês, as ações do Magazine Luíza (MGLU3) não só pararam de subir como já acumulam queda de 24,5%.

Desde o dia 10 de outubro, a empresa só perde valor na Bolsa. As outras ações de varejo também acumulam queda semelhante depois de terem tido uma recuperação que acontecia desde o começo do segundo semestre.

O que está movimentando as ações do gigante do varejo? A queda no preço é oportunidade para investir?

O que move as ações do varejo no Brasil? A resposta tem três letras: CPI. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos, valor que mede a inflação americana, virou a chavinha das ações de varejo.

No dia em que foi divulgado, na quinta-feira (13), as ações de varejo despencaram: Americanas (AMER3) liderou o ranking de quedas do Ibovespa, com recuo de 7,34%. Magalu e Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, perderam 4,84% e 3,44%, respectivamente. E desde então, continuam caindo.

O CPI mostrou que a inflação nos Estados Unidos subiu 0,4% em setembro. Em 12 meses, o índice de preços ao consumidor acumula alta de 8,2%. Os dados vieram levemente acima das expectativas de analistas do mercado financeiro, que projetavam avanço de 0,2% no mês.

Como a inflação dos EUA mexe com o Brasil? A inflação americana tem tudo a ver com as vendas do varejo aqui, explica Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos em Belo Horizonte. "Com os preços subindo por lá, significa que o governo americano vai continuar subindo os juros. E isso afeta a política de juros aqui também", diz ele.

Ou seja: para evitar uma fuga dos investidores daqui para aplicações americanas que rendem o equivalente à taxa de juros deles, o Banco Central brasileiro pode segurar a taxa de juros atual, 13,75%, nesse patamar alto.

Isso não é bom para as vendas no comércio, porque o parcelamento das compras fica mais caro.

Ações subiram com expectativas: Outro problema, conforme ressalta Vitorio Galindo, analista de investimentos e chefe de análise da Quantzed, é que a alta recente dessas ações foi um tanto artificial. "Aconteceu muito com base na expectativa de que lá na frente os juros pudessem cair e sem base em fatos concretos de melhor das vendas", diz ele.

O fator político também contou. Com a expectativa de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva pudesse ganhar a eleição logo no primeiro turno, os investidores compraram ativos do setor apostando numa política de incentivo ao consumo. Como isso não se concretizou, muitos desistiram das ações.

E por que elas estão caindo tanto hoje? Até por volta do meio-dia, AMER3 caia 11,94%, para R$ 14,45, VIIA3 perdia 6,44%, para R$ 3,05, e MGLU3 encolhia 5,73%, para R$ 3,95.

"Ao que parece, algum grande investidor está se desfazendo das ações do setor", diz Galindo. Algumas prévias de resultados de empresas de setor, segundo ele, andaram circulando informalmente pelo mercado e elas mostrariam que os resultados do terceiro trimestre foram muito ruins.

Magazine Luíza, Via e Americanas divulgam seus números em 10 de novembro.

"Americanas cai mais e puxa as outras com ela por conta do relatório que o BTG soltou sobre a empresa", diz Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, de Goiânia.

Nesse documento para acionistas, o BTG diz que custos de financiamento mais altos devem afetar o resultado consolidado do varejo, com queda de 39% na comparação anual.

"Do lado do 'e-commerce', esperamos que o valor total da receita gerada a partir das vendas online cresça 6% na comparação anual do Magalu", prevê o banco. Mas para a Americanas, o BTG espera uma queda de 12% para a receita de vendas.

"É uma queda muito grande e por isso o mercado repercute vendendo as ações", diz Martins.

Qual é a tendência para as ações de varejo agora? As perspectivas de crescimento baseadas em reais resultados positivos das empresas não são boas.

"Isso só deve acontecer se os juros baixarem e ficarem menores que 8%", avalia o analista da Quantzed. Ele lembra que essas empresas estão muito endividadas porque precisam investir mais em marketing para vender. E ter grandes dívidas com juros tão altos não é bom para ninguém.

Podem acontecer repiques de alta por motivos variados, como uma eventual vitória do candidato do PT. Mas os reais resultados das empresas ainda não seguram uma alta consolidada das ações.

Devo compraras ações? Vender? Ou deixar como está? Isso, segundo Galindo, depende de qual foi a razão que fez o investidor comprar a ação. "Se o investidor acredita numa mudança de cenário positiva, melhor manter a ação ou até comprar agora, aproveitando os preços baixos", diz ele. "Mas se o cenário imaginado já não tem chances de se concretizar, melhor vender."

Para a Genial Investimentos, por exemplo, é hora de comprar Americanas. A expectativa de ganhos é de que a ação chegue em 12 meses a R$ 28,40, com lucro potencial de 66,47%. Diferentemente das outras concorrentes de setor, a Americanas depende menos de vender produtos financiados, como geladeiras e celulares. Seu mix de produtos é maior e tem itens mais baratos.

Para Magalu, por exemplo a recomendação da Genial é não comprar, nem vender. O preço alvo é de R$ 5,20, com ganho potencial de 24,40%. É a mesma classificação de Via, que tem preço alvo fixado em R$ 4,80, com estimativa de alta de 47,24%.

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