'Perdi R$ 70 mil que eram para cirurgia da minha mãe', diz vítima de golpe
O marceneiro M.S.J., de Indaiatuba (SP), perdeu R$ 69 mil, que seriam destinados à cirurgia de fígado da sua mãe, em um suposto golpe de investimento da empresa LTW Invest.
A cirurgia não era emergencial e foi suspensa na pandemia de covid. Segundo ele, que não quis se identificar, a ideia era fazer o dinheiro render enquanto esperava pela nova data da operação.
Mas ele perdeu tudo depois de decidir investir em ações com a empresa, que prometia lucros altos. Agora, a mãe do investidor está na fila do SUS e deve esperar mais de um ano pela intervenção, com a piora de seu estado clínico.
A empresa prometeu resolver os problemas dos clientes. Mas eles dizem que isso não aconteceu.
Perdeu todo o dinheiro da mãe viúva
Izabel Gravina, de São Paulo, também diz que foi enganada. Ela investiu R$ 160 mil para sua mãe, em 2021.
Não conseguimos mais resgatar o dinheiro, que era tudo que ela tinha. Foi deixado pelo meu falecido pai de herança para ela. A poupança de uma vida. Isso destruiu a nossa família, há brigas entre os filhos.
Izabel Gravina
A companhia era conhecida. Chegou a patrocinar o Flow Podcast, um dos mais ouvidos do país.
Os donos exibiam vida de luxo. Luiz Henrique Brito Mendes e Carolina Lins apareciam nas redes sociais em iates e lanchas, segurando taças de espumante e drinks sofisticados.
A LTW não tinha registro. Apesar de se identificar como uma corretora de investimentos no mercado de ações, a empresa com escritórios em Indaiatuba (SP) e em São Paulo não tinha o registro que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige para que empresas de investimentos atuem no mercado de ações e investimentos.
A LTW estaria se passando por uma corretora e pegava dinheiro dos investidores. A promessa era investir em ações que raramente caem e que poderiam subir muito, num curto intervalo. Toda operação era feita pela empresa.
Os donos convenciam os clientes, mostrando o histórico dos ativos. Em 2021, a empresa fechou as portas.
Depois, a empresa prometeu transferir os valores investidos pelos clientes para outras corretoras. Mas, segundo as vítimas, isso nunca aconteceu.
Em seu site, a empresa exibe uma mensagem: "A LTW Invest iniciou o processo de liquidação a mercado de suas carteiras Advanced, Corporate e Multimercados, porém dependemos da movimentação do mercado para fazer isso o mais rápido possível. Nossa Assessoria irá entrar em contato com cada cliente, para entender o seu problema e ajudá-lo a resolver. "
Advogados calculam milhões em perdas. O escritório de advogados Inhetta de Oliveira, Leite e Rios Barbosa, de Indaiatuba (SP), representa 147 vítimas da LTW e calcula que o golpe pode chegar a R$ 10 milhões.
O caso está registrado no 30º Distrito Policial de São Paulo e os advogados contribuíram com informações para o Boletim de Ocorrência. O escritório abriu um inquérito na Polícia Federal.
O inquérito não evoluiu pois os donos da empresa não foram localizados. Um cliente do escritório chegou a contratar investigadores particulares para localizar Luiz Henrique Brito Mendes e Carolina Lins, mas não houve sucesso.
A reportagem também não conseguiu contato com eles.
Golpes com investimentos aumentaram
As queixas de clientes cresceram 34,19%. São pessoas que reclamam de terem investido e não conseguido recuperar o valor dos investimentos, geralmente em ações. A comparação é do segundo semestre de 2022 com o mesmo período de 2021, segundo o Procon-SP.
A autarquia de defesa do consumidor mudou a plataforma de coleta de dados em julho de 2021. Por isso, não é possível comprar os dados totais de 2022 com os do ano inteiro de 2021. Em janeiro deste ano, já foram registradas 33 queixas desse tipo.
Como se proteger de golpes?
A empresa precisa estar registrada para atuar de forma legal com investimentos em ações. A primeira coisa a se fazer antes de investir é procurar o registro da empresa ou do agente autônomo, diz André Demarco, diretor de autorregulação da BSM Supervisão de Mercados. É possível verificar o registro no site da CVM.
Não há estimativa de quantas empresas ilegais existem. A CVM, o Banco Central, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord) disseram à reportagem do UOL que não têm esses dados.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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