O que a reforma da Previdência tem a ver com sua poupança ou suas ações?
Você tem ideia de como a reforma da Previdência, aprovada ou não, afetará seus investimentos?
Para traçar os possíveis cenários para os principais investimentos, com a aprovação ou não da reforma, o UOL consultou Daniel Cunha, estrategista-chefe da XP Investimentos, Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest, e Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física do Santander.
Seja qual for o desfecho da tramitação, a principal consequência tem a ver com a taxa básica de juros, a Selic. Veja mais abaixo.
O que deve acontecer se ela for aprovada?
A reforma prevê economia de R$ 1 trilhão com o pagamento de benefícios nos próximos dez anos, o que equilibraria as contas públicas do país.
Mesmo que ela sofra mudanças no Congresso e a economia fique entre R$ 600 bilhões e R$ 800 bilhões, as finanças públicas serão sustentáveis no longo prazo.
Isso aumentaria a confiança de investidores e empresários e favoreceria a retomada do crescimento da economia, segundo os analistas.
Se as contas estiverem mais "saudáveis" e a inflação sob controle, eles afirmam que o Banco Central (BC) deverá reduzir mais a Selic, hoje em 6,5% ao ano.
E se a reforma não for aprovada?
O cenário mais pessimista, dizem os analistas, seria a reforma ser rejeitada pelo Congresso. Também é possível que ela seja desidratada pelos parlamentares, e a economia fique abaixo de R$ 500 bilhões em dez anos.
Nesses cenários, a desconfiança dos investidores aumentará. De acordo com os especialistas, o BC deverá subir os juros para que os títulos públicos se tornem suficientemente atraentes para compensar o risco maior de o país dar um calote.
Poupança
O rendimento da caderneta corresponde a 70% da Selic (hoje, 4,55% ao ano). Se a reforma for aprovada e os juros caírem, o ganho da poupança automaticamente será menor. Se não for aprovada e os juros subirem, o ganho será maior.
Se a Selic subir a ponto de superar 8,5% ao ano, a poupança voltará a render conforme a fórmula antiga: 6,17% ao ano mais TR (taxa referencial).
A principal vantagem da poupança em momento de incertezas como o atual é que, apesar de render pouco, ela não está sujeita a oscilações. Você sabe exatamente quanto receberá e pode sacar o dinheiro quando quiser.
Títulos do Tesouro Direto e CDBs
Aqui é preciso separar os títulos e CDBs em dois grupos.
Tesouro Selic e CDBs pós-fixados
Como eles acompanham a taxa básica de juros, são uma boa opção caso a reforma não passe e os juros subam. Se a reforma passar, a tendência é que esses títulos rendam menos, acompanhando a queda da Selic.
Tesouro prefixado, Tesouro IPCA e CDBs prefixados e atrelados à inflação
Tendem a oscilar muito quando há incertezas no mercado. A recomendação é "casar" o vencimento do título com as suas necessidades financeiras, para não precisar sacar antes e correr o risco de perder dinheiro.
Se a reforma for aprovada e os juros caírem, quem comprou esses títulos hoje conseguirá taxas melhores do que quem comprar depois da aprovação do texto.
Se ela não passar, você ganhará apenas a taxa informada no momento da compra do título, e não terá prejuízo, desde que mantenha o investimento até o vencimento.
Saiba como investir em títulos públicos usando o Guia de Economia do UOL.
Ainda vale a pena entrar na Bolsa?
O Ibovespa quase superou os 100 mil pontos em março, depois caiu bastante e agora está se recuperando. Para os especialistas, a Bolsa ainda é a grande aposta para este ano, desde que a reforma seja aprovada.
No cenário mais otimista, o Ibovespa poderá alcançar 125 mil pontos até o fim do ano. É uma valorização de mais de 25% em relação ao nível atual e cerca de cinco vezes o que renderá a poupança durante o ano.
Mas para investir na Bolsa você precisa de conhecimento e disposição para suportar grandes oscilações, especialmente nesse momento de muitas incertezas.
Caso a reforma não seja aprovada ou passe bastante desidratada, as ações podem cair bruscamente, causando grandes prejuízos ao investidor.
Fundos de ações e multimercado
Uma alternativa é investir em um fundo de ações ou multimercado (que pode investir em vários produtos ao mesmo tempo). Seu dinheiro ficará sob os cuidados de um profissional: o gestor.
Isso não significa que o fundo nunca dará prejuízo. Tudo dependerá dos produtos que o gestor colocar na carteira. Pesquise a "lâmina" do fundo para saber no que ele investe e quais são os riscos.
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