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Atuação de hackers no espaço preocupa diretora da Nasa

Nafeesa Syeed

12/04/2017 17h10

(Bloomberg) -- Cientistas da Nasa coletam dados valiosos sobre explosões espaciais e energia dos buracos negros enviados pelos satélites Swift e Fermi. Esses projetos foram elaborados para durar poucos anos, mas sobrevivem há mais de uma década.

Isso é ótimo para pesquisadores, mas um desafio para Jeanette Hanna-Ruiz porque os sistemas operacionais desses computadores estão defasados. Ela é diretora de segurança de informação da agência espacial americana e responsável por proteger os dados enviados de e para o planeta Terra de ataques cibernéticos.

"É questão de tempo até alguém invadir algo no espaço", disse Hanna-Ruiz, 44 anos, em entrevista concedida em seu escritório em Washington. "Nos consideramos um alvo muito atraente."

Na Nasa, a segurança da informação abrange desde a manutenção de sistemas de e-mail na sede em Washington à proteção de redes na Rússia, onde cidadãos americanos trabalham na Estação Espacial Internacional. A agência também precisa proteger enormes quantidades de dados científicos produzidos internamente e controlar sistemas em 20 centros de pesquisa, laboratórios e outras instalações nos EUA.

Controles de comando

Uma das preocupações de Hanna-Ruiz é que hackers intervenham nas comunicações entre a Nasa e uma de suas 65 espaçonaves que transmitem dados de pesquisa.

"Pode haver alguma empresa que queira, algum Estado que queira", disse Hanna-Ruiz. O desafio, segundo ela, é saber como blindar esses fluxos de comunicação.

Seu maior pesadelo é um ataque cibernético direto contra um satélite, talvez permitindo que adversários assumam os controles.

Hanna-Ruiz é advogada e começou a trabalhar na Nasa em agosto. Ela já foi gestora dos serviços de consultoria da Microsoft e teve funções de assessoria no Departamento de Segurança Nacional e na Casa Branca durante o governo do ex-presidente Barack Obama.

O objetivo dela nos próximos 12 a 18 meses é "ter o controle da nossa rede interna" e trabalhar com as missões espaciais na questão de cibersegurança.

No ano passado, a Nasa registrou 1.484 "incidentes cibernéticos", incluindo centenas de ataques a partir de websites e aplicativos de internet, além da perda ou roubo de equipamentos, segundo relatório anual sobre o desempenho do governo federal em segurança da informação que foi enviado ao Congresso em março.

A Nasa pretende mostrar que "lidera em segurança - é aí que queremos chegar", afirmou Hanna-Ruiz.

Testes pré-lançamento

É fundamental construir foguetes, satélites e outros instrumentos que sejam seguros antes de serem lançados. Os engenheiros submetem equipamentos a testes para verificar se conseguem suportar as condições no espaço, sujeitando-os a vibração severa e temperatura congelante.

"Temos muita gente focada em levar coisas para o espaço", disse Hanna-Ruiz. "Elas não necessariamente pensam em segurança. A verdade é que não sei se quero que pensem em segurança. Quero que estejam empolgadas e apaixonadas para chegar ao espaço."