Previdência privada: o que é e como funciona investir para a aposentadoria
Planejar a vida financeira para a aposentadoria deveria ser uma das principais preocupações dos brasileiros, já que o INSS, geralmente, não é o suficiente para manter o custo de vida. Por mais distante que pareça estar, começar a fazer um planejamento na juventude é ainda mais importante, já que o tempo é o principal aliado para ter resultados melhores. Para quem busca outras fontes de renda no futuro, investir em um plano de previdência privada pode ser a melhor opção.
O que é a previdência privada?
No Brasil, existem mais de 14 milhões de planos de previdência privada aberta, sendo que 80% são da modalidade individual, enquanto os demais 20% estão na modalidade coletiva. A aberta é a previdência para qualquer pessoa que queira fazer uma reserva individual e é oferecida por instituições financeiras, como bancos e seguradoras.
Previdência privada aberta também oferece planos individuais. Cada um contrata diretamente o plano e faz contribuições conforme o valor desejado, sem a necessidade de vínculo com empresas ou grupos. Ela também pode ser um PGBL ou VGBL, que são duas modalidades de contratação.
Já a coletiva é aquela contratada por empresas, sindicatos ou associações. São destinadas a grupos de pessoas e é oferecida como um benefício corporativo. Normalmente, elas apresentam condições mais vantajosas devido ao poder de negociação coletiva e à possibilidade de custos administrativos reduzidos.
Números mostram crescimento na arrecadação. Um relatório elaborado pela Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) mostra que, ao longo dos nove primeiros meses do ano, foram arrecadados R$ 146,9 bilhões nos planos de previdência privada aberta no país. O crescimento foi de 17,6% em relação ao mesmo período de 2023. Em setembro de 2024, os ativos em planos de previdência privada ultrapassaram R$ 1,5 trilhão, o equivalente a pouco mais de 13% do PIB.
O cenário de recuperação do emprego e da renda contribuiu para os resultados do setor. Somado a isso, temos o aumento da preocupação com o futuro, com a aposentadoria em particular, o envelhecimento e a necessidade de mais recursos financeiros por mais tempo.
Edson Franco, presidente da Fenaprevi
O número de pessoas que contratam uma previdência privada ainda é baixo, mas o relatório aponta um discreto crescimento. Em setembro de 2024, 11,2 milhões de pessoas possuíam planos de previdência privada aberta, o que corresponde a 7% da população com 18 anos ou mais no Brasil. A alta foi de 1,6% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
PGBL X VGBL
Os planos de previdência podem ser contratados em bancos, corretoras de valores e seguradoras, e eles podem ser apresentados na modalidade PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), indicado para quem declara o Imposto de Renda pelo modelo completo, já que permite deduzir até 12% da renda bruta anual. Na hora do resgate, o imposto incide sobre o total acumulado.
A modalidade VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é recomendada para quem declara pelo modelo simplificado ou é isento do Imposto de Renda. O imposto é cobrado apenas sobre o rendimento no momento do resgate, e não sobre o valor total.
A pesquisa da Fenaprevi mostrou que o VGBL é o favorito dos brasileiros. Atualmente são 8,9 milhões de planos, representando 63% do total das contratações. O PGBL foi a opção escolhida por 22% das pessoas, o que corresponde a 3,1 milhões de planos.
O ideal é começar a investir o mais cedo possível. Alvaro Bandeira, coordenador de economia da Apimec Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil), diz ao UOL que a idade para começar a investir na aposentadoria é o mais cedo possível. Para quem já passou dos 60 anos, pensar em um plano de previdência já pode ser tarde demais.
As pessoas que estão ingressando no mercado de trabalho hoje, que, portanto, recebem salário, recebem renda, devem poupar, e quanto maior for a poupança, melhor será quando estiver mais velho e necessitar desses recursos como uma fonte de renda e uma fonte de sobrevida. Então, quanto mais cedo você começar, melhor e mais suave pode ser o seu programa de investimento em fundos de previdência privada.
Alvaro Bandeira, coordenador de economia da Apimec Brasil
No Brasil, o INSS é o único plano de previdência vitalício e, por isso, ele continua sendo indispensável para as pessoas de todas as idades. Ele faz parte da Previdência Social, que é um sistema obrigatório do governo, e dá garantia de uma renda mensal até o fim da vida para os segurados que atendem aos requisitos de idade e tempo de contribuição estabelecidos. Todos os outros planos privados irão pagar o benefício para o idoso por um tempo estipulado na contratação, que dura em média 10, 20 ou 30 anos.
Como escolher um plano de previdência?
Investimento a longo prazo. Na hora de fazer a escolha de um fundo de previdência, o especialista afirma que é preciso estar ciente que é um investimento de longo prazo, voltado para sua aposentadoria, para quando sua capacidade de ganhar recursos estiver em queda ou até quem sabe ausente.
Cuidado na hora de escolher o plano de previdência. Para escolher uma boa previdência privada, Bandeira diz que é preciso se atentar a instituição e a gestora que está por trás desse fundo.
Não é uma escolha fácil, já que no passado já tivemos vários fundos que quebraram e apresentaram problemas. Mas é importante se precaver da instituição escolhida, observar se apresenta uma gestão eficiente e também se atentar no quadro de pessoas que administram esses recursos. Dê preferência para uma instituição sólida, responsável, com um passado de retorno na gestão de recursos e seja perene ao longo do tempo, para não ter nenhum tipo de transtorno, de no meio do caminho essa instituição quebrar ou ser vendida para a outra.
Alvaro Bandeira, coordenador de economia da Apimec Brasil
Já sobre o rendimento, vai depender se é um fundo passivo, mais conservador, ou se é um fundo mais agressivo, que possibilita ganhos maiores. Um plano de previdência com menos risco pode render até 13% do CDI. Já um mais agressivo pode apresentar rendimentos maiores que isso, justamente para compensar a agressividade e os riscos.
Taxa de administração. Os planos de previdência também costumam cobrar uma taxa de administração, já que ele tem gestores e é um investimento de longo prazo. "É preciso observar quanto é cobrado de taxa de administração e se isso tem relação com a taxa de sucesso, ou seja, quanto o fundo entrega de resultado. Fundos mais agressivos, certamente vão cobrar taxas de administração maiores, mas elas podem variar entre 0,2%, 0,3% até 2%", diz Bandeira.
Avaliar risco antes de escolher o plano. Existem fundos de previdência que se permeiam pelo CDI e outros que operam pela renda variável, com maior possibilidade de retorno e de perdas também. Por isso, é importante que o investidor saiba qual é o risco que ele está disposto a correr para não gerar insegurança quando houver variação.
"No geral, o retorno desse investimento vai depender muito de quanto esse investidor quer poupar e, quanto mais ele poupar, quanto mais aplicar em um fundo de previdência, maior serão os recursos que ele vai tirar no futuro mensalmente quando a sua renda ficar escassa. Esses fundos podem estar rendendo 13% hoje, mas amanhã dependem muito de como os juros se comportarão. Se a inflação cair e os juros caírem, eles vão ter menos rendimento. Se a inflação subir e os juros subirem, eles podem ter maiores rendimento", diz Bandeira.