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O que tem funcionado no plano para salvar empresas da China

Bloomberg News

09/11/2018 14h27

(Bloomberg) -- Primeiro vieram os pronunciamentos das autoridades chinesas. Depois uma enxurrada de medidas para recuperar os mercados de capitais e resgatar empresas em apuros.

Mas será que estão funcionando?

Após semanas de esforços do governo chinês para ajudar o grande mercado acionário de pior desempenho no mundo e tratar da inadimplência que bate recordes, nota-se algum sucesso: as bolsas estão bem menos voláteis e mais empresas estão emitindo dívidas com taxas menores. Mas analistas não estão convencidos de que os esforços produzirão solução sustentável para os problemas financeiros que empurraram empreendedores para a beira do abismo.

"Não há remédio milagroso que cure essa doença", disse Dai Ming, gestor de fundos da Hengsheng Asset Management, em Xangai. "O suporte de liquidez vai nos tirar de uma crise financeira pequena e impedir riscos macroeconômicos maiores, mas não solucionará a questão fundamental das dificuldades de financiamento para empresas privadas e de menor porte."

Listamos as medidas tomadas pelo governo, banco central e instituições financeiras da China nas últimas semanas para garantir a oferta de liquidez no sistema financeiro.

Ações dadas como garantia

Após o tombo das bolsas desencadear uma onda de chamadas de margem, o governo mandou o setor financeiro cuidar dos riscos associados a empréstimos garantidos por ações. Os bancos receberam ordem para parar de liquidar ações dadas como garantia, as corretoras separaram recursos para aliviar a falta de financiamento para empresas listadas, enquanto fundos mútuos e seguradoras foram recrutados para comprar instrumentos financeiros. As empresas também contribuem após a facilitação das regras de recompra de ações. Governos locais em Pequim, Shenzhen e Guangzhou prometeram apoio.

As medidas ajudaram a conter a espiral descendente das ações chinesas, mas o sentimento continua ruim. As corretoras, que fornecem a maior parte dos empréstimos garantidos por ações, reforçam proteções em preparação para perdas. A bolsa de Shenzhen, que concentra ações de tecnologia, amarga a pior performance no acumulado do ano desde 2008.

Mais empréstimos

A China pediu que os grandes bancos aumentem a concessão de empréstimos para empresas privadas para pelo menos um terço dos novos empréstimos. No caso dos bancos de pequeno e médio porte, a meta é dois terços. É a primeira vez que as autoridades definem metas específicas para concessão de empréstimos no setor privado. É um pedido e tanto e acionistas reagiram mal na sexta-feira. O temor é que os bancos fiquem com mais créditos de recebimento duvidoso nos balanços.

Proteção ao crédito

O banco central trouxe de volta um instrumento de hedge pouco utilizado, que protege detentores de títulos corporativos de calotes, o que ajuda empresas não estatais a emitir dívidas. O Banco Popular da China avisou que liberaria recursos para instituições financeiras que oferecem esses instrumentos, estimulando emissões.

Alternativas para ações

Sucessos iniciais no mercado de títulos convenceram o banco central a estudar alternativas parecidas para o mercado acionário. A instituição pediu que instituições financeiras apresentem ideias e mostrou disposição a liberar recursos para esses programas.

Swaps de dívidas

O maior banco estatal chinês expandiu o programa de troca de títulos por ações, dando chance de sobrevivência a firmas que talvez não tenham dinheiro para pagar juros ou resgatar títulos pelo valor de face. O Industrial & Commercial Bank of China fez acordos iniciais com 50 empresas sob o programa.

--Com a colaboração de Tongjian Dong.

To contact Bloomberg News staff for this story: Sofia Horta e Costa em Hong Kong, shortaecosta@bloomberg.net;Amanda Wang em Xangai, twang234@bloomberg.net