Quais ações mais subiram e mais caíram no governo Bolsonaro até as eleições
Desde a posse de Jair Bolsonaro na presidência, no primeiro dia de janeiro de 2019 até a sexta-feira (28), o índice Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo avançou 30,32%, enquanto a inflação do período foi de 24,89%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor acumulado (IPCA).
O Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que baliza a maior parte das aplicações de renda fixa, ficou em 25,03% e a poupança, com alta de 16,71%.
No entanto, algumas ações foram bem além do Ibovespa. Impulsionadas por fatores externos — principalmente a alta do petróleo —, algumas renderam mais de 1.000%. Algumas companhias mudaram o foco de sua atuação no mercado e se deram muito bem. Outras foram na contramão e caíram muito.
No dia seguinte às eleições, o dólar comercial opera em queda. Às 11h47, a moeda norte-americana registrava variação de -1,02%, cotada a R$ 5,24. Também às 11h47, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), operava em alta de 1,1%, aos 115.793,96 pontos. Acompanhe a Bolsa e o dólar durante o dia aqui.
Confirma mais abaixo quais são as ações que mais renderam e as que mais perderam no governo Bolsonaro até a sexta-feira, 28, dia anterior às eleições. O levantamento é da Economatica.
As 10 ações que mais subiram no governo Bolsonaro:
- Petrorio (PRIO3) 1.538,89%
- Positivo Tecnologia (POSI3) 412,66%
- Banco BTG (BPAC11) 362,02%
- Motores WEG (WEGE3) 340,37%
- Banco Pan (BPAN4) 304,03%
- Totvs (TOTS3) 234,18%
- Copel (CPLE6) 232,34%
- Eneva (ENEV3) 224,76%
- Minerva (BEEF3) 208,12%
- SLC Agrícola (SLCE3) 172,52%
As 10 ações que mais caíram:
- IRB Brasil (IRBR3) -96,15%
- CVC (CVCB3)-87,97%
- Cogna (COGN3) -65,62%
- Gol (GOLL4) -65,55%
- Americanas (AMER3) -63,68%
- Azul (AZUL4) -59,28%
- Ecorodovias (ECOR3) -46,47%
- Ultrapar (UGPA3) -45,28%
- BRF (BRFS3)-42,53%
- Embraer (EMBR3) -40,05%
No ano de 2022, as 10 ações que mais subiram são:
- Cielo (CIEL3) 153,35%
- Hypera (HYPE3) 76,75%
- Petrobras (PETR4) 71,25%
- Petrobras (PETR3) 68,94%
- Petrorio (PRIO3) 64,59%
- Eletrobras (ELET6) 60,97%
- BBSeguridade (BBSE3) 52,10%
- Sabesp ON (SBSP3) 51,26%
- Eletrobras (ELET3) 47,64%
E as 10 mais caíram no ano:
- IRB Brasil (IRBR3) -76,87%
- Meliuz (CASH3) -63,89%
- Qualicorp (QUAL3) -54,66%
- CVC viagens (CVCB3) -51,27%
- Americanas (AMER3)-50,78%
- Usiminas (USIM5) -48,90%
- Petz (PETZ3) -48,75%
- Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) -48,69%
- Gol (GOLL4) -48,15%
- Embraer (EMBR3) -47,10%
Fonte: Economatica, entre 3/1/2022 até 28/10/2022 e entre 2/1/2019 e 28/10/2022
Dentre as mais valorizadas, por que a Petrorio cresceu tanto? A Petrorio foi a ação que mais se valorizou no governo Bolsonaro (a alta passou de 1.600%). Quem, por exemplo, investiu R$ 1.000 em PetroRio lá atrás se deu muito bem. O valor agora teria saltado para cerca de R$ 17 mil. E por quê?
O que ajudou a companhia — e também a Petrobras durante 2022 — basicamente foi o preço do petróleo e seus novos poços de exploração, além da maior eficiência na extração do óleo, diz Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, de Chapecó.
A PetroRio tinha uma média extração de 24 mil barris por dia que agora pulou para algo em torno de 45 a 46 mil e sua meta ainda é chegar a 100 mil barris em 2024.
Essa é uma ação, como gostam de falar os analistas de mercado, que tem uma "avenida de crescimento" pela frente. Além de ganhar em eficiência, a PetroRio ainda pode fazer mais fusões e aquisições no futuro. "Em breve, ela deve se tornar também uma boa pagadora de dividendos", diz o analista.
É por isso que o BTG, por exemplo, recomenda a compra. O preço alvo para PRIO3 é de R$ 37 em 12 meses, o que representa um ganho de 8,47% sobre os atuais R$ 34,11.
