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Startup de satélites mira baixo custo em mercado de US$ 8,5 bi

Hanna Hoikkala e Raine Tiessalo

07/02/2018 15h48

(Bloomberg) -- A Tesla pode ter dominado as principais manchetes sobre o espaço. Mas uma startup finlandesa está trabalhando em sua própria pequena revolução científica capaz de ajudar o planeta Terra a se conhecer um pouco melhor.

A Iceye, com sede na região metropolitana de Helsinque, lançou o primeiro microssatélite com radar de abertura sintética (SAR, na sigla em inglês) do mundo em janeiro. Trata-se de um corpo celestial de apenas 70 quilos que custa menos de US$ 10 milhões (incluindo satélite e lançamento).

O ICEYE-X1, que foi lançado do Centro Espacial de Satish Dhawan, na Índia, e está em órbita a mais de 500 quilômetros, já está transmitindo imagens para a Terra. O primeiro dispositivo é capaz de tirar uma foto do solo na qual cada pixel representa uma área de cerca de 10 metros quadrados.

A startup é apenas uma das cerca de 20 empresas de smallsat (satélite pequeno) e cubesat (uma classe de nanossatélites) que miram uma fatia de um mercado que poderia aumentar para US$ 8,5 bilhões até 2026, segundo a Euroconsult. "Com uma abordagem de baixo custo, a empresa deve conseguir fixar preços competitivos para dados e serviços", disse Marco Garcia, coordenador de vendas da Euroconsult, à Bloomberg.

A observação da Terra tem o potencial de melhorar, por exemplo, a navegação de embarcações, o monitoramento de crescimento florestal e as observações das correntes oceânicas e da cobertura de gelo do Ártico. Pode ajudar também com vigilância de segurança e com coleta de informações de inteligência.

Embora a resolução seja inferior à de dispositivos de imagem de satélite de alta qualidade existentes, a geração acessível de imagens encontrará clientes, disse Rafal Modrzewski, CEO da Iceye, por telefone. Os satélites de baixo custo podem fazer em termos de imagens espaciais o que os telefones celulares fizeram com a fotografia: expandir o mercado sem excluir o outro, disse.

O SAR envia ondas de rádio ao solo e, em seguida, cria uma imagem com base na energia que retorna ao dispositivo. Funciona com todos os tipos de condições climáticas, segundo a empresa. Além disso, com apenas 70 quilos, o satélite finlandês com SAR é significativamente mais leve do que os que estão atualmente em órbita, que tendem a pesar mais de 1.000 quilos.

A Iceye identificou dois mercados para sua tecnologia. O mercado de serviços de dados, de menor porte, atualmente soma cerca de US$ 1,5 bilhão, mas deverá dobrar até 2025, disse o CEO. O mercado de serviços de informação, de maior porte, deverá somar cerca de US$ 5 bilhões em 2025.

Segundo a Northern Sky Research, os lançamentos de satélites com 1 a 500 quilos poderão superar a casa de 5.000 globalmente na próxima década, contra cerca de 300 em 2017.

O mercado atualmente enfrenta dúvidas a respeito de quantos atores pode suportar, afirmou a NSR em relatório.

"Desafios como o acesso ao lançamento, o financiamento e as redes de distribuição de produtos/serviços espaciais continuam restringindo o crescimento do mercado", disse Carolyn Belle, analista sênior da NSR, à Bloomberg. "Mas prevemos a expansão contínua do mercado ao longo da década de 2020."