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Por que os EUA continuam construindo prédios sem o 13° andar?

Patrick Clark

17/02/2015 14h57

(Bloomberg Business) - Se você subiu a um avião, negociou uma ação, ou atravessou dirigindo uma interseção hoje de manhã, parabéns. Você é muito lógico para ter superstições medievais.

E se você estiver lendo isto na cama depois de ter enviado um e-mail ao escritório com o assunto "Vou trabalhar em casa/Sexta-feira 13"?

Então parabéns de novo - você conta com a companhia dos mais audaciosos desenvolvedores de imóveis de Nova York -. Doze séculos depois dos Maus Agouros pela morte de Carlos Magno, eles ainda continuam chamando o andar que vem depois do 12° de 14°.

Menos de 10 por cento dos condomínios de Manhattan com 13 andares ou mais têm um andar com o número temido, disse Gabby Warshawer, diretora de pesquisa na empresa de dados e listagens CityRealty. A estimativa está baseada em 650 arranha-céus que apresentaram declarações de condomínios na cidade de Nova York desde 2003, entre eles edifícios de luxo que estão sendo erguidos agora, como a 53W53 e a 225 W. 57th Street.

Um porta-voz da Otis International, a fabricante de elevadores, estimou uma vez que 85 por cento dos prédios dos EUA com mais de 13 andares evitaram o número azarado. A atual assessoria de imprensa da Otis não pôde confirmar essa estatística.

E os construtores parecem estar ficando cada vez mais supersticiosos, não menos. Prédios mais novos parecem ter ainda mais probabilidades de evitarem o 13° andar do que os mais velhos, disse Warshawer.

Algo mais importante

Além disso, o azar parece ser algo mais importante no extremo superior do mercado de Manhattan, o que frustra as expectativas de que uma pessoa que gasta US$ 10 milhões por um par de centenas de metros quadrados em propriedades longe do solo deva ser um racionalista guiado pelos dados. Warshawer advertiu que seu conjunto de dados, de 650 condomínios, pode ser muito variado para tirar conclusões firmes. "Não se pode achar muito sentido em uma superstição irracional", disse ela racionalmente.

Bem, tentemos. Por que os titãs que tomam emprestados somatórios assustadores para erigir edifícios que desafiam a gravidade e as correntes do vento temem dar o número 13 a um andar?

"O pessoal do marketing quer atrair a maior audiência possível", disse Jacqueline Urgo, presidente da Marketing Directors, uma consultora de imóveis em Nova York que ajuda desenvolvedores a tomar esse tipo de decisões. A maioria das pessoas não se importa com morar no 13° andar, assim como a maioria das pessoas não se importa com sentar na 13° fila em um avião. Mas não há nada que ganhar reduzindo o mercado potencial, disse Urgo.

Para constar, algumas companhias aéreas pulam da fila 12 à 14.

Eis outra teoria para as inclinações místicas dos construtores mestres. Tirar um número do plano de andares serve para fazer um prédio parecer mais alto. Os preços de venda dos apartamentos em 13° andares, isto é, dos poucos que existem, não têm descontos, segundo Jonathan Miller, CEO da taxadora Samuel Miller (e colaborador da Bloomberg View). Mas apartamentos em andares mais altos têm preços mais altos.

Mãe chata

"Na perspectiva do marketing, é bastante poderoso", disse ele. "Quanto mais alto for, menor fica a concorrência. Existem poucas unidades em um 90° andar".

Patrick Kwan, um americano de ascendência chinesa de 33 anos que mora em um novo complexo de apartamentos em Manhattan, achou engraçado que seu moderno prédio, cujos inquilinos podem pedir serviços de zelador por meio de um aplicativo de iPhone, não tenha um 13° andar. Mas ele não estava disposto a morar no quarto ou no 14°andar, já que esses números são azarados para a cultura chinesa.

"Mesmo se eu não tivesse problemas com o quarto ou com o 14° andar, eu tenho certeza de que eu teria que escutar muitas coisas da minha mãe", disse ele.

Título em inglês: 'Why Are We Still Making Buildings Without a 13th Floor'

Para entrar em contato com o repórter: Patrick Clark, em pclark55@bloomberg.net