Já se passaram 29 dias desde que o primeiro caso do novo coronavírus foi confirmado no Brasil. Mas, até agora, em meio a medidas de distanciamento social que estão derrubando a atividade econômica em todo o mundo, as pequenas e médias empresas brasileiras que estão paradas continuam completamente desassistidas. Muitas, inclusive, não terão como pagar os salários de seus funcionários.
"As empresas paradas não têm condições de pagar salário. E os trabalhadores desassistidos, tem que dar renda para eles durante o período da crise", afirma José Ricardo Roriz Coelho, engenheiro mecânico, 2º vice-presidente da Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp), presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e ex-presidente da Suzano Petroquímica. "Hoje, efetivamente, do que foi anunciado pelo governo, o que uma empresa já pode fazer [na prática]? Muito pouco, quase nada."
Roriz diz que "tomou um susto" ao assistir ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, na noite de terça-feira (24), em que ele criticava as medidas de combate ao coronavírus que teriam clima de "terra arrasada", como o fechamento do comércio e de escolas. "Intempestivamente, você vê no horário nobre de televisão o presidente falar praticamente o contrário do que tem sido dito no dia a dia das pessoas", afirma.
Para o empresário, medidas de injeção de dinheiro para empresas e trabalhadores paralisados pela crise seguiriam o exemplo do que já foi adotado por lideranças de diversos países, inclusive por Donald Trump, presidente dos EUA com quem Bolsonaro tem pública e declarada afinidade. Ao defender a volta das pessoas ao trabalho mesmo com a pandemia de coronavírus, por exemplo, Bolsonaro alegou que Trump iria tomar a mesma medida.
"Qual a diferença do Brasil? A diferença é que o Trump injetou na economia US$ 2 trilhões", afirma Roriz, em referência ao plano anunciado pelo presidente americano para aliviar as consequências da pandemia do coronavírus sobre a economia do país.
Mesmo na crise, no entanto, a demanda não parou para o setor fabricante de plásticos. O empresário diz que, em tempos de alta demanda por produtos hospitalares e descartáveis, a prioridade da indústria de plástico tem sido manter a produção, mesmo com muitas medidas para proteger os funcionários. "A preocupação nossa agora não é com aumentar margem de lucro. Pelo contrário, muitas das empresas estão operando sem margem nenhuma. O importante para nós agora é suprir o fluxo de suprimento para hospitais, para as famílias que estão em casa".
Leia os principais trechos da entrevista:
BBC News Brasil - O que o senhor achou do pronunciamento do presidente sobre o coronavírus?
José Ricardo Roriz Coelho - Eu tomei um susto porque o ministério da Saúde tem feito o que eu considero um excelente trabalho de comunicação sobre o que a população deve fazer para obedecer esses protocolos de segurança, de saúde, e que, pelo que eu tenho acompanhado, está muito alinhado às recomendações da Organização Mundial da Saúde. Então você passa a tarde inteira, todo mundo em casa, tentando atender esses protocolos, e daí, intempestivamente, você vê no horário nobre de televisão o presidente falar praticamente o contrário do que tem sido dito no dia a dia das pessoas.
BBC News Brasil - O que o senhor esperava do pronunciamento?
Roriz - Eu acho que o pronunciamento tem que ser alinhado ao que está sendo dito por especialistas. Acho que é um presidente da República, para fazer um pronunciamento para a nação inteira, ele deve se basear no que é dito pelos especialistas não só da equipe dele, mas das equipes de outros países também. O susto que eu levei é: será que tudo isso que a população está escutando não é o que passa pela cabeça da principal liderança do país, que obviamente deveria ser o presidente da República? Isso gera uma preocupação muito grande, a população obviamente vai ficar confusa. Lógico que têm os que estão mais alinhados com o presidente que vão fazer uma coisa, outros com o que a OMS, com o que o mundo inteiro está fazendo. A gente vê exemplos lá fora, como Coreia do Sul, e maus exemplos, como Itália. Qual deles vamos seguir no Brasil?
BBC News Brasil - Como estão as empresas de plástico durante a crise?
Roriz - A Abiplast reúne 12,5 mil empresas no Brasil. Em um momento como esse o setor está fazendo todo tipo de produtos para saúde, como seringas, bolsa de soro, até tubo, vestimenta de médicos, descartáveis para hospitais, deliveries. A preocupação nossa agora não é com aumentar margem de lucro. Pelo contrário, muitas das empresas estão operando sem margem nenhuma. O que significa que é muito mais caro produzir em situação como essa. Tem que ter todo o cuidado com os funcionários, com o transporte e etc. E muitas dessas fábricas estão funcionando a meia carga. Seria muito mais barato parar e dar férias coletivas para todo mundo, mas estamos operando para que não faltem produtos para áreas essenciais em momentos como esse.
