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Bolsas sinalizam recessão nos EUA, mas Wall Street discorda

Lu Wang

17/12/2018 12h54

(Bloomberg) -- As cotações oscilam bastante, as emoções se sobrepõem à lógica, os sinais aparecem e somem. Há motivos de sobra para duvidar que o mercado acionário seja um bom barômetro para a economia americana. Talvez seja melhor assim.

Quem procura indícios nas bolsas só vê coisa ruim. Foram eliminados US$ 3 trilhões em valor de mercado, com banho de sangue nas ações de tecnologia e transporte. Em alguns círculos, fala-se em recessão diante da queda dos múltiplos e do retorno negativo. Uma semana relativamente calma terminou com o Dow Jones Industrial Average levando um tombo de 495 pontos.

Em Wall Street, muita gente olha para a carnificina e conclui que o mercado errou. Mas e se não estiver errado? Afinal, embora o mercado acionário tenha previsto "nove das últimas cinco recessões", como brincava o economista Paul Samuelson, seu histórico de sucesso é melhor que o dos seres humanos.

"Eu geralmente fico ao lado do mercado porque o mercado representa a opinião de um número imenso de investidores", disse John Carey, gestor de fundos da Amundi Pioneer Asset Management, em Boston. "O mercado pode estar errado, mas eu nunca deixaria de considerar o que o mercado indica."

No fechamento de sexta-feira, o S&P 500 estava 11,3 por cento abaixo da pontuação de encerramento de setembro e metade de seus componentes amarga perdas superiores a 20 por cento. O índice Nasdaq 100 recuou 13,9 por cento desde o recorde atingido em agosto. O Russell 2000, que acompanha small-caps, perdeu 19 por cento. Todos os três indicadores estão no vermelho em 2018.

Para especialistas, o movimento de queda não quer dizer muito. Avaliando a trajetória declinante do S&P 500 nos últimos 12 meses, David Kostin, estrategista-chefe de renda variável do Goldman Sachs para os EUA, entende que o mercado está precificando crescimento econômico nulo. Ele considera a hipótese pessimista demais, uma vez que o banco projeta expansão de 2,5 por cento no ano que vem.

Robert Buckland, estrategista-chefe global de renda variável do Citigroup, tem uma abordagem parecida para os lucros futuros. O MSCI World All-Country Index embute queda de 1 por cento nos lucros das empresas em 2019, enquanto colegas de Buckland no banco projetam aumento de 5 por cento.

"Nossos modelos sugerem que as bolsas globais estão pessimistas demais em relação à perspectiva para os lucros", escreveu Buckland em relatório divulgado na quinta-feira. "Isso sugere que os investidores devem aproveitar para comprar na baixa."

No entanto, à medida que as perdas se aprofundam, fica mais difícil ignorar suas implicações. Os mercados exageram e o sentimento do investidor se abala facilmente.

Correções como esta ocorreram seis outras vezes desde o início do período de longo prazo de ganhos no mercado acionário dos EUA, em 2009. Todos esses episódios motivaram preocupações em relação ao crescimento econômico, mas nenhuma recessão se concretizou.

"O mercado está errado", disse Anik Sen, responsável global por renda variável da PineBridge Investments. "Claramente houve uma desaceleração, mas a desaceleração pode ser bastante transitória, a nosso ver."