Por que as ações do Assaí, atacarejo com preço mais baixo, despencaram?
Problemas com o grupo francês Casino Guichard-Perrachon, controlador da rede de atacarejo Assaí (ASAI3), estão fazendo os investidores se afastar da ação na Bolsa de Valores de São Paulo.
Na terça-feira (18), o papel fechou o pregão com perdas de 9,22%, maior baixa do dia. Hoje (19), véspera da divulgação de resultados do terceiro trimestre da empresa, a ação tinha uma leve recuperação ate às 13h, com alta de 2,40%, para R$ 18,36.
No ano, porém, a ação vem sendo valorizada, com alta de 44%, já que a empresa vem ganhando com a inflação. Isso porque consumidores procuram preços mais baixos em suas lojas, que misturam varejo e atacado.
O que está acontecendo com o Casino? A queda das ações foi motivada por problemas de crédito do seu controlador, o grupo francês Casino. A controladora quer vender ativos para reduzir sua dívida.
A meta é se desfazer de empresas do grupo e captar o equivalente a 4,5 bilhões de euros até o final do próximo ano. Ontem, dia da queda de quase 10%, o Casino divulgou que concluiu a venda de seu negócio de energia renovável GreenYellow para a francesa Ardian, por 600 milhões de euros.
A divida do Casino é tão alta que a ação da empresa, na Bolsa de Valores de Paris, já perdeu 64% de seu valor este ano.
O problema agora para o Casino, segundo publicou a agência de notícias americana Bloomberg, é que restam poucas opções fáceis de venda para a empresa pagar o restante da dívida. Ela já está envolvida em um extenso programa de alienação, concordou em acordos de venda e arrendamento de propriedades de supermercados franceses e refinanciou sua dívida várias vezes.
"Para garantir que possa cumprir cerca de 3 bilhões de euros em títulos com vencimento nos próximos três anos, o Casino deve considerar a venda de mais ativos - sendo suas participações na América Latina as candidatas mais prováveis", publicou a Bloomberg.
Qual é o histórico do Assaí na Bolsa? O Assaí fazia parte do Grupo Pão de Açúcar até março de 2021, quando se separou do grupo e estreou na Bolsa.
Já em outubro do ano passado, o Assaí comprou 71 lojas da bandeira Extra Hiper, que eram do GPA, por R$ 5,2 bilhões. Assim, o GPA saiu do setor de hipermercados.
O que acontece com as ações se o Assaí for vendido?
No Brasil, o Casino tem participações no Grupo Pão de Açúcar, dono do Extra, Compre Bem e supermercados Pão de Açúcar, com 41% das ações. No Assaí, o Casino também tem o mesmo percentual.
O receio do mercado é que a situação de dívida do Casino force a venda do Assaí, o ativo que se mostra com maior possibilidade de atrair compradores e poderia ser vendido rápido.
"Isso pode acabar gerando uma grande pressão de venda da ação no mercado, prejudicando no curto prazo os investidores que tem o papel", diz Luis Novaes, da equipe de analistas da Terra Investimentos.
Mesmo assim, a Terra recomenda a compra da ação, porque no longo prazo a estimativa é de valorização, podendo o ativo chegar em um ano a R$ 22,50.
"Muitos bancos continuam recomendando a compra da ação porque a empresa tem uma boa geração de caixa e por conta de o valor do papel estar baixo", diz Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, em Minas Gerais.
O que diz o Assaí?
Na noite do dia 19, a empresa divulgou uma nota sobre o tema, em nome de Gabrielle Castelo Branco Helú, diretora de relações com investidores, negando a possibilidade de venda. Veja abaixo a nota completa:
"A Companhia informa que não tem conhecimento de nenhum fato específico ou ato relevante que justifique as últimas oscilações registradas com as ações de emissão da Companhia, o número de negócios e quantidade negociada. Não obstante, a Companhia acredita que um aumento das especulações do mercado relacionadas a possíveis desinvestimentos de ativos pelo seu controlador pode ter contribuído para as oscilações verificadas. A Companhia desconhece qualquer transação nesse sentido, tendo inquirido seu acionista controlador, que afirmou também desconhecer qualquer evento que possa ter causado as oscilações registradas com as ações de emissão da Companhia. Sendo esses os esclarecimentos que julgou cabíveis para o momento, a Companhia subscreve
a presente."
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