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Grande Barreira de Corais mostra `sinais de recuperação'

Colin Bertram

10/09/2018 15h49

(Bloomberg) -- Após alertas terríveis sobre a morte de corais devido ao branqueamento massivo de 2016 e 2017, a Tourism and Events Queensland emitiu uma "atualização positiva" a respeito da situação da Grande Barreira de Corais da Austrália, afirmando que algumas áreas afetadas mostram "sinais de recuperação significativos".

O Reef & Rainforest Research Centre (RRRC), uma organização sem fins lucrativos, divulgou sinais de recuperação devido ao verão mais ameno de 2017-2018 e à cooperação entre ciência, indústria e governo no apoio à recuperação do recife, segundo relatório emitido na quarta-feira pelo governo do estado de Queensland.

Estendendo-se por mais de 2.300 quilômetros ao longo do espetacular litoral de Queensland, a Grande Barreira de Corais é o recife de coral mais longo do mundo e o primeiro ecossistema de recifes de corais a receber o título de Patrimônio Mundial da Unesco.

O branqueamento de corais ocorre quando o coral sofre estresse devido à temperatura elevada da água ou à má qualidade da água. Em resposta, o coral ejeta uma alga fotossintética chamada zooxantela, o que remove a cor característica do coral. Se as condições de estresse persistirem, o coral morrerá, aponta o relatório, mas se as condições retornarem a níveis aceitáveis, alguns corais poderão reabsorver a substância e se recuperar.

O RRRC, em cooperação com a Associação dos Operadores Turísticos de Parques Marinhos, realizou pesquisas detalhadas nos principais locais de mergulho turístico em torno da cidade de Cairns em 2016 e 2017 e afirma que certos recifes que estavam fortemente afetados pelo branqueamento mostram sinais significativos de melhora.

O branqueamento de corais ocorre em diversos estágios, segundo Sheriden Morris, diretora administrativa do RRRC, desde o equivalente a uma leve queimadura de sol até a morte dos corais.

"Quando a imprensa noticia que um coral foi 'branqueado', muitas vezes não informa detalhes fundamentais, como a gravidade do branqueamento, a profundidade em que ocorreu e se danos permanentes serão causados ao coral naquele local", disse Morris, no comunicado, acrescentando que a Barreira de Corais "tem uma grande capacidade de se recuperar de impactos na saúde, como eventos de branqueamento".

As alegações de que o recife inteiro está morto devido ao branqueamento severo são "descaradamente falsas", disse Morris. Ainda assim, ela adverte que a recuperação "depende das condições ambientais" e que o recife "pode sofrer mais eventos de branqueamento com a persistência do aquecimento climático".

O impacto total do branqueamento de 2016, que danificou ou destruiu 30 por cento dos corais do recife em águas rasas, ainda não foi totalmente avaliado, segundo relatório divulgado na terça-feira pela Nature Research Journal.

Em abril, o governo federal australiano anunciou a doação de 500 milhões de dólares australianos (US$ 379 milhões) para a Grande Barreira de Corais com o objetivo de enfrentar desafios como a mudança climática, estrelas do mar que comem corais e a qualidade da água afetada pelo escoamento agrícola.

A Deloitte Access Economics avaliou o recife em 56 bilhões de dólares australianos em 2017, com base no fato de que a estrutura sustenta dezenas de milhares de empregos e contribui com 6,4 bilhões de dólares australianos por ano para a economia australiana.