Coronavírus liga alerta pelo mundo
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3.abr.2020 - Vista geral do hospital de campanha Nightingale, no centro de convenções ExCel, em Londres, com capacidade para atender 4.000 pessoas com covid-19
Will Oliver/EFE/EPA 2 / 57
25.mar.2020 - Radial Leste, que liga o centro de São Paulo à zona leste, fica vazia, em função do isolamento social por causa do novo coronavírus
PAULO LOPES/ESTADÃO CONTEÚDO 3 / 57
24.mar.2020 - Profissionais de saúde atendem o público em tenda colocada na parte externa da Clínica da Família da Rocinha, no Rio
Herculano Barreto Filho/UOL 4 / 57
23.mar.2020 - Italianos cantam das janelas durante quarentena em casa para evitar a propagação do novo coronavírus
Massimo Pinca/Reuters 5 / 57
17.mar.2020 - Torre Eiffel, um dos principais pontos turísticos de Paris (França), fica vazia após presidente anunciar restrições contra o coronavírus
Ludovic Marin / AFP 6 / 57
16.mar.2020 - Movimentação de passageiros usando máscaras e luvas na saída da estação Butantã, linha amarela do Metrô em São Paulo
Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo 7 / 57
26.fev.2020 - Passageiros e funcionários usam máscaras de proteção no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, após primeiro caso do coronavírus no Brasil
Zanone Fraissat/Folhapress 8 / 57
11.mar.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, participa de entrevista coletiva em que foi anunciado que a epidemia de covid-19 passa a ser considerada pandemia, pela organização, quando há transmissão simultânea do vírus em vários locais do planeta
Fabrice Coffrini/AFP 9 / 57
11.mar.2020 - Integrante das forças de segurança do Líbano checa temperatura de um visitante em um prédio do governo, na cidade de Saida
Mahmoud Zayyat/AFP 10 / 57
11.mar.2020 - Funcionário de uma estação de ônibus em Narathiwat, na Tailândia, oferece gel para os passageiros limparem as mãos antes de viajarem
Madaree Tohlala/AFP 11 / 57
11.mar.2020 - O papa Francisco celebra cerimônia na Biblioteca do Palácio Apostólico, longe dos fieis, como medida para evitar novas transmissões do novo coronavírus
Divulgação Vaticano/AFP 12 / 57
9.mar.2020 - A Fontana di Trevi, uma das mais visitadas em Roma, teve o acesso bloqueado a visitantes, por conta das medidas do governo italiano contra a disseminação do novo coronavírus
Alberto Lingria/Xinhua 13 / 57
9.mar.2020 - Parentes de presos entram em confronto com a polícia em frente à prisão de Rebibbia, na Itália, após governo decretar normas de prevenção ao novo coronavírus que devem ser seguidas por detentos e seus visitantes
Yara Nardi/Reuters 14 / 57
06.mar.2020 - Homem se protege com máscara em vagão da linha 2 Verde do metrô de São Paulo
Bruno Rocha/Fotoarena/estadão Conteúdo 15 / 57
5.mar.2020 - Integrante de equipe médica prepara substância desinfetante a ser usada em locais públicos de Teerã (Irã)
Nazanun Tabatabaee/Wana/Reuters 16 / 57
5.mar.2020 - Funcionário da companhia aérea italiana Alitalia usa máscara facial para se proteger do novo coronavírus enquanto trabalha no aeroporto de Guarulhos (SP)
Rahel Patrasso/Reuters 17 / 57
05.mar.2020 - Pessoas usam máscaras em meio a preocupações com a disseminação do novo coronavírus COVID-19 enquanto andam de barco em Bangkok
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05.mar.2020 - Equipe médica iraquiana descansa após verificar a temperatura dos passageiros, em meio a um surto de coronavírus, no aeroporto de Najaf
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26.fev.2020-Passageiros usam máscaras protetoras no Irã, após um surto de coronavírus
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28.fev.2020 - Passageiros com máscaras de proteção são vistos no Aeroporto Internacional da Cidade do México, México
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28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
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27.fev.2020 - Jogadores do Ludogorets usam máscaras como medida de segurança contra o COVID-19, o novo coronavírus, a caminho da partida pela UEFA Europa League
Miguel Medina / AFP 24 / 57
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27.fev.2020 - Torcedores usam máscaras em meio à preocupação com o coronavírus antes da partida Gent v AS Roma pela Europa League
Francois Lenoir / Reuters 26 / 57
Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters 27 / 57
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26.02.2020 - Fachada do hospital onde um paciente com o novo coronavírus morreu em Paris, na França
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16.fev.2020 - Ônibus se aproximam do navio de cruzeiro Diamond Princess, atracado na Baía de Yokohama, no Japão, para retirar os passagiros que estavam isolados devido à epidemia do coronavírus
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Plateia assiste ao festival usando máscaras de proteção em prevenção contra a transmissão do coronavírus
