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Formadores de mercado rapidíssimos se tornam potência no câmbio

Lananh Nguyen

13/09/2016 13h08

(Bloomberg) -- Já arraigados nos mercados acionários, os formadores de mercado que atuam de modo eletrônico e em alta velocidade estão tendo uma recepção não tão calorosa nos mercados de câmbio. Mas não há muita escolha.

Os investidores que atuam por algoritmos mais que triplicaram seus volumes cambiais nos últimos três anos, aproveitando o espaço deixado por bancos de Wall Street que se distanciam das transações com moedas, de acordo com a consultoria Aite Group, de Boston. O novo grupo de formadores de mercado está negociando quase US$ 200 bilhões por dia. Parece pouco para o enorme mercado global de moedas, mas é bom lembrar que o volume diário de ações negociadas em todas as bolsas dos EUA soma aproximadamente US$ 270 bilhões.

Instituições que não são bancos correm para aumentar a liquidez cambial: a Citadel Securities LLC aumentou seus volumes cambiais em 83 por cento no primeiro semestre, a Global Trading Systems LLC triplicou suas atividades desde a decisão do eleitorado do Reino Unido de sair da União Europeia e a Jump Trading LLC avisa que pretende expandir a formação de mercado de modo direto.

"Os participantes do mercado podem manter o status quo e continuar no passado ou podem fazer a escolha de evoluir, avançar com os tombos e acompanhar os tempos", disse Sara Wardell-Smith, responsável global por negociação e venda de câmbio do Wells Fargo & Co., em São Francisco. "Enquanto houver preço, serviço e recursos, por que não consideraríamos essas entidades de liquidez alternativa?"

Críticos argumentam que não se pode confiar que essas empresas de alta velocidade se mantenham a postos quando a situação fica difícil. Eles citam o livro "Flash Boys - Revolta em Wall Street", do autor Michael Lewis, que descreveu situações em que traders de alta frequência usavam redes avançadas de computação para sair à frente de outros participantes do mercado.

Embora mantenham uma aura de segredo, formadores de mercado de atuação eletrônica negam essas acusações. Eles dizem que estão restaurando a liquidez em um setor que se retraiu após um escândalo de fixação de preços que foi causado pelos bancos, não por firmas como as deles.

"No passado, traders de alta frequência costumavam ser o bode expiatório de coisas que o setor não podia explicar", disse John Shay, vice-presidente sênior para mercados globais da Virtu Financial Inc., em Nova York. "Adiantando para o dia de hoje: em vez de acusar outros participantes do mercado, usuários finais inteligentes estão analisando a execução e fazendo perguntas significativas a suas contrapartes."

Os formadores de mercado de atuação eletrônica - que garantem que os clientes consigam comprar e vender quando querem - afirmam que estão provendo liquidez muito necessária ou a capacidade de negociar sem afetar os preços. Eles dizem que querem se provar como contrapartes confiáveis que usam tecnologia sofisticada para oferecer preços justos mesmo nas condições de mercado mais turbulentas, como logo após o Brexit. Essas instituições também estão falando mais abertamente sobre suas operações.

"Em dias voláteis e importantes, estamos lá, não recuamos", declarou Jamil Nazarali, responsável pela Citadel Execution Services, o braço de formação de mercado do grupo, em entrevista no escritório de Nova York. "Novos provedores de liquidez vieram para ficar e seremos um fator grande no mercado." A firma oferece preços de 28 pares de moedas a mais de 100 clientes e mantém posições por vários minutos, na média.

Poucas opções

Os clientes não têm tantas opções. Em resposta a regulamentações mais rígidas, os bancos globais estão se retirando do mercado cambial, que movimenta US$ 5,1 trilhões por dia, ou recolocando o foco nos clientes de maior margem.

As atividades de venda e negociação de câmbio em 12 dos maiores bancos do mundo encolheram 28 por cento entre 2010 e 2015, de acordo com a empresa de pesquisas Coalition Development Ltd., sediada em Londres.