Arábia Saudita congelará produção de petróleo se Irã acompanhar
(Bloomberg) -- A Arábia Saudita congelará sua produção de petróleo se o Irã e outros grandes produtores também o fizerem, disse o príncipe herdeiro adjunto do reino, desafiando o principal rival regional do país a assumir um papel ativo na estabilização do mercado de petróleo internacional, que apresenta uma oferta excessiva.
O alerta de Mohammed bin Salman, 30, que surge como uma das principais forças políticas da Arábia Saudita, lança dúvidas sobre o resultado da reunião entre a Opep e outros grandes produtores de petróleo programada para este mês. O Irã já informou que planeja ampliar sua produção após o cancelamento de sanções possibilitado pelo acordo de limitação do programa nuclear do país.
"Se todos os países concordarem em congelar a produção, estaremos prontos", disse Salman em entrevista à Bloomberg. "Se alguém decidir aumentar sua produção não recusaremos nenhuma oportunidade que bater à nossa porta".
Em Londres e Nova York, os preços do petróleo caíram mais de 4 por cento após as declarações e o petróleo West Texas Intermediate eliminou todos os ganhos do ano.
Depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo abandonaram seus esforços para aumentar os preços do petróleo, em novembro de 2014, concentrando-se em proteger sua participação de mercado, a Arábia Saudita ampliou sua produção para uma alta histórica de mais de 10,5 milhões de barris por dia afirmando que os clientes estavam pedindo mais petróleo.
O encontro dos produtores de petróleo, marcado para 17 de abril no Catar, ocorre após uma reunião realizada em fevereiro entre Arábia Saudita, Catar, Rússia e Venezuela, na qual o quarteto tentou um acordo para limitar sua produção ao nível de janeiro. O compromisso, que ajudou a elevar o preço do barril de petróleo brent para mais de US$ 40 em relação ao menor valor em 12 meses, de US$ 27,10 por barril, registrado em janeiro, dependia da adesão dos outros países.
O ministro do petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanganeh, participará das discussões em Doha, mas não se unirá a um congelamento da produção, segundo uma pessoa familiarizada com a política do país. Teerã manterá sua política de reconquistar a participação de mercado perdida durante os anos de sanções, disse a pessoa, que pediu anonimato porque as negociações são privadas.
A Agência Internacional de Energia disse que em fevereiro o Irã, em seu primeiro mês livre das sanções nucleares, elevou sua produção de petróleo ao maior nível em quatro anos, de 3,22 milhões de barris por dia. A Energy Aspects, uma consultoria com sede em Londres, disse que o Irã ampliou as exportações de petróleo em mais 100.000 barris por dia em março.
Limite voluntário
Traders e analistas especularam que Riad poderia estar pronta para limitar voluntariamente sua produção no nível atual, de cerca de 10,2 milhões de barris por dia, mesmo que o Irã não acompanhe a decisão. Indagado na entrevista de cinco horas de duração em um complexo real em Riad se o Irã precisava fazer parte do acordo, contudo, Salman respondeu: "sem dúvida".
"Se todos os países, incluindo Irã, Rússia, Venezuela, os países da Opep e todos os grandes produtores, decidirem congelar sua produção, estaremos entre eles", disse.
Reformas econômicas
O príncipe disse que a Arábia Saudita estava pronta para suportar a crise do petróleo reformando sua economia.
"Eu não acredito que o declínio dos preços do petróleo represente uma ameaça para nós", disse ele, acrescentando que a elevação dos preços, embora traga benefícios orçamentários para o reino, também é "uma ameaça ao tempo de vida do petróleo".
Salman sugeriu que os preços subirão nos próximos dois anos à medida que a demanda continuar crescendo, mas deixou claro que Riad tem muito pouco apetite pelo retorno da gestão à produção da Opep que moldou a indústria do petróleo durante 30 anos.
"Para nós, trata-se de um mercado livre governado pela oferta e pela demanda e é assim que nós lidamos com o mercado", disse.
Título em inglês: Saudi Arabia Will Only Freeze Oil Production If Iran Joins
--Com a colaboração de Alaa Shahine Glen Carey Deema Almashabi e Andrew J. Barden Para entrar em contato com os repórteres: John Micklethwait Riyadh, micklethwait@bloomberg.net, Riad Hamade em Dubai, rhamade@bloomberg.net, Javier Blas em Londres, jblas3@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier
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