Na 1ª decisão com novo presidente do BC, juros são mantidos em 6,5% ao ano
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. É a oitava reunião seguida em que os juros são mantidos nesse nível. Em março de 2018, houve queda de 6,75% para 6,5% ao ano, taxa que foi mantida nas oito reuniões seguintes, incluindo a de hoje.
Com isso, a Selic continua em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança segue rendendo menos (leia mais abaixo). A decisão, que foi unânime, foi a primeira com a participação do novo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele substituiu Ilan Goldfajn, que ocupava o cargo desde junho de 2016.
Além de Campos Neto, estrearam no Copom os diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e de Organização do Sistema Financeiro, João Manoel Pinho de Mello. Os três foram indicados para o BC pelo governo de Jair Bolsonaro.
BC diz que decisão foi cautelosa
Ao justificar a decisão, o BC avaliou novamente que "cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas".
Ao mesmo tempo, o BC afirmou que "a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente". "O Comitê julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques a que foi submetida no ano passado", informou o colegiado no comunicado.
"O Copom considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo. O Comitê ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", disse o BC.
Novo presidente prometeu juros mais baixos
Em seu discurso de posse como presidente do BC, na semana passada, Campos Neto disse que vai trabalhar para que o país tenha juros mais baixos. Além disso, afirmou que vai reduzir a concessão de subsídios para empresas e setores de economia.
"A intermediação financeira no Brasil tem de se libertar das amarras que a prendem ao governo. O mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo", declarou na ocasião.
Campos Neto também falou em facilitar o acesso de investidores brasileiros, estrangeiros, famílias e empresas ao mercado financeiro. "Vamos simplificar e desburocratizar o acesso aos mercados financeiros para todos e dar um tratamento homogêneo ao capital, independentemente de sua nacionalidade ou se provém de um grande ou de um pequeno investidor."
Taxa caiu de 14,25% para 6,5% ao ano
Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic, que foi interrompida em maio do ano passado. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano, patamar mantido desde então.
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. A Selic não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros média do cheque especial atingiu em janeiro 315,6% ao ano. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 286,9% ao ano, em média.
Poupança rende menos
Desde setembro de 2017, a poupança passou a render menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,25% este ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 2,75% e 5,75%. Em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 3,89%, dentro da meta do governo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o mercado financeiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, vai se manter nesse patamar e fechar 2019 a 3,89%, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (18).
(Com agências de notícias)
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