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China desafia EUA com importação de farelo de soja da Argentina

Crescem temores de que a guerra comercial possa levar a recessão global
Imagem: Crescem temores de que a guerra comercial possa levar a recessão global

Jonathan Gilbert

11/09/2019 09h32

Em guerra comercial com Washington, Pequim busca alternativas aos produtos agrícolas dos Estados Unidos. A China abriu as portas para os embarques de farelo de soja da Argentina, o maior exportador mundial do produto usado como ração.

O país asiático finalmente vai permitir importações de farelo de soja da Argentina, após duas décadas de negociações, disse o Ministério da Agricultura do governo argentino em comunicado por e-mail na terça-feira.

Pequim evita importar farelo de soja argentino porque prefere comprar o grão de soja e processá-lo na China para dar impulso às esmagadoras do país. Mas a guerra comercial está virando as cadeias globais de fornecimento de cabeça para baixo.

Primeiro, para evitar a soja americana, a China se voltou para o Brasil e, em menor grau, para a Argentina. Agora, deu mais um passo e aceitou o farelo de valor agregado da Argentina, embora a medida possa desagradar suas esmagadoras.

Resta saber se a China realmente vai importar farelo de soja argentino. Os países ainda precisam ajustar detalhes burocráticos antes que os carregamentos possam ser enviados, segundo Gustavo Idigoras, chefe da câmara de exportação e esmagamento Ciara-Cec. Os detalhes incluem a aprovação final da China às esmagadoras da Argentina, que deve sair no próximo mês, e a inclusão do farelo de soja no registro alfandegário da China, o que pode levar cinco meses, disse Idigoras.

Em agosto, uma delegação chinesa visitou unidades de esmagamento no Rio Paraná, administradas pela Bunge, Louis Dreyfus, Cargill, Aceitera General Deheza, Molinos Rio da Prata, Cofco e Renova, que é uma joint venture entre a Glencore e a Vicentin.

Exportar para a China daria impulso às esmagadoras da Argentina. As margens de lucro estão em queda e a capacidade ociosa aumentou para mais de 50%.

O anúncio chega em um momento em que a China expande sua presença na América Latina, como, por exemplo, em projetos de infraestrutura na Argentina, desde usinas hidrelétricas até ferrovias.