A Bolsa dos EUA pode entrar em colapso se Trump enfrentar um impeachment?
Nova York, 24 Ago 2018 (AFP) - Diante de um cenário de instabilidade política, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu em uma entrevista televisiva transmitida na quinta-feira (23) que as consequências econômicas de um possível julgamento político sobre ele seriam nefastas. Entenda o que poderia acontecer.
O que Trump disse?
Seus comentários surgiram depois da condenação nesta terça-feira (21) do ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, e de uma declaração de culpabilidade de seu ex-advogado, Michael Cohen.
Esses dois acontecimentos aumentaram os rumores de um possível impeachment sobre Trump, especialmente se os democratas dominam as eleições em novembro.
"Vou te dizer uma coisa: se me submeterem a um julgamento político, acho que o mercado desabaria. Acho que todos ficariam muito pobres", disse Trump em uma entrevista à Fox.
Trump está certo?
Analistas se mostraram céticos, e asseguraram que suas declaração foram hiperbólicas. Mesmo assim, disseram que o mercado financeiro pode ser abalado caso Trump enfrente um processo de destituição.
O chefe de estratégias de investimento da CFRA, Sam Stovall, acredita que as ações podem cair entre 5% e 10% ou até mesmo 20%, mas "não acreditamos que isso leve a uma recessão".
Trump merece crédito pelo mercado altista?
O S&P 500 atingiu seu máximo histórico e registrou 3.453 dias em tendência de alta, sua maior fase "altista" de todos os tempos.
Apesar deste recorde incluir a maior parte da presidência de Barack Obama, Trump se atribuiu o mérito da fortaleza do mercado, após cortes de impostos e flexibilizações regulatórias.
O historiador de Wall Street, Charles Geisst, concorda que essas políticas beneficiaram o mercado, mas disse que o próprio Trump não é determinante para sua continuidade, porque elas contam com o apoio do Congresso.
"Em sua declaração, assume que ele é indispensável para os mercados. Na realidade, é somente uma casualidade", opina Geisst à AFP.
Quais são os riscos de impeachment?
No pior cenário para Trump, ele poderia enfrentar uma eventual destituição depois de um julgamento político e de votações decisivas de ambas as casas do Congresso.
Neste caso, ele seria substituído por seu vice-presidente, Mike Pence, que provavelmente apoia políticas tributárias e regulatórias favoráveis ao mercado, além das políticas comerciais de Trump, que preocupam Wall Street.
O processo de impeachment por si só pode prejudicar a economia se tiver impacto na confiança das empresas e dos consumidores.
Quais foram as reações até o momento?
Até agora, Wall Street tem ignorado notícias referentes a Cohen e Manafort. Nesta sexta-feira, o S&P e o Nasdaq bateram novos recordes.
Os especialistas consideram que as possibilidades de que Trump seja submetido a um julgamento político são de 45%, um novo recorde, disse o cofundador da DataTrek Research, Nicholas Colas, em uma nota na quinta-feira.
Quais foram as reações a outros cenários de impeachment?
Os especialistas indicam dois precedentes para medir a reação do mercado diante de um possível julgamento político.
Em 1974, o presidente Richard Nixon enfrentava uma acusação após as revelações sobre o escândalo de Watergate. O período se associa com uma desaceleração econômica após um aumento dos preços do petróleo.
O mercado financeiro estava sob pressão no final de 1998 quando o presidente Bill Clinton foi submetido a um processo de destituição pelo escândalo sexual de Monica Lewinsky.
Depois, as ações se recuperaram e chegaram ao seu máximo histórico em novembro de 1998, antes de Clinton ter sido absolvido no senado, em fevereiro de 1999.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.