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Milionário crítico do presidente chinês condenado a 18 anos de prisão por corrupção

22/09/2020 09h55

Pequim, 22 Set 2020 (AFP) - O milionário chinês Ren Zhiqiang, crítico do presidente Xi Jinping, a quem chamou de "palhaço", foi condenado nesta terça-feira (22) a 18 anos de prisão e a pagar multa de 4,2 milhões de yuanes (620.000 dólares) por "corrupção", anunciou um tribunal de Pequim.

Ren Zhiqiang foi condenado por "corrupção, aceitação de subornos, desvio de fundos e abuso de poder", anunciou o Tribunal Popular Intermediário Nº2 de Pequim.

Zhiqiang, 69 anos, ex-diretor de um grupo imobiliário público, foi expulso do Partido Comunista da China (PCC) em julho.

Figura atípica em um ambiente econômico geralmente civilizado, ele nunca foi um homem político. Mas era muito seguido nas redes sociais por causa de seus discursos que lhe valeram o apelido de "dapao" ("o canhão").

Em março ele publicou na internet uma crítica à resposta das autoridades à epidemia de covid-19, que surgiu em dezembro do ano passado na cidade de Wuhan, região central da China.

Zhiqiang chamou Xi Jinping de "palhaço" e acusou o governo de reagir com atraso.

Em abril as autoridades iniciaram uma investigação por "violação da disciplina", um eufemismo geralmente utilizado para designar crimes financeiros. Membro do PCC desde 1974, ele foi expulso do partido em julho.

O golpe de graça veio nesta terça-feira. De acordo com o veredicto, Rem Zhiqiang, ex-presidente do grupo imobiliário Beijing Huayuan, recebeu subornos de 1,25 milhão de yuanes entre 2003 e 2017. A sentença afirma que o milionário "confessou todos os crimes e não apelará" contra a decisão.

Uma vez uma personalidade famosa no mundo dos negócios e do mercado imobiliário, ele também teria usado para seu benefício pessoal ou desviado cerca de 111 milhões de yuans (13,9 milhões de euros) de fundos públicos.

Sinal de certo constrangimento do poder: a rede social Weibo (equivalente ao Twitter) censurou rapidamente os comentários críticos ao governo nas postagens que mencionavam o caso.

Em seu comentário publicado durante a epidemia de covid-19 na China, Ren Zhiqiang foi particularmente crítico em relação ao presidente chinês.

"O Partido protege os seus interesses, os dirigentes superiores protegem os seus interesses e o monarca defende apenas a sua posição central e os seus interesses", escreveu sem citar Xi Jinping.

Desde sua chegada ao poder em 2013, Xi Jinping iniciou uma grande campanha de combate à corrupção, bem recebida pela opinião pública.

Ao mesmo tempo, algumas vozes afirmam que a campanha é utilizada para eliminar potenciais rivais do presidente.

Neste contexto, a conta de Ren Zhiqiang no Weibo foi desativada em 2016, após a publicação de uma mensagem que criticava um discurso de Xi Jinping que incentivava a imprensa oficial a servir ao Partido.

Há vários anos o governo controla e pressiona cada vez mais a sociedade civil. A censura aumentou na internet, muitos advogados foram intimidados ou detidos e os professores mencionam ataques à liberdade de ensino.

Ren Zhiqiang é, de toda forma, uma figura controversa na China por causa de suas posições às vezes muito capitalistas e radicais, especialmente no setor imobiliário.

Enquanto o aumento do preço da moradia nos últimos 20 anos tenha impedido muitos chineses de possuir propriedades, ele disse uma vez que as pessoas que não investiram em tempo "agora merecem ser pobres".

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