Masikryong, a insólita estação de esqui da Coreia do Norte
Andrés Sánchez Braun.
Masikryong (Coreia do Norte), 28 fev (EFE).- Esquiar na Coreia do Norte de Kim Jong-un. Essa é a exótica proposta da estação de Masikryong, com a qual o fechado país quer seduzir o turista estrangeiro e modernizar sua imagem.
Depois quatro horas de viagem por estrada da capital Pyongyang (a 200 quilômetros) se chega a Masikryong, cuja recepção exibe um colorido mapa com suas nove pistas de nível principiante e intermediário e seus quatro montes, enquanto são projetados vídeos sobre a vida e milagres dos líderes da dinastia Kim.
Do lado de fora, dezenas de funcionários (as instalações contam com cerca de 400) varrem com afinco a neve da calçada ao som de marchas militares para que este símbolo do regime comunista esteja impecável ao receber os visitantes, que no ano passado foram aproximadamente 20.000 norte-coreanos e 1.500 estrangeiros.
Os números foram repassados pelo diretor do complexo, An Song-jin, que afirma que as instalações de Masikryong têm capacidade para receber cerca de 1.000 esquiadores diários.
Ao pé da pista, a maioria da centena de usuários que se vê são norte-coreanos principiantes (muitos deles crianças) que desfrutam de um dia de esqui entrecortado pelo tom marcial do documentário que é projetado em um monitor gigante, sobre a construção da estação a cargo do exército.
O tom épico das imagens e o museu anexo se devem ao fato de que as obras duraram menos de um ano, tempo recorde que popularizou no país a expressão de "fazer as coisas na velocidade Masikryong", explicaram à Agência Efe dois guias locais.
Mas, antes de tudo, Masikryong, inaugurada em 2013, é a primeira estação para o grande público na Coreia do Norte (até agora só existia uma pequena no remoto nordeste onde aprenderam a esquiar a maioria dos instrutores).
E, sobretudo, é a primeira que acolhe estrangeiros em um país conhecido por seu sigilo, mas cada vez mais interessado em atrair viajantes estrangeiros.
Jo Kum-ju, norte-coreana de 31 anos, acredita que o lugar pode servir de ponto de encontro entre seus compatriotas, pouco acostumados a tratar com forasteiros, e pessoas de fora da Coreia do Norte.
Segundo fontes da estação, Jo pagou o equivalente a US$ 10 (seriam US$ 100 para um estrangeiro) para alugar a roupa e o equipamento para esquiar durante todo o dia.
Noruegueses, chineses, russos, australianos e franceses passaram por aqui, segundo revela o livro de visitas do hotel, onde a ocupação parece ser baixa (a maioria dos norte-coreanos, como Jo, apenas passa o dia, sem pernoitar) e onde é preciso se esforçar para deparar-se com um estrangeiro.
Mas Werner Huget, empresário alemão que esquia há décadas em países de meio mundo, é a prova de que há gente disposta a pagar um tour (que parte dos US$ 1 mil sem incluir voos à China, de onde se viaja depois a Pyongyang) para viver a insólita experiência de esquiar na Coreia do Norte.
"Está um pouco longe e pode ser que seja um pouco difícil entrar no país, mas a estação está muito boa e é uma boa desculpa para visitá-lo", afirmou.
Os quartos de estilo alpino do único hotel são acolhedoras, cômodos e estão bem equipados.
E antes de tudo, como disse Huget, as pistas estão bem desenhadas, como no caso do traçado que permite esquiar mais de cinco quilômetros desde o ponto mais alto, o cume do monte Daehwabong (1.363 metros).
"Precisamos nos promover mais e romper com a informação negativa sobre nosso país", comentou Ju Jong-hyok, diretor da Korea International Travel Sports Company.
A empresa é uma operadora de turismo norte-coreana que atende turistas de todo o mundo e que oferece, através de agências, pacotes em Masikryong e de trilhas no Monte Kumgang ou ciclismo e estadias em uma residência particular (ao estilo de Cuba) junto ao Monte Chilbo, patrimônio da Unesco.
No entanto, o objetivo por trás da construção destas pistas de esqui não é só atrair turismo estrangeiro, segundo disse à Efe Andray Abrahamian, diretor associado da Choson Exchange, uma ONG que forma norte-coreanos em empreendimento empresarial e política econômica.
"A estação encaixa mais na ideia de construir uma imagem de país mais moderno e desenvolvido com oportunidades de lazer para sua gente", destacou Abrahamian.
