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Drama do Brexit volta ao ponto de partida após cúpula intensa com May

14/12/2018 16h59

Bruxelas, 14 dez 2018 (AFP) - O futuro do acordo do Brexit está em suspenso após o fim de uma reunião de cúpula agitada em Bruxelas, onde a União Europeia (UE) reiterou sua oposição a renegociá-lo à primeira-ministra britânica, Theresa May, que pediu "garantias" para conseguir sua difícil aprovação em Westminster.

Pedidos de "confiança", "conversa acalorada", declarações conjuntas modificadas na última hora... A reunião dos líderes da UE, com o Brexit como tema dominante, terminou sem uma mudança de posições e com a bola campo britânico.

"Ainda há muito trabalho a fazer e vamos ter conversas nos próximos dias sobre como obter garantias adicionais que o Parlamento britânico precisa para aprovar o negócio", disse a premiê ao fim da reunião.

Seus parceiros europeus excluíram novamente "qualquer renegociação do acordo de saída", nas palavras do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e salientou que o problema está no Reino Unido, onde o acordo enfrenta uma maioria hostil de deputados de todos grupos.

"Isto já não corresponde à UE, mas ao governo britânico e ao Parlamento britânico", disse primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que espera conhecer "em breve" quais "garantias" May precisa para garantir apoio do Parlamento.

Apesar da vitória de May em Londres para evitar a moção de censura, a rejeição em Westminster ao acordo de divórcio ainda é possível, especialmente por conta do mecanismo de último recurso acordado para evitar uma fronteira de bens entre Irlanda e Irlanda do Norte, conhecido como 'backstop'.

Os partidários do Brexit temem que país fique atrelado a um "território alfandegário comum" com a UE e nunca recupere sua liberdade comercial, caso o mecanismo entre em vigor pela falta de uma alternativa melhor nas negociações da futura relação comercial.

- 'Confusão' de May -Em um gesto a Theresa May, os 27 reiteram nesta quinta-feira sua promessa trabalhar com rapidez em um acordo durante o período de transição para evitar a entrada em vigor do 'backstop' e que, caso seja utilizado, um "empenho máximo" para substituí-lo por outro pacto.

Os sócios europeus decidiram, no entanto, retirar da declaração um parágrafo sobre a disposição de conceder novas garantias, ante a "confusão" das palavras da 'premier' em seu discurso da véspera, antes do jantar dos mandatários, afirmou à AFP uma fonte diplomática.

A inquilina do número 10 da Downing Street defendeu nesta sexta-feira a declaração dos 27, que ressalta que o "backstop" será aplicado "apenas temporariamente", e defendeu seu "valor jurídico" por ser a conclusão de uma cúpula.

Suas palavras tentam convencer um Parlamento britânico hostil ao acordo Brexit, embora o partido sindicalista DUP, do qual ela depende para ter maioria na Câmara, tenha criticado a resposta da UE e pediu para May "confrontar" o bloco.

"A primeira-ministra prometeu mudanças juridicamente vinculantes", disse sua líder, Arlene Foster, que lembrou que o acordo, que o bloco se recusou a reabrir, não tem o apoio do Parlamento britânico.

A chave para conseguir o primeiro acordo de divórcio de um país em seis décadas de projeto europeu está de fato entre os muros deste palácio de estilo neogótico, sede do Parlamento britânico às margens do Tâmisa.

"O fato é que, por razões políticas internas no Reino Unido, algumas pessoas tentam colocar em perigo a futura relação com a UE", afirmou o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, para quem o problema está nos deputados britânicos.

- 'Conversa acalorada' -O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com quem a premiê britânica admitiu ter tido uma "conversa acalorada", capturada por fotógrafos, pediu para "esfriar o jogo", já que "há um texto de Westminster que vai contra a UE".

Diante de uma possível derrota, May adiou a votação, inicialmente prevista para a terça-feira, para janeiro (dia 21 no mais tardar) e iniciou uma ofensiva diplomática para tentar obter as "garantias corretas" dos sócios europeus de que o 'backstop' não será utilizado.

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, que detém a presidência pro tempore da UE, abriu as portas para uma nova "discussão comum em janeiro" se a votação não for realizada na Câmara dos Comuns ou se seu resultado não for positivo.

"Politicamente, a bola está no campo britânico", disse o primeiro-ministro belga, Charles Michel, dizendo que "não foi decidido realizar uma reunião excepcional [dos presidentes] em janeiro".

Theresa May enfrenta críticas constantes à sua estratégia no Brexit tanto do grupo anti-UE, quanto da oposição trabalhista.

tjc/pb/fp/ll