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Restringir viagens de avião é ineficaz contra coronavírus, diz associação

Bogdan Khmelnytskyi/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Bogdan Khmelnytskyi/Getty Images/iStockphoto

Harry Suhartono

12/03/2020 06h53

(Bloomberg) — Na avaliação de uma associação de companhias aéreas asiáticas, os governos devem reverter ou abster-se de impor restrições de viagens, pois o coronavírus agora se propaga principalmente por transmissão local e não por casos importados.

"Com o avanço do surto de covid-19 em todo o mundo, é hora de repensar fundamentalmente as restrições de viagem", disse a Associação de Companhias Aéreas da Ásia-Pacífico (AAPA, na sigla em inglês) em comunicado, pouco antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a suspensão de viagens da Europa continental para território norte-americano por 30 dias.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) já declarou que o surto se tornou pandemia. Os casos globais ultrapassam 123 mil, com mais de 4.500 vítimas. O vírus se espalha rapidamente pela Europa, onde as mortes na Itália subiram 31% em um dia, para 827 ontem.

O setor aéreo mergulhou em uma profunda crise com a menor demanda por viagens seca e bloqueio de fronteiras. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) disse que companhias aéreas globais podem perder até US$ 113 bilhões em receita de passageiros este ano.

Essa previsão sombria é anterior às restrições de Trump às lucrativas rotas transatlânticas. Cerca de meio milhão de voos foram cancelados este ano apenas para a China, segundo a empresa de dados de viagens Cirium.

O índice Bloomberg de companhias aéreas da Ásia-Pacífico, que inclui empresas como Cathay Pacific Airways, Singapore Airlines e Air China, acumula queda de 22% este ano e está no nível mais baixo desde 2014.

A Qantas Airways, que pretende reduzir quase 25% de seus serviços internacionais por seis meses, mostra o pior desempenho do indicador este ano, com queda de 49%.

"A proliferação de restrições de viagens em todo o mundo e a adesão insuficiente ao RSI (Regulamento Sanitário Internacional) impõem enormes custos à sociedade com pouco ou nenhum benefício à saúde pública", disse o diretor-geral da AAPA, Andrew Herdman, no comunicado.

Mais de 90 países impuseram restrições de viagem, mas apenas 45 estados informaram a OMS sobre as medidas e forneceram justificativa de riscos para saúde pública, disse a AAPA, citando um relatório da OMS de 10 de março.

A AAPA disse que o setor aéreo segue rigorosamente as diretrizes da OMS e da IATA sobre higiene, inclusive para a limpeza de aeronaves e lounges, e que não tem conhecimento de nenhuma infecção atribuída à transmissão a bordo.

Os governos devem "reconsiderar fundamentalmente a lógica de tais restrições e medidas de viagem, levando em consideração a perturbação causada aos meios de subsistência das pessoas e as repercussões negativas na economia em geral", disse Herdman.

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