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Quais ações mais subiram e mais caíram no governo Bolsonaro até as eleições

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/10/2022 12h05

Desde a posse de Jair Bolsonaro na presidência, no primeiro dia de janeiro de 2019 até a sexta-feira (28), o índice Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo avançou 30,32%, enquanto a inflação do período foi de 24,89%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor acumulado (IPCA).

O Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que baliza a maior parte das aplicações de renda fixa, ficou em 25,03% e a poupança, com alta de 16,71%.

No entanto, algumas ações foram bem além do Ibovespa. Impulsionadas por fatores externos — principalmente a alta do petróleo —, algumas renderam mais de 1.000%. Algumas companhias mudaram o foco de sua atuação no mercado e se deram muito bem. Outras foram na contramão e caíram muito.

No dia seguinte às eleições, o dólar comercial opera em queda. Às 11h47, a moeda norte-americana registrava variação de -1,02%, cotada a R$ 5,24. Também às 11h47, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), operava em alta de 1,1%, aos 115.793,96 pontos. Acompanhe a Bolsa e o dólar durante o dia aqui.

Confirma mais abaixo quais são as ações que mais renderam e as que mais perderam no governo Bolsonaro até a sexta-feira, 28, dia anterior às eleições. O levantamento é da Economatica.

As 10 ações que mais subiram no governo Bolsonaro:

  1. Petrorio (PRIO3) 1.538,89%
  2. Positivo Tecnologia (POSI3) 412,66%
  3. Banco BTG (BPAC11) 362,02%
  4. Motores WEG (WEGE3) 340,37%
  5. Banco Pan (BPAN4) 304,03%
  6. Totvs (TOTS3) 234,18%
  7. Copel (CPLE6) 232,34%
  8. Eneva (ENEV3) 224,76%
  9. Minerva (BEEF3) 208,12%
  10. SLC Agrícola (SLCE3) 172,52%

As 10 ações que mais caíram:

  1. IRB Brasil (IRBR3) -96,15%
  2. CVC (CVCB3)-87,97%
  3. Cogna (COGN3) -65,62%
  4. Gol (GOLL4) -65,55%
  5. Americanas (AMER3) -63,68%
  6. Azul (AZUL4) -59,28%
  7. Ecorodovias (ECOR3) -46,47%
  8. Ultrapar (UGPA3) -45,28%
  9. BRF (BRFS3)-42,53%
  10. Embraer (EMBR3) -40,05%

No ano de 2022, as 10 ações que mais subiram são:

  1. Cielo (CIEL3) 153,35%
  2. Hypera (HYPE3) 76,75%
  3. Petrobras (PETR4) 71,25%
  4. Petrobras (PETR3) 68,94%
  5. Petrorio (PRIO3) 64,59%
  6. Eletrobras (ELET6) 60,97%
  7. BBSeguridade (BBSE3) 52,10%
  8. Sabesp ON (SBSP3) 51,26%
  9. Eletrobras (ELET3) 47,64%

E as 10 mais caíram no ano:

  1. IRB Brasil (IRBR3) -76,87%
  2. Meliuz (CASH3) -63,89%
  3. Qualicorp (QUAL3) -54,66%
  4. CVC viagens (CVCB3) -51,27%
  5. Americanas (AMER3)-50,78%
  6. Usiminas (USIM5) -48,90%
  7. Petz (PETZ3) -48,75%
  8. Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) -48,69%
  9. Gol (GOLL4) -48,15%
  10. Embraer (EMBR3) -47,10%

Fonte: Economatica, entre 3/1/2022 até 28/10/2022 e entre 2/1/2019 e 28/10/2022

Dentre as mais valorizadas, por que a Petrorio cresceu tanto? A Petrorio foi a ação que mais se valorizou no governo Bolsonaro (a alta passou de 1.600%). Quem, por exemplo, investiu R$ 1.000 em PetroRio lá atrás se deu muito bem. O valor agora teria saltado para cerca de R$ 17 mil. E por quê?

O que ajudou a companhia — e também a Petrobras durante 2022 — basicamente foi o preço do petróleo e seus novos poços de exploração, além da maior eficiência na extração do óleo, diz Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, de Chapecó.

A PetroRio tinha uma média extração de 24 mil barris por dia que agora pulou para algo em torno de 45 a 46 mil e sua meta ainda é chegar a 100 mil barris em 2024.

Essa é uma ação, como gostam de falar os analistas de mercado, que tem uma "avenida de crescimento" pela frente. Além de ganhar em eficiência, a PetroRio ainda pode fazer mais fusões e aquisições no futuro. "Em breve, ela deve se tornar também uma boa pagadora de dividendos", diz o analista.

