Ações da Casas Bahia desabam na Bolsa. O que está acontecendo?
As ações do Grupo Casas Bahia (VIIA3), nova razão social da Via, desabaram nesta quinta-feira (14). O papel fechou em queda de 18,92%, a R$ 0,90, tendo chegado a R$ 0,76 no pior momento. O tombo ocorre após a empresa captar um valor abaixo do esperado em sua oferta de ações.
O que está acontecendo?
Em 5 de setembro, o grupo de varejo lançou uma oferta primária de ações. A expectativa era vender 778,65 milhões de ações adicionais no mercado.
A ideia era levantar cerca de R$ 1 bilhão para melhorar o capital da empresa. Para isso, a ação teria que chegar a valer R$ 1,28 cada.
A empresa conseguiu levantar apenas R$ 623 milhões. Cada ação saiu por R$ 0,80, desconto de quase 28% em relação ao preço de fechamento do papel na quarta-feira (13), de R$ 1,11. Com isso, o mercado tenta corrigir o valor dos ativos para o que considera o real, afirma Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. Ainda no radar há riscos de uma antecipação de dívida e a possibilidade de investidores desistirem de participar da oferta de ações, destaca a Reuters.
Apesar disso, valor levantado de R$ 623 milhões deve dar um respiro à empresa. A análise é de Vitorio Galindo, diretor de análise da Quantzed, de Londrina (PR).
Por que a meta de R$ 1 bilhão não foi alcançada?
Há desconfiança sobre a gestão financeira da Casas Bahia. Mercado está cauteloso sobre a capacidade de os executivos gerirem a empresa em um cenário de dívidas altas. Além disso, há aumento de inadimplência e juros altos no país, explica Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
A varejista teve prejuízo de R$ 492 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado reverteu o lucro de R$ 6 milhões do mesmo período de 2022. A receita líquida ficou em R$ 7,4 bilhões, em linha com os R$ 7,6 bilhões do mesmo intervalo do ano passado.
A divida total ficou em R$ 3,7 bilhões (endividamento bruto). Além desse total, existe mais R$ 1,5 bilhão com risco sacado, que é uma operação que antecipa os recebíveis dos fornecedores com a intermediação de instituições financeiras.
Mas, nas notas explicativas do balanço, a empresa reporta R$ 8,7 bilhões de empréstimos e financiamentos. Desse total, R$ 5 bilhões seriam de repasse para instituições financeiras referentes a operações com crediário — um dos motivos da oferta pública de ações.
Para complicar, a divida da empresa é corrigida acima da Selic, a taxa de juros básica da economia. Ao ano, ela paga mais de 15% de juros, segundo Galindo.
"A situação financeira da empresa está muito deteriorada e o cenário, ainda de juros altos, afasta os consumidores das compras"
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama
O que fazer com as ações?
Vender. O melhor, segundo todos os analistas consultados, é ficar de fora. A recomendação é não comprar e vender o que ainda tem. O papel vem renovando mínimas desde janeiro de 2016 e apenas em 2023 já acumula queda de mais de 50%.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.