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Verde vê neblina e SPX alerta para tempestade: Fundos em Foco

Bolsa de valores de São Paulo - AMANDA PEROBELLI
Bolsa de valores de São Paulo Imagem: AMANDA PEROBELLI

Felipe Marques e Vinícius Andrade

Da agência Bloomberg, em São Paulo

18/05/2020 18h28

A turbulência no cenário político brasileiro está deixando os principais gestores de recursos do país mais reticentes na hora de apostar nos ativos locais.

A Verde Asset Management, de Luis Stuhlberger, disse em nota aos clientes que está mais difícil alocar mais capital em meio a uma "neblina de incertezas". A SPX Capital, de Rogério Xavier, foi ainda mais longe, dizendo que uma "tempestade perfeita" atingiu o Brasil em posição frágil, diante de sua dívida pública extremamente elevada. A gestora vê grande incerteza em relação à solvência de médio prazo do país.

Alguns dos gestores que têm se saído melhor têm apostado contra o real ou mantido exposição a ações nos EUA. No Brasil, as atenções estão voltadas à evolução da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, assim como a recente deterioração do quadro fiscal. Uma das principais preocupações é se o aumento nos gastos públicos — visto como necessário no curto prazo — irá se prolongar por um período maior.

"O mercado ainda acredita que os gastos são temporários, mas a descoordenação política aumenta os riscos de um cenário mais negativo," disse a JGP Asset Management, que tem André Jakurski como sócio-fundador, em carta enviada a clientes.

Embora a maioria das principais gestoras tenha recuperado em abril parte das perdas de maio, os multimercados continuaram a registrar resgates líquidos. Houve uma saída líquida de R$ 13,4 bilhões em abril, depois de uma retirada de R$ 5,1 bilhões em março, segundo dados da Anbima. Ainda assim, os multimercados ainda somam R$ 9 bilhões em captação em 2020.

Veja o que algumas das maiores gestoras de multimercado disseram em suas cartas mensais:

Adam Capital

A firma manteve a estratégia que usou para enfrentar a crise: posição vendida em ações, aposta em um dólar forte e posição aplicada em juros reais no Brasil. País enfrentará um aumento significativo no desemprego e lida com conflitos internos, sobretudo na esfera política, tornando o cenário ainda mais desafiador.

  • Fundo Adam Macro II FIC em abril: + 0,07%; acumulado do ano: + 3,73%

Bahia Asset Management

Brasil está "mal posicionado", considerando o baixo crescimento, alto endividamento público e as decisões difíceis que terão que ser tomadas em um contexto de maior desemprego. Impeachment do presidente Jair Bolsonaro não parece alternativa provável, mas a fraqueza política significa que os gastos públicos serão afetados em busca de apoio.

  • Fundo Bahia AM Marau FIC em abril: + 0,03%; acumulado do ano: -7,75%

JGP Asset Management

O fundo Strategy, da JGP, seguiu com uma das melhores performances em meio à crise, em parte devido a posições aplicadas no meio da curva de juros local e compradas em dólar contra o real. A gestora atribuiu parte do recente fraco desempenho do real às turbulências políticas no cenário doméstico.

  • Fundo JGP Strategy FIC em abril: + 1,56%; acumulado do ano: + 4,63%

Kapitalo

O risco de uma crise fiscal no Brasil não é desprezível, limitando o espaço para afrouxamento adicional da política monetária. A firma manteve uma posição aplicada em juros reais no Brasil e abriu posições vendidas em índices globais de ações.

  • Fundo Kapitalo Kappa em abril: + 1,40%, no acumulado do ano: -7,21%

Legacy Capital

A economia do Brasil deve contrair 7% em 2020 e a popularidade de Jair Bolsonaro será uma variável importante a ser monitorada nos próximos meses. À medida que a recessão se aprofunde, as pressões para mais gastos públicos devem aumentar. A firma pode aumentar sua aposta em ouro e ações nos EUA e manteve posição aplicada em juros no México.

  • Fundo Legacy Capital FIC em abril: + 3,28%, no acumulado do ano -1,64%

SPX Capital

A gestora disse que o ponto de partida frágil do Brasil foi impactado por uma "tempestade perfeita", o que leva a uma grande incerteza sobre a solvência de médio prazo do país. A SPX não tem posições direcionais relevantes em juros e bolsa no Brasil, e segue vendida em moedas de países emergentes. A gestora considera um erro a Selic ficar tão baixa e avalia que o movimento de queda nos juros terá que ser revertido em breve.

  • Fundo SPX Nimitz FIQ em abril: + 1,26%; acumulado no ano: 2,81%

Verde Asset Management

O fundo Verde se recuperou da queda de março e registrou em abril seu maior ganho mensal desde 2009. Maior parte dos ganhos veio de exposição a ações, principalmente nos EUA. Gestora vê "neblina de incertezas" no Brasil, o que dificulta a alocação de capital.

  • Fundo Verde FIC em abril: + 8,61%, no acumulado do ano: -6,76%