De R$ 100 a R$ 1.000: ação campeã no mundo subiu mais de 900% no ano
Imagine ter investido R$ 100 em janeiro e estar agora com R$ 1.000. Um ganho de 900%. Parece mentira, mas essa aplicação existe é a ação que mais valorizou dentre todos os ativos das dez maiores Bolsas de valores do mundo. É a holding Solowin, negociada na Nasdaq. Mas uma alta tão forte vem carregada de riscos.
Considerando as dez maiores Bolsas (Nova York, Nasdaq, Londres, Euronext, Hong Kong, Japão, Índia, Arábia Saudita e as chinesas Shanghai e Shenzhen), o Investing.com levantou quais são as três ações que mais valorizaram de 1 de janeiro até 20 de maio, dentro e fora dos principais índices desses mercados. O resultado abrangeu duas ações da Nasdaq e uma da NYSE (New York Stock Exchange). Confira:
- Solowin (SWIN) na Nasdaq: 905,7%
- Fitell (FTELL) na Nasdaq: 815,0%
- Sonida (SNDA) na NYSE: 226,1%
Fonte: Investing.com
Considerando apenas as empresas que fazem parte dos principais índices dessas Bolsa, as maiores valorizações também são de Bolsas americanas:
- Super Micro Computer (SMCI) no S&P 500: 215,1%
- Constellation Energy Corp (CEG) na Nasdaq: 95%
- Nvidia (NVDA) na Nasdaq: 81,7%
Fonte: Investing.com
Ações fora de índices, como small caps, rendem mais
Elas são empresas de valor de mercado muito baixo. A Solowin, por exemplo, é uma holding avaliada em US$ 167 milhões. "É muito pouco. A menor empresa do S&P 500, o conjunto das 500 maiores companhias abertas dos Estados Unidos, vale US$ 5 bilhões", diz Charles Burrows, chefe de investimentos internacionais do Neela Bank, se referindo a Lincoln National Corp ($LNC), que vale atualmente US$ 5,3 bilhões.
Nos EUA, cerca de 2.800 companhias tem ações negociadas. No Brasil, a B3 tem no total 445 empresas listadas. "Aqui, quando precisam de dinheiro, as empresas pedem empréstimo em banco. No mercado americano, é mais comum elas irem para a Bolsa", explica Thiago Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise no Brasil.
Nos EUA, é mais fácil e barato entrar na Bolsa. Nem todas as empresas, por exemplo, precisam fazer um IPO (oferta inicial de ações, em inglês). Existem as "Special Purpose Acquisition Company", ou Spacs. É uma forma mais rápida de abertura de capital do que o IPO. As Spacs não têm as mesmas exigências e obrigações de divulgação de dados daquelas que fazem o IPO tradicional.
E isso representa um risco?
Sim, investir em empresas pequenas significa que o investidor pode ganhar muito num dia e perder quase tudo no outro. Isso porque se o acionista compra, por exemplo, US$ 1.000 em ações da Nvidia, por exemplo, isso não faz a ação subir, já que a fabricante de chips vale US$ 2,58 trilhões. Mas, em uma companhia menor, uma compra de US$ 1.000 pode fazer o valor de uma companhia menor disparar. É uma questão matemática.
E há um agravante a mais: Solowin e Fitell são empresas bem pequenas cujo maior acionista são os próprios donos. A Fitell, que é um site de venda de pesos para academias australiano, tem só 42% das ações em circulação e disponível para negociação. Então, se o dono vender ou comprar mais ações, ele pode manipular a alta da companhia.
Foi isso que aconteceu com a Fitell. A empresa - que tem apenas 14 funcionários - fez um empréstimo em janeiro de R$ 3,6 milhões e usou boa parte disso para comprar seus próprios papéis. Por isso a ação disparou tanto.
A Solowin tem apenas 16 funcionários. Dos 16,5 milhões de ações da companhia, 14 milhões estão com os donos. É muito risco.
Então não se deve investir nessas empresas pequenas?
É arriscado, mas há investidores especializados nelas. "Nos Estados Unidos tem investidores focados nessas ações, mas o risco é muito grande", diz Guedes.
O certo é saber onde você está pisando antes de alocar seu dinheiro. A Solowin, assim como a Fitell, não é recomendada.
Com a Sonida é diferente. A Sonida Senior Living Corporation é uma operadora de moradias para idosos nos Estados Unidos. Tem 3.000 funcionários e dos 13 milhões de ações, 11 milhões estão em circulação. Além disso, 13% das ações estão com investidores institucionais, que são, geralmente, fundos de pensão.
Essa é uma boa dica para saber se vale investir. "É sempre bom ver quanto das ações foram compradas por investidores institucionais, é um indício de menor risco", explica Burrows, do Neela Bank.
Dá para ganhar 200% ou até 900% com ações?
Existem maneiras mais seguras de conseguir esses retornos. Investir em empresas que estão dentro dos índices das Bolsas de valores é uma delas. Constellation Energy Corporation, por exemplo, é uma distribuidora de petróleo que vem tendo bons resultados.
A onda do IA pode ser uma boa. A Super Micro Computer, fabricante de servidores que ajudam com aplicativos de inteligência artificial (IA), valorizou por ser de um setor que está em alta, como a Nvidia. A ação que valia menos de US$ 100 um ano atrás, disparou com a explosiva demanda por IA e chegou a mais de US$ 1.000 em abril. "Não é preciso ir para um mercado de empresas desconhecidas para ganhar bastante. É possível ganhar bem com companhias que oferecem menor risco", diz o diretor do Neela.
Fique atento ao "timing"
Entrar numa ação que já subiu 200% ou 500% pode também ser um risco. A onda de alta possivelmente já passou. Por isso é importante se informar sobre o mercado e as projeções de ganhos para esses papeis.
Muitas vezes, é melhor apostar numa empresa que está em baixa. "Quem comprou ações da Meta (META), do Facebook, em julho de 2022, quando a cotação havia caído 60%, agora está com 500% de ganho", diz Burrows.
Como comprar ações de Bolsas estrangeiras
Existem duas maneiras. Uma é investir nos recibos de ações de companhias estrangeiras que a B3 oferece. Outra é abrindo uma conta internacional em bancos ou empresas especializadas. Geralmente, elas não impõe limite mínimo para aplicação.
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