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O que a reforma da Previdência tem a ver com sua poupança ou suas ações?

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

11/04/2019 04h00

Você tem ideia de como a reforma da Previdência, aprovada ou não, afetará seus investimentos?

Para traçar os possíveis cenários para os principais investimentos, com a aprovação ou não da reforma, o UOL consultou Daniel Cunha, estrategista-chefe da XP Investimentos, Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest, e Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física do Santander.

Seja qual for o desfecho da tramitação, a principal consequência tem a ver com a taxa básica de juros, a Selic. Veja mais abaixo.

O que deve acontecer se ela for aprovada?

A reforma prevê economia de R$ 1 trilhão com o pagamento de benefícios nos próximos dez anos, o que equilibraria as contas públicas do país.

Mesmo que ela sofra mudanças no Congresso e a economia fique entre R$ 600 bilhões e R$ 800 bilhões, as finanças públicas serão sustentáveis no longo prazo.

Isso aumentaria a confiança de investidores e empresários e favoreceria a retomada do crescimento da economia, segundo os analistas.

Se as contas estiverem mais "saudáveis" e a inflação sob controle, eles afirmam que o Banco Central (BC) deverá reduzir mais a Selic, hoje em 6,5% ao ano.

E se a reforma não for aprovada?

O cenário mais pessimista, dizem os analistas, seria a reforma ser rejeitada pelo Congresso. Também é possível que ela seja desidratada pelos parlamentares, e a economia fique abaixo de R$ 500 bilhões em dez anos.

Nesses cenários, a desconfiança dos investidores aumentará. De acordo com os especialistas, o BC deverá subir os juros para que os títulos públicos se tornem suficientemente atraentes para compensar o risco maior de o país dar um calote.

Poupança

O rendimento da caderneta corresponde a 70% da Selic (hoje, 4,55% ao ano). Se a reforma for aprovada e os juros caírem, o ganho da poupança automaticamente será menor. Se não for aprovada e os juros subirem, o ganho será maior.

Se a Selic subir a ponto de superar 8,5% ao ano, a poupança voltará a render conforme a fórmula antiga: 6,17% ao ano mais TR (taxa referencial).

A principal vantagem da poupança em momento de incertezas como o atual é que, apesar de render pouco, ela não está sujeita a oscilações. Você sabe exatamente quanto receberá e pode sacar o dinheiro quando quiser.

Títulos do Tesouro Direto e CDBs

Aqui é preciso separar os títulos e CDBs em dois grupos.

Tesouro Selic e CDBs pós-fixados

Como eles acompanham a taxa básica de juros, são uma boa opção caso a reforma não passe e os juros subam. Se a reforma passar, a tendência é que esses títulos rendam menos, acompanhando a queda da Selic.

Tesouro prefixado, Tesouro IPCA e CDBs prefixados e atrelados à inflação

Tendem a oscilar muito quando há incertezas no mercado. A recomendação é "casar" o vencimento do título com as suas necessidades financeiras, para não precisar sacar antes e correr o risco de perder dinheiro.

Se a reforma for aprovada e os juros caírem, quem comprou esses títulos hoje conseguirá taxas melhores do que quem comprar depois da aprovação do texto.

Se ela não passar, você ganhará apenas a taxa informada no momento da compra do título, e não terá prejuízo, desde que mantenha o investimento até o vencimento.

Saiba como investir em títulos públicos usando o Guia de Economia do UOL.

Ainda vale a pena entrar na Bolsa?

O Ibovespa quase superou os 100 mil pontos em março, depois caiu bastante e agora está se recuperando. Para os especialistas, a Bolsa ainda é a grande aposta para este ano, desde que a reforma seja aprovada.

No cenário mais otimista, o Ibovespa poderá alcançar 125 mil pontos até o fim do ano. É uma valorização de mais de 25% em relação ao nível atual e cerca de cinco vezes o que renderá a poupança durante o ano.

Mas para investir na Bolsa você precisa de conhecimento e disposição para suportar grandes oscilações, especialmente nesse momento de muitas incertezas.

Caso a reforma não seja aprovada ou passe bastante desidratada, as ações podem cair bruscamente, causando grandes prejuízos ao investidor.

Fundos de ações e multimercado

Uma alternativa é investir em um fundo de ações ou multimercado (que pode investir em vários produtos ao mesmo tempo). Seu dinheiro ficará sob os cuidados de um profissional: o gestor.

Isso não significa que o fundo nunca dará prejuízo. Tudo dependerá dos produtos que o gestor colocar na carteira. Pesquise a "lâmina" do fundo para saber no que ele investe e quais são os riscos.

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