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Análise: O que a ata do Fed sinaliza e por que

Mohamed El-Erian

28/04/2016 10h57

(Bloomberg) -- O Federal Reserve agiu conforme o esperado na quarta-feira: manteve as taxas de juros inalteradas e usou uma linguagem um pouco mais agressiva, aumentando a probabilidade de um aumento da taxa de juros em junho.

Especificamente:

A direção do Fed ressaltou que as condições do mercado de trabalho melhoraram mais, embora "o crescimento da atividade econômica pareça ter desacelerado". Trata-se de uma distinção importante -- não apenas porque o emprego faz parte explicitamente da dupla função oficial do Fed, mas também porque é um bom augúrio para os aumentos salariais e para a inflação, o segundo objetivo do banco central.

O Fed minimizou os riscos representados por "acontecimentos globais econômicos e financeiros" na economia dos EUA, mas disse que iria "monitorá-los de perto".

Pela terceira vez seguida, a direção do Fed evitou fornecer uma diretriz sobre o balanço de riscos. Isto poderá gerar a especulação de que a omissão não reflete simplesmente uma decisão de curto prazo e sim que pode indicar o desejo de renunciar a um instrumento de comunicação adicional que poderia confundir os participantes do mercado em vez de informá-los.

A cúpula do Fed sem dúvida será encorajada pelas reações favoráveis do mercado a esse comunicado ligeiramente mais agressivo. Isto é especificamente importante para um banco central que, exceto em condições de crise, não deseja surpreender os mercados. Em vez disso, sente-se feliz por validar as expectativas do mercado que ajudou a gerenciar em uma relação de codependência que se tornou estranhamente íntima.

Vista como um todo, a mensagem do Fed sugere que o banco central, viciado em dados, está amplificando os sinais de que a reunião de junho está "viva". Suspeito que o segundo aumento dos juros em 10 anos dependerá de uma combinação de melhorias graduais contínuas no mercado de trabalho e nas expectativas salariais, juntamente com uma relativa e contínua calma econômica e financeira internacionalmente. E suspeito que parte significativa da avaliação será influenciada pelo comportamento dos próprios mercados financeiros.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.