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Pilgrim's Pride é processada por rotular frango como `natural'

Lydia Mulvany e Deena Shanker

07/02/2019 13h01

(Bloomberg) -- Os consumidores americanos pagam mais, de bom grado, por alimentos rotulados como "naturais", "orgânicos" ou "humanos". As empresas de alimentos descobriram isso há muito tempo e acrescentam essas promessas a todo tipo de produto. Mas para quem compra pode ser difícil perceber se essas promessas são verdadeiras ou se são estratégias vazias.

Uma ação judicial contra a gigante dos frangos Pilgrim's Pride, apresentada pelos grupos de defesa Food & Water Watch e Organic Consumers Association, se concentra nessa questão. E eles fizeram isso em um dos tribunais indiscutivelmente mais pró-consumidores dos EUA.

O problema é o slogan da empresa com sede em Greeley, Colorado, EUA, que afirma que suas aves são alimentadas "apenas com ingredientes naturais", tratadas de forma humana e produzidas de maneira ecologicamente responsável, segundo queixa apresentada na quarta-feira ao Tribunal Superior do Distrito de Colúmbia, em Washington.

As práticas da empresa não condizem com essas alegações, afirmam os queixosos. As aves vivem em armazéns lotados e insalubres, são maltratadas pelos empregados e têm condições de saúde debilitantes devido à sua raça, que foi desenvolvida para crescer rapidamente, segundo documentos judiciais. Elas são criadas com a ajuda do uso rotineiro de antibióticos para promover o crescimento e alimentadas com organismos geneticamente modificados, alegam os grupos de defesa no processo.

Os queixosos estão pedindo uma liminar e publicidade corretiva. A Pilgrim's Pride não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário enviados por e-mail na quarta-feira.

A Pilgrim's Pride atualmente enfrenta contestações em relação à sua rotulagem em várias frentes. Em dezembro, a empresa foi alvo de uma queixa aberta pela Humane Society dos EUA na Comissão Federal de Comércio dos EUA, que afirmou que a Pilgrim's Pride estava "escaldando galinhas plenamente conscientes" como resultado de seus métodos de abate, mas que declarava em seu website na época que suas aves estavam sendo produzidas "o mais humanamente possível. "

Na época, Cameron Bruett, porta-voz da Pilgrim's Pride, uma subsidiária da gigante brasileira de processamento de carne JBS, rejeitou as acusações da Humane Society.

"A Pilgrim's está comprometida com o bem-estar das aves que estão sob nossos cuidados", escreveu Bruett, por e-mail. "Agradecemos a oportunidade de defender nossa abordagem para o bem-estar animal contra essas falsas alegações."

O texto citado pela Humane Society depois desapareceu de vários lugares no website da empresa. A Pilgrim's Pride afirmou na época que a mudança do texto fazia parte de uma atualização planejada há muito tempo.

"A empresa está em uma posição difícil", disse o advogado John E. Villafranco, que trabalha com legislação publicitária no escritório Kelley Drye & Warren. O distrito no qual o processo foi apresentado tem "talvez o estatuto de proteção ao consumidor mais tolerante do país".