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Argentinos se preparam para inflação e esperam não virar 'nova Grécia'

13/09/2018 22h21

Buenos Aires, 13 set (EFE).- Em um dia em que a inflação registrou a maior alta mensal do ano e o dólar fechou cotado a 40 pesos, dezenas de argentinos que circulavam pelo centro de Buenos Aires nesta quinta-feira expressavam o desejo de o país não ter pela frente o mesmo destino enfrentado pela Grécia nos últimos anos.


"Desejo que não voltemos a viver uma crise como a 2001 porque sofremos muito, não quero que sejamos a Grécia. Quero que sejamos nós quem decidamos nossas próprias políticas", disse à Agência Efe a socióloga Sandra Buccafusca, que trabalha na Secretaria do Trabalho.

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A crise cambial do final de abril fez com que o governo de Mauricio Macri buscasse um empréstimo de US$ 50 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, o peso segue se desvalorizando e a inflação não para de subir.

"Deve haver uma mudança profunda no modelo econômico que está sendo proposto. Não sei se é da vontade dele (Macri), acredito que não", afirmou a socióloga.

No início de setembro, em uma tentativa de atenuar a já reconhecida crise econômica, Macri reduziu o número de ministérios de 19 para dez. Alguns passaram por fusões e outros tiveram o status reduzido para secretarias.

Protestos

As mudanças geraram uma série de protestos. Os sindicatos de Saúde e do Trabalho foram os primeiros a tomar as ruas, o que, para Buccafusca, é a única alternativa para a população argentina.

Além de o dólar ter chegado ao topo nas últimas semanas, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) anunciou nesta quinta-feira que a inflação subiu 3,9% em agosto, a maior alta mensal registrada ao longo de 2018.

"A inflação e a alta do dólar ocorrem porque o governo gasta mais do que recebe. É um círculo vicioso", avaliou o assessor financeiro Alejandro Cervantes, para quem Macri deve fazer mais cortes.

A alta de 3,9% na inflação em agosto superou por pouco o avanço de junho, de 3,7%, o maior até então, o que evidencia uma aceleração dos reajustes dos preços no país.

Dólar em alta

Em paralelo, o dólar acumula uma valorização de 111,6% no mercado local, o que afeta diretamente o bolso dos argentinos.

Um das vítimas é Leandro Díaz, funcionário do serviço de correio da Argentina, que destaca que a inflação e a desvalorização do peso ainda agravam a falta de reajuste dos salários no país.

"Vivemos com um salário congelado que, em pouco menos de uma semana, se desvalorizou pelo menos 30%. Não temos uma instância para negociar com as empresas. Isso nos afeta diretamente porque temos cada vez menos dinheiro no bolso", afirmou Díaz.

A crise, segundo ele, está afetando cada vez mais os mais pobres, que "passam a comer menos carne no país da carne".

"Quem sempre sobrevive é a classe alta", brincou.

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