Kim Kyung-Hoon/Reuters 31 / 57
16.fev.2020 - Médicos levam primeira parte de pacientes infectados com o novo coronavírus para uma área de isolamento no hospital Huoshenshan, em Wuhan
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16.fev.2020 - Os membros das Forças de Autodefesa do Japão caminham em direção ao navio Diamond Princess, onde 355 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus. Os norte-americanos começaram a deixar o cruzeiro
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16.fev.2020 - Funcionários são vistos antes da evacuação dos passageiros dos EUA do navio de cruzeiro Diamond Princess, onde dezenas testaram positivo para o coronavírus
ATHIT PERAWONGMETHA/REUTERS 34 / 57
17.fev.2020 - Avião com passageiros norte-americanos retirados de navio que est[a em quarentena no Japão devido à epidemia de coronavírus chega à Base da Força Aérea dos EUA, perto da cidade de São Francisco, na Califórnia
Brittany Hosea-Small/AFP 35 / 57
Clientes aguardam abertura das redes Sasa e Mannings na Queen's Road, em Hong Kong, nesta terça-feira (4), às 8h (horário local), em busca de máscaras cirúrgicas
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27.jan.2020 - Equipe médica de hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China, atende paciente
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31.jan.2020 - Tripulação embarca em voo com máscaras no aeroporto de Wuhan, na China
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30.jan.2020 - Todos os 99 pacientes levados ao hospital Jinyintan com coronavírus tiveram pneumonia
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22.jan.2020 - Médicos transferem paciente com suspeita de estar com o coronavírus no hospital Rainha Elizabeth, em Hong Kong
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22.jan.2020 - Paciente com suspeita de estar infectado com o coronavírus internado no hospital Prince of Wales, em Hong Kong
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22.jan.2020 - Funcionário de cassino em Macau mede temperatura de uma mulher antes de sua entrada no prédio
Anthony Wallace/AFP 42 / 57
24.jan.2020 - Desde o dia 23, passageiros que desembarcaram no aeroporto de Guarulhos (SP) vindos da China relataram ter recebido um documento em português, espanhol e chinês sobre sintomas do coronavírus e uma série de orientações
FEPESIL/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO 43 / 57
24.jan.2020 - Médica usando roupas de proteção no hospital da Cruz Vermelha em Wuhan, na China
AFP 44 / 57
25.jan.2020 - O médico chinês Zhou Qiong lidera equipe que atua na prevenção e tentativa de controle da epidemia do coronavírus na China
Xinhua/Cheng Min 45 / 57
24.jan.2020 - Médicos atendem paciente infectado pelo coronavírus no hospital Zhongnan, em Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, na China
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25.jan.2020 - Quase 3.000 casos do novo coronavírus já foram confirmados, a maioria deles na China
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25.jan.2020 - Passageiros usam máscara em vagão do metrô em Paris
ROSIVAN MORAIS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO 48 / 57
26.jan.2020 - Usuários do metrô de Pequim, na China, usam máscaras
Carlos Garcia Rawlins/Reuters 49 / 57
28.jan.2020 - Uma equipe composta por 142 médicos de Xinjiang partiu para Wuhan para ajudar no combate ao coronavírus
Xinhua/Wang Fei 50 / 57
28.jan.2020 - Fila em Hong Kong para comprar máscaras faciais com medo do coronavírus
Tyrone Siu/Reuters 51 / 57
28.jan.2020 - Membros da segurança usam máscaras dentro da estação de trem de alta velocidade que conecta Hong Kong à China continental
Anthony Wallace/AFP 52 / 57
28.jan.2020 - A chefe do Executivo de Hong Kong Carrie Lam usa máscara diante de surto de coronavírus em coletiva de imprensa
Tyrone Siu/Reuters 53 / 57
28.jan.2020 - Pedestres usam máscaras numa região de compras em Tóquio, no Japão
Kim Kyung-Hoon/Reuters 54 / 57
28.jan.2020 - Trabalhador desinfecta instalações públicas em uma comunidade no distrito de Nanchang, província de Jiangxi, China
Xinhua/Peng Zhaozhi 55 / 57
28.jan.2020 - Equipe médica embarca rumo a Wuhan, para auxiliar no atendimento dos pacientes infectados com o coronavírus
Xinhua/Chen Bin 56 / 57
18.fev.2020 - Passageiros que estavam no navio Diamond Princess e foram diagnosticados com o coronavírus são transferidos de ônibis para unidades médicas em Tóquio, no Japão
Athit Perawongmetha/Reuters 57 / 57
17.fev.2020 - Norte-americanos chegam ao aeroporto da base militar em San Antonio, no Texas, após serem retirados do navio Diamond Princess, que está isolado no Japão devido à epidemia do coronavírus
Edward A. Ornelas/AFP BBC News Brasil - Alguns empresários têm sido alvo de muitas críticas por declarações que defendem manter a economia funcionando, mesmo sob o risco de perder vidas. O que o senhor acha?
