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Em escalada, Arábia Saudita decide aumentar produção de petróleo

Sala da turbina em uma usina de energia, que queima petróleo cru para produzir eletricidade, na Arábia Saudita - Sergey Ponomarev/The New York Times
Sala da turbina em uma usina de energia, que queima petróleo cru para produzir eletricidade, na Arábia Saudita Imagem: Sergey Ponomarev/The New York Times

Javier Blas, Matthew Martin e Grant Smith

10/03/2020 06h55

A Arábia Saudita intensificou a guerra de preços do petróleo com a Rússia na terça-feira. A petroleira estatal saudita se comprometeu a fornecer um recorde de 12,3 milhões de barris por dia no próximo mês, um grande aumento da produção para inundar o mercado.

O salto da produção, de mais de 25% em relação ao mês anterior, coloca a oferta da Aramco acima de sua capacidade máxima sustentável. Isso indica que o reino decidiu usar até seus estoques estratégicos para despejar o máximo de petróleo no mercado e o mais rápido possível. Em fevereiro, a Arábia Saudita produziu cerca de 9,7 milhões de barris por dia.

É a mais nova manobra do que deve ser uma longa e amarga guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita. Na segunda-feira, os preços de referência do petróleo caíram mais de 20%, a maior queda intradiária desde a Guerra do Golfo em 1991, o que criou um caos nos mercados globais de ações e títulos.

O governo da Rússia respondeu em minutos ao que parecia uma guerra de palavras. Alexander Novak, ministro de Energia do país, disse que a Rússia tinha capacidade de aumentar a produção em 500 mil barris por dia. Isso colocaria a produção da Rússia potencialmente em 11,8 milhões de barris por dia, um recorde.

"Bem-vindo ao livre mercado", disse Bob McNally, fundador da consultoria Rapidan Energy Group e ex-funcionário da Casa Branca. "O mundo está prestes a aprender muito rápido a importância de um 'swing producer' para a estabilidade, não apenas para o mercado global de petróleo, mas também para a economia e geopolítica em geral", disse McNally em referência aos produtores com influência para equilibrar o mercado.

EUA e outros países ocidentais começam a se preocupar com a guerra de preços do petróleo entre duas das nações mais poderosas do mundo. Na segunda-feira, o Departamento de Energia dos EUA denunciou, em um raro comunicado, "tentativas de atores estatais de manipular e abalar os mercados de petróleo".

Mesmo com o aumento da produção e guerra de palavras dos dois lados, Novak disse que a porta não está fechada para futuras negociações. Ele disse que a Opep+ poderia se reunir em maio ou junho.