Quais ações devem continuar oferecendo bons rendimentos agora? Além de PetroRio, Eneva e Totvs são boas apostas, segundo o analista.
A empresa de gás Eneva valorizou 243,57% no período do governo e teve, sim, algumas ajudas da administração federal.
Um exemplo é a aprovação do novo Marco Regulatório do Gás Natural, em abril do ano passado, sem vetos, pelo presidente Bolsonaro. O texto, aprovado pelo Congresso e Senado, regulamenta transporte, tratamento, processamento, estocagem, liquefação, regaseificação e comercialização de gás natural no país. A nova lei garante, por exemplo, a independência entre empresas de distribuição, transporte e produção.
Além disso, a empresa foi beneficiada pela privatização da Eletrobras (ELET3 e ELET6). Em setembro, a Eletrobras e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fizeram um leilão para vender 1 GW de energia e a Eneva saiu vencedora.
O projeto tem potencial de adicionar R$ 1,5 bilhão aos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Eneva. Para o banco Safra, Eneva tem recomendação de compra e preço alvo de R$ 15,50. A cotação atual é de R$ 13,68.
Alternativa no setor de energia: Outra que pode ser um bom investimento é a Copel, segundo segundo Wagner Varejão, economista da Valor Investimentos em Vitória. Assim como todo o setor de geração de energia elétrica, a Copel tem uma lucratividade alta e garantida e por isso é atrativa.
Para a Eleven, a recomendação é de compra, com preço alvo de R$ 8,80. Atualmente, a ação custa R$ 7,15.
E as empresas de tecnologia, por que subiram? Já a Totvs, empresa brasileira especializada em tecnologia e desenvolvimento de soluções empresariais, tem potencial de crescimento bem atraente, segundo Cima.
Em agosto, a companhia, que atende mais de 40 mil clientes, fez um acordo com o Itaú de mais de R$ 1 bilhão para a constituição de uma "joint venture", denominada preliminarmente Totvs Techfin.
A companhia vai distribuir e a ampliar serviços financeiros, baseados em uso intensivo de dados, para clientes empresariais. "Por ser bem gerida, a Totvs também sofreu menos que suas pares (Locaweb LWSA3 por exemplo) que vêm se desvalorizando desde o ano passado, com a economia mais recessiva", diz o analista.
Seu único porém é o preço da ação. No dia 25, estava cotada a R$ 30,12, o que é considerado um valor bem alto para o ativo. Para o Banco Safra, é uma boa compra, com preço alvo de R$ 37.
No mesmo setor, a Positivo se destaca por ter deixado de ser apenas uma empresa que produzia notebooks baratos para se tornar uma companhia que investe em "start ups" e fabrica peças para supercomputadores.
Essa ampliação do foco de atuação da empresa foi muito boa para a companhia, segundo o analista. Além disso, a Positivo está produzindo cerca de 176 mil urnas eletrônicas que serão utilizadas a partir das eleições de 2024. Para o BTG, a recomendação é de compra, com preço alvo de R$ 17. A cotação atual é de R$ 12,07.
E a Petrobras? A Petrobras também é recomendada por Varejão. A empresa deve continuar se beneficiando da alta do petróleo, como aconteceu durante o governo Bolsonaro. Também é uma boa compra devido a possibilidade de uma nova distribuição de dividendos até o fim do ano.
Para o analista, mesmo com as várias trocas de presidente da Petrobras, a política de paridade com os preços internacionais se manteve, o que foi positivo para o mercado e para a empresa, diz Varejão. No dia seguinte às eleições, 31, no entanto, a Petrobras abriu o dia em queda. Por volta do meio dia, era a maior queda na Bolsa, com desvalorização de 5,40% para PETR4 e de 4,86% para PETR3.
E as que mais perderam no governo? Dentre as maiores baixas, muitas tiveram problemas de ordem particular, como IRB, que lida com as consequências de uma fraude financeira. Americanas e Ultrapar passaram por reestruturação internas.
Outras foram prejudicadas pela pandemia, como é o caso das empresas de aviação e turismo, e até da concessionária EcoRodovias. As aéreas também perderam por conta da alta do petróleo. Com a redução das viagens de avião, a Embraer também vendeu menos aviões e saiu prejudicada.
As mais afetadas por políticas do governo são as de educação. Além do prejuízo tido com a pandemia, elas sofreram com a diminuição das verbas para o Fundo de Financiamento Estudantil, diz Marcio Loréga, gerente de research do Pagbank. Só em 2022, o Fies teve 35% menos verba que a edição do ano anterior.
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