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Petróleo sobe depois de cair abaixo de US$ 50 por turbulência

Verity Ratcliffe

26/12/2018 12h48

(Bloomberg) -- O petróleo em Londres caiu para menos de US$ 50 o barril pela primeira vez desde julho de 2017, e depois se recuperou, em meio a uma turbulência geral do mercado financeiro e a preocupação com a oferta dos EUA, que neutralizaram os sinais de que a coalizão Opep+ poderia ampliar ou aumentar os cortes na produção.

Os futuros chegaram a cair 1,1% no primeiro dia de "trading" (negócios) após a queda de 6,2% na segunda-feira. O ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, tentou tranquilizar os investidores dizendo que o mercado será mais estável no primeiro semestre de 2019 devido ao acordo entre a Opep e seus aliados para reduzir a produção e que os produtores reagirão se a situação mudar. Enquanto isso, o índice S&P 500 está a ponto de cair em um "bear market".

O petróleo despencou mais de 40% em relação ao valor mais alto em quatro anos, atingido em outubro, devido à perspectiva de um excesso de oferta.

Embora a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, entre eles a Rússia, tenham concordado em cortar a produção neste mês, os investidores se mostram céticos em relação à possibilidade de que as reduções sejam suficientes para reduzir a oferta crescente, especialmente de xisto dos EUA.

Ao mesmo tempo, a guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, com a China e a política de taxas de juros do Federal Reserve obscureceram as perspectivas de crescimento econômico global.

A "caça às pechinchas" depois do "sell-off" de antes do Natal e a fraca liquidez nesta quarta-feira (26) podem ter provocado o aumento de preço, disse o analista de commodities da Emirates NBD Edward Bell.

"Uma vez que voltarmos a um nível mais normal de volume de negócios esperamos que o mercado torne a buscar drivers fundamentais que apontem para um início suave em 2019."

O Brent para entrega em fevereiro chegou a cair US$ 0,54, para US$ 49,93 o barril, na Bolsa ICE Futures Europe, com sede em Londres, e depois reduziu as perdas e era negociado a US$ 51,37 às 12:28 em Londres.

Os preços caíram US$ 3,35, para US$ 50,47, na segunda-feira. Não houve pregão na terça-feira (25), dia de Natal. O petróleo bruto de referência global foi negociado com um prêmio de US$ 7,94 em relação ao West Texas Intermediate.

O WTI para entrega em fevereiro subia para US$ 43,83 o barril, na Bolsa Mercantil de Nova York às 12h31. O contrato caiu US$ 3,06, para US$ 42,53, na segunda-feira. O volume total negociado foi de cerca de 19% acima da média de cem dias.

Embora a Opep e seus parceiros estejam agendados para se reunirem em abril, eles podem realizar uma reunião a qualquer momento se uma resposta rápida for necessária, disse Novak em entrevista ao canal de TV Rossiya 24.

A fala do ministro russo se junta às observações do ministro de energia dos Emirados Árabes, Suhail Al Mazrouei, sinalizando que os produtores poderiam realizar uma reunião extraordinária da Opep e discutir restrições adicionais, se necessário.

"Há vários fatores pessimistas nos mercados de petróleo e a situação não vai melhorar tão cedo", disse Satoru Yoshida, analista de commodities da Rakuten Securities em Tóquio. "Os preços do petróleo podem subir se a Opep+ fizer anúncios sobre medidas específicas", incluindo cortes adicionais, disse Yoshida.

Em mercados financeiros mais amplos, os investidores ainda estavam preocupados, pois faltam apenas 7 pontos para o índice de ações S&P 500 cair em um "bear market". As ações globais tiveram seu mês mais brutal desde 2008 devido a especulações de que a política monetária mais rígida do presidente do Fed, Jerome Powell, afetará o crescimento.

(Com a colaboração de Tsuyoshi Inajima)