'Bolsonaro está apaixonado pela reforma? Claro que não, mas entende que é necessária', diz Guedes nos EUA
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira em Washington que o presidente Jair Bolsonaro "não é falso", "não diz que ama a reforma da Previdência", mas "a entende como necessária".
"É de coração? Bolsonaro está apaixonado pela reforma? Claro que não", disse o ministro a uma plateia de economistas, pesquisadores e investidores no Brooking Institute, em Washington.
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A proposta enviada pelo governo ao Congresso prevê idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres. O ministro também ressaltou que Bolsonaro "votou contra a reforma da Previdência várias vezes" quando era deputado federal.
"Votou contra. E quando ele foi ao Congresso (já como presidente) ele disse: 'vejam, eu me arrependo por votar contra."
"É de coração? Ele está apaixonado pela reforma? Claro que não. Ele é um homem. (Bolsonaro) tem algumas qualidades que são decisivas para a liderança: é transparente, sincero, resiliente, não tem medo de desafios e pronto para apoiar algo que ele não gostaria, mas entende como necessário."
Guedes, que participa de uma série de reuniões nos Estados Unidos até o próximo domingo, prometeu que a reforma será aprovada até julho.
"Ele (Bolsonaro) não é falso. Não diz que ama a reforma. Não. Ele brinca e diz: 'para mim, mulheres poderiam se aposentar aos 20 anos'."
Aplaudido na rua
O ministro fez uma série de comentários sobre a popularidade da reforma durante sua palestra e disse que se tornou "popular" e costuma ser "aplaudido na rua".
"Ficar popular por defender reforma da Previdência é um sinal da maturidade (da sociedade)", afirmou. "Eles entendem que poderíamos virar a Grécia ou Portugal."
Nesta quarta-feira, no entanto, o instituto Datafolha mostrou que 51% dos brasileiros são contra a reforma da Previdência nos termos propostos pelo governo.
Segundo a pesquisa, 41% são a favor, enquanto 7% não sabem e 2% são indiferentes.
Os críticos apontam que o estabelecimento de uma idade mínima para todo o país desconsidera as diferenças sócio-econômicas vistas nos Estados brasileiros.
Enquanto em Santa Catarina a expectativa de vida é de 79,4 anos, em locais Alagoas ou Maranhão, homens vivem em média 67 anos.
Thatcher e 'Chicago Boys'
"Adoraria fazer o que Ludwig Erhard fez na Alemanha, o que Margaret Thatcher (fez no Reino Unido), o que os 'Chicago Boys' fizeram no Chile", disse Paulo Guedes, defendendo reformas fiscais para o Brasil.
Durante sua fala, o ministro formado na Universidade de Chicago, conhecida pelo enfoque econômico ultraliberal, defensor do Estado mínimo e das privatizações, prometeu "reduzir e simplificar" impostos.
"O mercado é o melhor programa de inclusão que existe", disse.
"Vamos unir 4, 5 e 6 impostos diferentes em uma única taxa federal simples", prometeu. "Tudo digital."
Sobre cortes de gastos públicos, Guedes ironizou o luxo das embaixadas brasileiras no exterior - citando Washington e Roma - em relação à dívida do Estado Brasileiro. "São maravilhosas", diz. "Eu olho para estas coisas e penso: 'nós realmente podemos diminuir nossa dívida'."
"Temos mais de um trilhão em estatais. Temos mais de um trilhão em milhares de propriedades. Até a embaixada aqui, construída nos anos 1930, vale muito dinheiro", disse, antes de o embaixador Sérgio Amaral entrar no auditório.
"Quando o embaixador disse brincando que está se aposentando mas não trazendo gastos para vocês eu pensei: 'Bem, podemos vender a casa'", afirmou, gerando gargalhadas. "Estou dormindo lá, é um lugar ótimo."
Nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, decidiu remover Amaral do posto, sem anunciar quem será o sucessor.
'Não tenham pena' do Brasil
Guedes ressaltou diversas vezes a "força das instituições" brasileiras e a "estabilidade da democracia" do país.
Para o ministro, "as instituições melhoraram e se aperfeiçoaram no Brasil", enquanto "o Poder Legislativo marcou sua independência" ao promover impeachments de presidentes "tanto à direita quanto à esquerda" - em referência a Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff.
As falas foram interpretadas por parte da plateia como fruto de pressão ou questionamentos que o ministro vem recebendo de investidores americanos sobre o governo Bolsonaro e a sequência de crises políticas e prisões de autoridades no Brasil - como as dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer.
"Não tenham pena de nós. Nossa democracia é muito vibrante."
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