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Todo mundo quer ser o próximo Elon Musk (pelo menos na China)

Blake Schmidt

16/01/2019 15h06

(Bloomberg) -- A Tesla está contratando pessoal na China, e as corporações chinesas estão contratando no quintal da Tesla.

Uma cerimônia em Xangai, na semana passada, que contou com a presença do CEO da Tesla, Elon Musk, marcou o início das obras da que será a primeira fábrica no país exclusivamente pertencente a uma fabricante estrangeira de veículos. Enquanto isso, no reduto da Tesla, o Vale do Silício, cerca de uma dúzia de fabricantes de carros elétricos pertencentes a ou financiadas por chineses estão abrindo as portas ou recrutando ex-colegas de trabalho de Musk. Essas startups bem financiadas, algumas das quais ainda não venderam nenhum carro, estão comprando fábricas, testando protótipos nas ruas e mobiliando escritórios extravagantes na região da Baía de São Francisco. A contratação de um ex-executivo da Tesla se tornou um prêmio cobiçado.

"Todo mundo quer ser o próximo Elon Musk - o Elon Musk da China", disse Martin Eberhard, cofundador da Tesla na época em que a empresa se chamava Tesla Motors. Ele fez parte do conselho da fabricante chinesa de veículos elétricos SF Motors depois que a companhia comprou a startup que ele fundou após sair da Tesla.

A empresa que mais ostenta ex-funcionários da Tesla é a Faraday Futures, uma startup formada pelo ex-bilionário chinês Jia Yueting que começou a operar no ano passado em uma fábrica de pneus reformada em Hanford, na Califórnia - a uns 320 quilômetros da fábrica da Tesla em Fremont. Uma busca no LinkedIn mostra que mais de 70 funcionários da Faraday mencionam a Tesla em suas experiências de trabalho - mas nem todos continuam na empresa, após saídas recentes - e a Faraday costuma se gabar de contratar "profissionais de primeira linha", como Jeff Risher, ex-diretor de propriedade intelectual e litígios da Tesla.

'Brilho ocidental'

O investimento de capital de risco em fabricantes chinesas de veículos elétricos quase dobrou no ano passado, para US$ 6,4 bilhões, segundo a Pitchbook, apesar de a China ter reprimido as fusões e aquisições agressivas em setores como imóveis e cassinos. Muitas das empresas que aspiram a ser como a Tesla começaram a tentar fazer alianças com as rivais locais de Musk.

"Se você conseguir vender um carro na China com suficiente brilho ocidental, você pode receber 30 por cento a mais pelo mesmo carro", disse Eberhard, que foi almoçar em um de seus Tesla Roadster na Buck's, uma lanchonete kitsch do Vale do Silício conhecida como ponto de encontro de magnatas da tecnologia. "O que é preciso para conseguir esse brilho ocidental? Abrir uma empresa no Vale do Silício, contratar ocidentais."

Roubar profissionais da Tesla está ficando mais fácil porque a empresa de Musk inchou - ele tuitou em outubro que "a equipe da Tesla" incluía 45.000 pessoas - e tende a demitir executivos seniores e outros trabalhadores com regularidade. A Lucid Motors, parcialmente financiada pela Tsing Capital, que tem sede em Pequim, contratou como diretor de tecnologia o ex-vice-presidente de engenharia de veículos da Tesla, Peter Rawlinson; se mudou para instalações de maior porte em frente à fábrica da Tesla; e levantou US$ 1 bilhão do Fundo de Investimentos Públicos da Arábia Saudita.

As assessorias de imprensa da Tesla na China e na América do Norte não responderam a pedidos de comentários.

--Com a colaboração de Mark Bergen e Chloe Whiteaker.