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Gestores globais de fundos espalham riscos de eventos de junho

Anooja Debnath e Marianna Aragao

30/05/2016 16h02

(Bloomberg) -- O chefe global de taxas de um fundo de US$ 1,7 trilhão não pode passar um mês nos bastidores para evitar riscos, independentemente do tamanho deles.

O referendo britânico sobre a adesão à União Europeia, uma decisão de política monetária do Federal Reserve, uma reunião da Opep e a perspectiva de outra eleição geral confusa na Espanha estão previstos para junho. Gostem ou não, os maiores investidores precisam assumir posições, em particular para espalhar seu risco, segundo David Tan, do JPMorgan Asset Management em Londres.

"Não podemos nos esconder", disse Tan, acrescentando que os títulos soberanos estão em demanda porque têm um histórico de suportar a volatilidade do mercado melhor que muitas outras classes de ativos. "A chave é a calibragem de nossas exposições, assim como a garantia de que os portfólios estejam bem diversificados".

Os gestores de recursos, com dificuldades para desenvolver uma visão clara do mercado além de junho, dizem que estão recorrendo ao ouro e ao iene japonês, que tendem a tirar proveito quando os investidores se tornam mais conservadores. Os títulos soberanos das grandes economias estão sendo usados como hedge, embora os yields estejam próximos das mínimas históricas. Eles caíram para menos de zero em US$ 8,3 trilhões em dívidas, ou cerca de um terço do total, com base no Bloomberg Global Developed Sovereign Bond Index.

Mesmo assim, muitos fundos de renda fixa estão registrando retornos positivos neste ano. O fundo do JPMorgan EU Government Bond que Tan administra ganhou 3,3 por cento em 2016, superando 83 por cento de seus pares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os eventos de risco para os investidores começam já nesta semana, com o encontro de ministros da Opep em Viena para discutir os níveis de preços e de produção de petróleo, uma reunião do Banco Central Europeu e a divulgação dos dados do mercado de trabalho dos EUA de maio.

Junho pode produzir "agentes catalisadores de aversão ao risco nos mercados financeiros globais", considerando que as opções já incorporaram aos preços uma volatilidade "concretamente maior" para o final do mês, disse Mark Dowding, gestor de recursos em Londres da BlueBay Asset Management, que administra US$ 58 bilhões. "Claramente haverá um senso elevado de risco no mês de junho".

Dowding disse que está evitando títulos corporativos de maior risco. Diferentemente dos mercados de renda fixa -- nos quais é difícil prever a reação de um ativo a diferentes cenários --, ele está usando moedas estrangeiras como a "forma mais clara" de hedge.

"Há um consenso universal de que, em caso de Brexit, inicialmente veremos uma queda muito forte da libra", disse Dowding, em referência à possível decisão do Reino Unido, em votação, de sair da UE. "Na medida em que tentamos fazer hedge e proteger as carteiras, estamos assumindo posições vendidas para a libra para refletir essa ideia".