Quer entrar na Bolsa? Um terço dos novatos investiu até R$ 40, diz B3
As pessoas comuns e investidores iniciantes estão experimentando investir na Bolsa de Valores aos poucos. É o que mostra um estudo feito pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, que analisou o fluxo de novos investidores no mercado de ações em setembro.
No terceiro trimestre do ano, o número de investidores pessoa física que têm ativos em renda variável cresceu 35% em relação ao ano passado, passando de 3,3 milhões para 4,6 milhões.
Dentre as 106 mil pessoas que estrearam em renda variável na B3 naquele mês, 31% fizeram seu primeiro investimento com valores de até R$ 40, diz o estudo, recebido em primeira mão pelo UOL. Outros 29% investiram entre R$ 40 e R$ 200.
Veja abaixo o que isso significa para quem investe na Bolsa.
Quantas pessoas investem na Bolsa hoje? Hoje, 4,6 milhões de investidores estão na Bolsa, alta de 38% em relação ao ano passado. Eles investem com 5,4 milhões de contas, 35% a mais que no ano passado. Na mediana, esses investidores têm R$ 2.000 em ativos na Bolsa, ações ou equities.
Há cinco anos, eram apenas 600 mil investidores. Mas com um valor bem maior na conta: R$ 20 mil.
Não foi só a renda variável que viu aumento no número de investidores. A renda fixa tem 9,6 milhões de investidores. Na mediana, eles têm R$ 8.800 em ativos da renda fixa, queda de 3% em relação ao ano passado.
Já o Tesouro tem 1,7 milhões de investidores, 25% a mais que no ano passado. Na mediana, eles investem R$ 2.300 nos títulos públicos.
O que a entrada desses investidores iniciantes significa? Que a Bolsa está mais democrática. "Os números mostram que o brasileiro continua buscando oportunidades e diversificação de investimentos", diz Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes e pessoa física da B3.
As eleições impactaram esses investidores? Entre o segundo e o terceiro trimestres desse ano, houve um aumento de 200 mil investidores. Em outubro, mês em que houve muitos altos e baixos por conta das eleições, o movimento continuou crescendo.
Desde o começo do ano, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, já subiu 10,7%. Em outubro, apesar da instabilidade, o Ibovespa fechou em alta de 5,45%.
O volume médio negociado por dia no mercado à vista de renda variável aumentou 18%, passando de R$ 7,8 bilhões para R$ 9,2 bilhões. O produto mais negociado foram as ações, com alta de 20% no volume médio diário em relação ao terceiro trimestre.
Os brasileiros, segundo analisa a B3, estão procurando alternativas para investir e decidiram experimentar o mercado de ações "molhando o dedo", ou seja, investindo pouco para saber como é.
"Esses dados demonstram que ainda há um enorme potencial no país e que milhões de pessoas já começaram a diversificar sua carteira para além da tradicional poupança. Isso explica o saldo positivo e crescimento recorrente do número de pessoas físicas nos últimos anos", avalia o diretor.
O que fez esse novo investidor a descobrir a Bolsa? "As pessoas estão buscando mais conhecimento, estão se beneficiando de conteúdos mais amigáveis e se permitindo experimentar, alocando em diferentes produtos financeiros. Essa nova geração tem buscado aplicar recursos em diferentes ativos, desde renda fixa, como CDBs e Tesouro Direto, até renda variável, como ações e ações internacionais com os BDRs", diz Paiva.
Outro fator que conta é a facilidade proporcionada pelos bancos digitais, segundo Marcio Loréga, analista-chefe do PagBank. Ele diz que no PagBank, que é um banco digital, essa corrente já foi percebida. "Muitas vezes o vendedor de açaí, o pequeno empreendedor que usa a maquininha de pagamento do banco vê que sobrou um saldo ali e ele resolve investir. Às vezes começam até com R$ 10", diz ele.
Como a operação toda é feita de maneira simples pelo aplicativo dos bancos, e boa parte deles não cobra taxa de corretagem, as pessoas se sentiram seguras para começar, investindo pouco para ver como é.
Diversificação também é importante. Nesse movimento de experimentação, as pessoas também estão comprando ações de mais empresas que antes. Segundo o estudo, em 2016, 21% dos investidores tinham recursos investidos em mais de cinco tickers, como é o nome dado para cada ação de uma companhia. Hoje, esse número subiu para 37%. Os investidores que têm mais de cinco ações na carteira são responsáveis por 73% do saldo aplicado por pessoas físicas.
Há seis anos, 75% das pessoas físicas na B3 investiam apenas em ações. Em 2022, esse percentual caiu para 33%. Hoje, 14% só aplicam em BDRs e 10% só investem em FIIs. Outros 17% dos investidores investem tanto em ações quanto em fundos imobiliários.
Todos esses números são bons, mas ainda há muito o que crescer. Atualmente, as pessoas físicas são 16% dos investidores da Bolsa. Esse percentual já foi maior. Em 2011, chegou a 24%. Mas também já foi menor: em 2014 e 2015, ele ficou em 15%.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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