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Ata pode explicar mensagem vaga do Fed sobre juros nos EUA

Matthew Boesler

16/08/2016 09h13

(Bloomberg) -- Quando os integrantes do banco central americano (Federal Reserve) se reuniram no fim de julho, um quadro mais benigno sobre o mercado de trabalho dos EUA já havia se delineado e a decisão do eleitorado do Reino Unido de sair da União Europeia havia passado sem fazer muito estrago nos mercados financeiros.

A mudança mais notável no comunicado divulgado pelo Comitê de Mercado Aberto do Fed (FOMC) após o encontro de 26 e 27 de julho foi uma observação tranquilizadora de que os "riscos de curto prazo para a perspectiva econômica diminuíram". Ainda assim, não houve alerta sobre um aumento da taxa básica de juros.

A ata daquela reunião, que será publicada na quarta-feira, talvez ajude a explicar a opção dos integrantes do Fed por não sinalizar o momento de sua próxima medida. Embora o panorama de curto prazo pareça mais otimista, preocupações cada vez maiores sobre questões de prazo mais longo, como o crescimento econômico potencial mais lento - discutido extensivamente durante o encontro do FOMC em junho -, possivelmente continuam adiando o aperto monetário.

"Ainda há muita incerteza acerca do que deve ocorrer no médio prazo e longo prazo", afirmou Millan Mulraine, vice-chefe de pesquisa e estratégia para os EUA na TD Securities, em Nova York. "Isso fala por si só em termos de onde a postura da política monetária se encontra agora - acho que está claramente onde estava em junho, o que significa que não sabemos para que lado as coisas vão, portanto não faremos nada por enquanto."

A presidente do Fed, Janet Yellen , não tem entrevista coletiva com a imprensa agendada para após a  divulgação do comunicado para discutir seu conteúdo. Ela fará uma palestra em 26 de agosto no simpósio anual promovido pelo escritório regional do Fed de Kansas City em Jackson Hole, no Estado de Wyoming. A próxima reunião do FOMC acontece nos dias 20 e 21 de setembro e há uma conversa marcada com Yellen para logo em seguida.

Desde a reunião de julho, comentários públicos feitos até pelos integrantes conhecidamente mais cautelosos do FOMC - como o responsável pelo escritório do Fed em Nova York, William Dudley , e Charles Evans, responsável por Chicago - sugerem haver acordo de que um aumento de juros talvez seja adequado no fim deste ano. O que não se sabe é se há consenso sobre uma mudança na política de juros já em setembro.

Contratos futuros indicam chance de um em cinco de aumento dos juros no mês que vem .

O responsável pelo escritório do Fed em São Francisco, John Williams , e Robert Kaplan , responsável por Dallas, também declararam desde a reunião de julho que uma elevação dos juros em 2016 é provável, sendo que Kaplan afirmou que uma decisão em "setembro é bastante considerada", caso os dados econômicos divulgados até lá justifiquem essa medida.

O relatório divulgado pelo Departamento do Trabalho dos EUA em 5 de agosto mostrou forte criação de empregos pelo segundo mês seguido: 255.000 em julho, após 292.000 em junho. Os dois resultados aliviaram preocupações que surgiram após o relatório mostrando geração líquida de apenas 24.000 vagas em maio. Os integrantes do Fed poderão avaliar mais um mês de resultados do mercado de trabalho antes da reunião de setembro.