Roriz - A minha opinião como empresário é a seguinte. Resolvido, ou pelo menos enfrentada a questão humanitária, que fica em primeiro lugar, você tem a crise econômica que vai ter um impacto na vida das pessoas também. O desemprego, a perda de salários, a perda de renda. Agora, atendendo o que é indicado por especialistas da OMS e da área médica você evita uma concentração da contaminação em um curto espaço de tempo, onde você tem milhares de pessoas desassistidas, e você não teria leito no hospital para enfrentar essa situação. Como aconteceu na Itália.
Na minha opinião, é melhor enfrentar essa quarentena agora e mitigar um pouco a evolução desse pico. E manter em um patamar mais baixo o número de pessoas que vão precisar de atendimento hospitalar.
BBC News Brasil - O senhor concorda com essas declarações?
Roriz - Não, eu não concordo. Nós, do nosso setor, estamos produzindo esses produtos sem margem. o importante para nós agora é suprir o fluxo de suprimento para hospitais, delivery. Do ponto de vista de empresário, se tiver uma desorganização geral, as pessoas vão para a rua, vão entrar nos supermercados e fazer saques, vai ter uma desorganização bem maior do que se tivermos uma boa organização e liderança. Executivo, Judiciário, Legislativo tinham que convergir.
BBC News Brasil - Qual tem sido a preocupação dos empresários do setor?
Roriz - A prioridade número um é o pagamento de salários, justamente porque se essas pessoas que já estão confinadas não tiverem o seu salário depositados em dia, vai bater desespero e vai ter um caos na economia. E com que duração? Você não sabe quando vai controlar isso depois. Melhor ter o cuidado com a saúde, todos os protocolos que estão sendo comunicados, e as pessoas receberem os seus salários.
Agora, o que o governo precisava fazer? Tem um grupo de pessoas desassistidas e tem empresas que não estão vendendo nada. Os setores mais prejudicados não têm condição econômica de fluxo de caixa para continuar trabalhando. E o mundo inteiro está ajudando essas empresas. A diferença do Brasil - tem muita gente falando 'ah, mas o Trump fez isso lá'. A diferença é que o Trump injetou na economia US$ 2 trilhões.
BBC News Brasil - E aqui?
Roriz - Até agora, as empresas não viram nada. Imagina um salão de beleza que não pode trabalhar, não está recebendo nada, como vai fazer? Essas médias e pequenas empresas estão totalmente desassistidas.
BBC News Brasil - Qual deveria ser a prioridade do governo agora?
Roriz - Eu acho que você não pode deixar que diminua o consumo, ou seja. Você tem que ter salário para as empresas e tem que ter um programa do governo para suprir essas pessoas que estão sem emprego ou desassistidas agora, durante esse tempo elas tenham algum tipo de remuneração.
BBC News Brasil - Injetar dinheiro tanto para pessoas quanto empresas?
Roriz - Eu acho que as empresas paradas não têm condições de pagar salário. E os trabalhadores desassistidos, tem que dar renda para eles durante o período da crise. Nós ainda não estamos nem no auge da crise.
Hoje, efetivamente, do que foi anunciado, o que uma empresa já pode fazer? Muito pouco. Dizer que 'ah, mas os pagamentos vão ser postergados'. O problema é que a empresa não tem fluxo de caixa hoje. O que tem de efetivo que pode ser implementado hoje para as empresas resolverem seus problemas? Quase nada.
BBC News Brasil - O que preocupa mais nesse tipo de divergência de estratégia entre presidente e ministério da Saúde?
Roriz - Eu acho que a hora não é de divergência. Se existem dúvidas, acho que o presidente, ministro da Saúde, presidente do Supremo, Congresso, eles devem ter um discurso único para a população. Se tiverem divergências lá entre eles, eles que discutam. Mas quando vier a público, para não confundir a população, tragam o que é que a gente precisa fazer para passarmos por essa crise com o menor impacto possível na saúde das pessoas e na economia.
BBC News Brasil - O senhor está mais pessimista ou pessimista em relação ao Brasil nesta crise?
Roriz - Eu sou otimista que eu acho que temos que aprender com os erros. Nós erramos. E tem tempo para arrumar até, pelo que o próprio ministro da Saúde falou, nós vamos ter um colapso no fim de abril. E vai durar até setembro. Então temos tempo para ajustar nossas ações e discursos e precisamos de uma liderança firme que mostre para o país o rumo que está tomando e o que está fazendo para que passemos e cheguemos o mínimo machucado possível depois dessa crise.
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