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Ação da Petrobras cai depois de propor diminuir pagamentos aos acionistas

Petrobras propõe reter parte dos dividendos para criar uma reserva - Aleksandr_Vorobev/Getty Images
Petrobras propõe reter parte dos dividendos para criar uma reserva Imagem: Aleksandr_Vorobev/Getty Images

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/03/2023 14h29

As ações da Petrobras estão em queda hoje, depois que a empresa divulgou o maior lucro da história e anunciou que vai pagar dividendos aos seus acionistas.

Por volta do meio-dia, PETR3 caia 1,53% para R$ 28,31, e PETR4 perdia 2,17%, para R$ 24,75. Já às 14h20, as ações PETR4 estão em leve queda de 0,63%, enquanto PETR3 cai 0,59%.

A Petrobras que teve um lucro de R$ 188,33 bilhões em 2022, o maior da sua história. O resultado é 76,6% acima dos R$ 106,67 bilhões de 2021, o recorde anterior.

A estatal vai pagar dividendos. O valor é de R$ 2,746 por ação referente ao quarto trimestre - um total de R$ 35,8 bilhões no período.

O problema são os dividendos. A Petrobras informou ao mercado, nesta quarta-feira, que quer reter parte dos dividendos para a criação de uma "reserva estatutária". O valor destinado à reserva seria de R$ 6,9 bilhões, cuja finalidade não foi detalhada. A proposta será submetida à assembleia geral de acionistas da empresa no dia 27 de abril.

O retorno da ação pode ser menor. "O pagamento de proventos parece ameaçado e a gestão futura provavelmente reduzirá os dividendos a níveis bem abaixo do atual", publicou o BTG.

Atualmente, o retorno da Petrobras é de aproximadamente 40%, medido pelo dividend yeld (o valor da ação sobre o valor dos dividendos). O BTG calculou que, se essa reserva for feita, sobrará aos acionistas R$ 29 bilhões em dividendos - ou 9% de retorno sobre a ação.

O mercado acha que o governo pode interferir na empresa, dizem analistas.

De alguma forma, o mercado encara isso como o governo querendo se meter na administração da empresa.
Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos

Rodrigo Azevedo, economista e sócio da GT Capital concorda. "O mercado entende que esse já é um primeiro movimento que deve ser intensificado na futura gestão da empresa", diz o especialista.

Mesmo sem essa reserva, a união federal - como maior acionista da Petrobras - deverá receber R$ 10,2 bilhões em dividendos.

Mais impostos também afetam a ação. Outro ponto que puxa as ações para baixo são os impostos sobre exportação de petróleo. Na terça-feira (28/2) foi anunciado que o Brasil vai taxar a exportação de petróleo por quatro meses. A medida foi apresentada como uma forma de recomposição orçamentária e para atingir a expectativa de arrecadação do governo federal.

Preço dos combustíveis puxou ação para baixo. As ações da Petrobras já caíram no começo da semana. A Petrobras anunciou uma redução de 3,93% no preço médio da gasolina vendida para as distribuidoras e de 1,95% no preço do diesel.

A redução foi feita para compensar a volta da cobrança de impostos sobre os combustíveis. Com isso, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 4,39% na segunda-feira, 28, enquanto as preferenciais (PETR4) caíram 3,48%.

Apesar de todo esse barulho, as ações da empresa estão no positivo este ano. As ordinárias PETR4 acumulam desde o primeiro pregão de 2023 até 1º de março alta de 2,53%, enquanto as preferenciais PETR3 subiram 3,27%. No mesmo período, o Ibovespa caiu 4,88%.

Esses ganhos, porém, podem ter vida curta, segundo Luis Novaes, analista da Terra Investimentos. Isso porque a empresa vai ser afetada pela volta dos impostos sobre os combustíveis, e investidores temem um impacto negativo sobre a estatal e as ações, diz ele.

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