Opinião: Brasil volta aos Brics por enquanto, mas Ásia ainda chama

(Bloomberg) -- Investir no Brasil deixou rapidamente de ser o pior dos negócios e agora é o melhor. A tentativa de avaliar se as ações e os títulos do país poderão subir mais após o rali deste ano depende da visão sobre as commodities.
O mais certo é que, na comparação com as economias asiáticas de crescimento mais rápido, os mercados do país parecem caros.
O real teve uma valorização de 9,3% até esta altura do ano em relação ao dólar, superando todos os seus pares dos mercados emergentes e reduzindo parte da queda de 33% de 2015.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, está em alta de 23,9% e tem o melhor desempenho entre os principais índices.
Os títulos brasileiros em dólares apresentaram o maior rali entre os grandes mercados emergentes, apesar de a agência de classificação Moody's ter rebaixado o país pela segunda vez em menos de um ano em fevereiro, para Ba2.
Agora, analistas de empresas como Credit Suisse estão exortando os investidores a aumentarem as apostas no Brasil e a reduzirem a exposição à Índia.
Os preços das commodities são uma das razões: até quarta-feira, a correlação de 30 dias entre o índice acionário MSCI Brazil e o índice Bloomberg Commodity estava em 61%, o mais alto desde setembro. Com poucas exceções, essa correlação tem sido consistentemente positiva nas últimas duas décadas.
A alta das commodities é boa para Brasil, Rússia e África do Sul, que exportam matérias-primas, e ruim para China e Índia, que em grande parte as importam. Além disso, porém, há poucos motivos que justifiquem abandonar a Ásia e ir para o Brasil no momento.
Recessão
Veja o crescimento econômico, pilar básico para os lucros corporativos. A economia do Brasil encolheu 3,8% no ano passado e a mediana das projeções em uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg com economistas aponta nova queda, de 3,3%, neste ano.
Enquanto isso, a China cresceu 6,9% e se expandirá 6,5% neste ano, segundo a previsão, enquanto a Índia registrou um avanço de 7,3% e deverá igualar esse desempenho neste ano.
Algumas pessoas argumentarão que a China e a Índia podem estar falsificando os números. Mas os dois países definitivamente estão crescendo e o Brasil não.
E há o problema da moeda. Embora a China tenha mais de US$ 1 trilhão em dívidas corporativas offshore em circulação, o país tem uma economia de US$ 10,8 trilhões. (O número indiano é mais baixo devido a regras aplicadas aos empréstimos internacionais).
O Brasil teve calote recorde no ano passado e as investigações de corrupção estão sendo ampliadas para incluir algumas das maiores empresas.
Petrobras
A Petrobras sozinha tem US$ 52 bilhões em títulos offshore em circulação e o total corporativo é de quase US$ 280 bilhões em dólares, euros, ienes e outras moedas que se tornaram mais caras após a desvalorização de 13,8 % do real nos últimos 12 meses. A economia do Brasil, em comparação, é de US$ 1,8 trilhão.
Depois vêm as métricas. O índice MSCI Brazil denominado em dólar tem um coeficiente preço/lucro de 43,5 vezes, contra 9,3 para a China e 21,9 para a Índia.
Certamente uma recuperação contínua das commodities impulsionaria as empresas do Brasil, assim como um sinal mais claro de que Dilma Rousseff, a pouco popular presidente da República, está perto de sofrer um impeachment.
Mas esses são grandes "se" e, em todo caso, é improvável que toda essa espuma se traduza rapidamente em dividendos maiores.
Essa coluna não necessariamente reflete a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.