Análise: Fase doce do mercado de açúcar tende a se prolongar
(Bloomberg) -- Agora é um bom momento para reparar quanto pesa aquela barra de chocolate. Se os preços do açúcar continuarem na trajetória deste ano, a gostosura pode ficar menor.
O açúcar bruto chegou ao maior preço em quase duas semanas na semana passada. Chuvas fortes no Brasil, o maior exportador do mundo, prejudicaram o processamento de cana. Paralelamente, preços robustos da soja fazem com que o grão tome o lugar do açúcar nas filas de embarque nos portos do País.
No fim de maio, os estoques globais de açúcar se encontravam no menor nível desde 2011, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, refletindo uma dinâmica que tende a elevar os preços.
Mas isso é só o começo. A empresa de trading ED&F Man afirmou à Bloomberg News que a Índia, segunda maior produtora mundial de açúcar, passará à posição de importadora líquida na temporada 2016-2017, que começa em outubro. Mais chuvas durante as monções neste ano não bastarão para compensar a seca dos dois anos anteriores e a produção ficará em menos de 23,5 milhões de toneladas, calcula a ED&F Man.
As curvas no mercado futuro para o contrato de referência número 11 de açúcar bruto já estão subindo e os preços para entrega no mês que vem estão 24 por cento maiores do que um ano atrás. Comparado ao início da última safra na Índia, em outubro de 2015, os preços para entrega no mês seguinte estão 43 por cento mais elevados.
O que não passa despercebido pelos traders. As posições compradas líquidas por fundos de investimento dispararam no mês passado para o maior nível desde pelo menos 2006, de acordo com dados da Comissão de Negociação e Futuros de Commodities dos EUA (CFTC). Esse movimento otimista pode ser interpretado de duas maneiras: existe estímulo para a alta de preços ou pode indicar que apostas especulativas e voláteis estão puxando o mercado tanto quanto as táticas de hedge por produtores comerciais.
Há motivos para crer no fôlego dessa alta do açúcar. O índice de força relativa do contrato, que mede o sentimento dos traders, ainda não se encontra em território que possa sugerir exagero nas compras ou queda iminente, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Já a produção da Tailândia, que está entre as 10 maiores, foi a menor em pelo menos cinco anos na temporada encerrada em abril. A União Europeia, que já foi a segunda maior exportadora por causa da beterraba, cancelou planos no mês passado para elevar estoques devido à oposição de alguns países integrantes.
No Brasil, produtores que tomaram empréstimos pesados em dólares enfrentam agora recuperação judicial e reestruturação de suas dívidas, o que tende a limitar investimentos e oferta adicional ao mercado.
Isso deve ser suficiente para manter a doçura do mercado de açúcar por algum tempo.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial da Bloomberg LP e seus proprietários.
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