É por isso que o BTG, por exemplo, recomenda a compra. O preço alvo para PRIO3 é de R$ 37 em 12 meses, o que representa um ganho de 8,47% sobre os atuais R$ 34,11.

Quais ações devem continuar oferecendo bons rendimentos agora? Além de PetroRio, Eneva e Totvs são boas apostas, segundo o analista.

A empresa de gás Eneva valorizou 243,57% no período do governo e teve, sim, algumas ajudas da administração federal.

Um exemplo é a aprovação do novo Marco Regulatório do Gás Natural, em abril do ano passado, sem vetos, pelo presidente Bolsonaro. O texto, aprovado pelo Congresso e Senado, regulamenta transporte, tratamento, processamento, estocagem, liquefação, regaseificação e comercialização de gás natural no país. A nova lei garante, por exemplo, a independência entre empresas de distribuição, transporte e produção.

Além disso, a empresa foi beneficiada pela privatização da Eletrobras (ELET3 e ELET6). Em setembro, a Eletrobras e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fizeram um leilão para vender 1 GW de energia e a Eneva saiu vencedora.

O projeto tem potencial de adicionar R$ 1,5 bilhão aos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Eneva. Para o banco Safra, Eneva tem recomendação de compra e preço alvo de R$ 15,50. A cotação atual é de R$ 13,68.

Alternativa no setor de energia: Outra que pode ser um bom investimento é a Copel, segundo segundo Wagner Varejão, economista da Valor Investimentos em Vitória. Assim como todo o setor de geração de energia elétrica, a Copel tem uma lucratividade alta e garantida e por isso é atrativa.

Para a Eleven, a recomendação é de compra, com preço alvo de R$ 8,80. Atualmente, a ação custa R$ 7,15.

E as empresas de tecnologia, por que subiram? Já a Totvs, empresa brasileira especializada em tecnologia e desenvolvimento de soluções empresariais, tem potencial de crescimento bem atraente, segundo Cima.

Em agosto, a companhia, que atende mais de 40 mil clientes, fez um acordo com o Itaú de mais de R$ 1 bilhão para a constituição de uma "joint venture", denominada preliminarmente Totvs Techfin.

A companhia vai distribuir e a ampliar serviços financeiros, baseados em uso intensivo de dados, para clientes empresariais. "Por ser bem gerida, a Totvs também sofreu menos que suas pares (Locaweb LWSA3 por exemplo) que vêm se desvalorizando desde o ano passado, com a economia mais recessiva", diz o analista.

Seu único porém é o preço da ação. No dia 25, estava cotada a R$ 30,12, o que é considerado um valor bem alto para o ativo. Para o Banco Safra, é uma boa compra, com preço alvo de R$ 37.

No mesmo setor, a Positivo se destaca por ter deixado de ser apenas uma empresa que produzia notebooks baratos para se tornar uma companhia que investe em "start ups" e fabrica peças para supercomputadores.

Essa ampliação do foco de atuação da empresa foi muito boa para a companhia, segundo o analista. Além disso, a Positivo está produzindo cerca de 176 mil urnas eletrônicas que serão utilizadas a partir das eleições de 2024. Para o BTG, a recomendação é de compra, com preço alvo de R$ 17. A cotação atual é de R$ 12,07.

E a Petrobras? A Petrobras também é recomendada por Varejão. A empresa deve continuar se beneficiando da alta do petróleo, como aconteceu durante o governo Bolsonaro. Também é uma boa compra devido a possibilidade de uma nova distribuição de dividendos até o fim do ano.

Para o analista, mesmo com as várias trocas de presidente da Petrobras, a política de paridade com os preços internacionais se manteve, o que foi positivo para o mercado e para a empresa, diz Varejão. No dia seguinte às eleições, 31, no entanto, a Petrobras abriu o dia em queda. Por volta do meio dia, era a maior queda na Bolsa, com desvalorização de 5,40% para PETR4 e de 4,86% para PETR3.

E as que mais perderam no governo? Dentre as maiores baixas, muitas tiveram problemas de ordem particular, como IRB, que lida com as consequências de uma fraude financeira. Americanas e Ultrapar passaram por reestruturação internas.

Outras foram prejudicadas pela pandemia, como é o caso das empresas de aviação e turismo, e até da concessionária EcoRodovias. As aéreas também perderam por conta da alta do petróleo. Com a redução das viagens de avião, a Embraer também vendeu menos aviões e saiu prejudicada.

As mais afetadas por políticas do governo são as de educação. Além do prejuízo tido com a pandemia, elas sofreram com a diminuição das verbas para o Fundo de Financiamento Estudantil, diz Marcio Loréga, gerente de research do Pagbank. Só em 2022, o Fies teve 35% menos verba que a edição do ano anterior.

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