Masikryong (Coreia do Norte), 28 fev (EFE).- Esquiar na Coreia do Norte de Kim Jong-un. Essa é a exótica proposta da estação de Masikryong, com a qual o fechado país quer seduzir o turista estrangeiro e modernizar sua imagem.
Depois quatro horas de viagem por estrada da capital Pyongyang (a 200 quilômetros) se chega a Masikryong, cuja recepção exibe um colorido mapa com suas nove pistas de nível principiante e intermediário e seus quatro montes, enquanto são projetados vídeos sobre a vida e milagres dos líderes da dinastia Kim.
Do lado de fora, dezenas de funcionários (as instalações contam com cerca de 400) varrem com afinco a neve da calçada ao som de marchas militares para que este símbolo do regime comunista esteja impecável ao receber os visitantes, que no ano passado foram aproximadamente 20.000 norte-coreanos e 1.500 estrangeiros.
Os números foram repassados pelo diretor do complexo, An Song-jin, que afirma que as instalações de Masikryong têm capacidade para receber cerca de 1.000 esquiadores diários.
Ao pé da pista, a maioria da centena de usuários que se vê são norte-coreanos principiantes (muitos deles crianças) que desfrutam de um dia de esqui entrecortado pelo tom marcial do documentário que é projetado em um monitor gigante, sobre a construção da estação a cargo do exército.
O tom épico das imagens e o museu anexo se devem ao fato de que as obras duraram menos de um ano, tempo recorde que popularizou no país a expressão de "fazer as coisas na velocidade Masikryong", explicaram à Agência Efe dois guias locais.
Mas, antes de tudo, Masikryong, inaugurada em 2013, é a primeira estação para o grande público na Coreia do Norte (até agora só existia uma pequena no remoto nordeste onde aprenderam a esquiar a maioria dos instrutores).
E, sobretudo, é a primeira que acolhe estrangeiros em um país conhecido por seu sigilo, mas cada vez mais interessado em atrair viajantes estrangeiros.
Jo Kum-ju, norte-coreana de 31 anos, acredita que o lugar pode servir de ponto de encontro entre seus compatriotas, pouco acostumados a tratar com forasteiros, e pessoas de fora da Coreia do Norte.
Segundo fontes da estação, Jo pagou o equivalente a US$ 10 (seriam US$ 100 para um estrangeiro) para alugar a roupa e o equipamento para esquiar durante todo o dia.
Noruegueses, chineses, russos, australianos e franceses passaram por aqui, segundo revela o livro de visitas do hotel, onde a ocupação parece ser baixa (a maioria dos norte-coreanos, como Jo, apenas passa o dia, sem pernoitar) e onde é preciso se esforçar para deparar-se com um estrangeiro.
Mas Werner Huget, empresário alemão que esquia há décadas em países de meio mundo, é a prova de que há gente disposta a pagar um tour (que parte dos US$ 1 mil sem incluir voos à China, de onde se viaja depois a Pyongyang) para viver a insólita experiência de esquiar na Coreia do Norte.
"Está um pouco longe e pode ser que seja um pouco difícil entrar no país, mas a estação está muito boa e é uma boa desculpa para visitá-lo", afirmou.
Os quartos de estilo alpino do único hotel são acolhedoras, cômodos e estão bem equipados.
E antes de tudo, como disse Huget, as pistas estão bem desenhadas, como no caso do traçado que permite esquiar mais de cinco quilômetros desde o ponto mais alto, o cume do monte Daehwabong (1.363 metros).
"Precisamos nos promover mais e romper com a informação negativa sobre nosso país", comentou Ju Jong-hyok, diretor da Korea International Travel Sports Company.
A empresa é uma operadora de turismo norte-coreana que atende turistas de todo o mundo e que oferece, através de agências, pacotes em Masikryong e de trilhas no Monte Kumgang ou ciclismo e estadias em uma residência particular (ao estilo de Cuba) junto ao Monte Chilbo, patrimônio da Unesco.
No entanto, o objetivo por trás da construção destas pistas de esqui não é só atrair turismo estrangeiro, segundo disse à Efe Andray Abrahamian, diretor associado da Choson Exchange, uma ONG que forma norte-coreanos em empreendimento empresarial e política econômica.
"A estação encaixa mais na ideia de construir uma imagem de país mais moderno e desenvolvido com oportunidades de lazer para sua gente", destacou Abrahamian.
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